Comissão do Coronavírus recebe Fundação de Cultura

Para esclarecer dúvidas e questionamentos dos vereadores e dar respostas à população, a Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da Câmara do Recife, recebeu na tarde desta quarta-feira (27), por videoconferência, o Secretário Municipal de Saúde, Jailson Correia, e o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha. A reunião foi conduzida pelo presidente da Comissão Especial, vereador Luiz Eustáquio (PSB), com a participação de diversos parlamentares. Ele ressaltou que, além da grande preocupação com as questões de saúde, é preciso encontrar soluções para a classe artística, que está passando necessidade nesse momento de crise sanitária.

A preocupação dos vereadores  no que se refere à cultura foi com a realização do São João, ainda que virtual,  e com os pagamentos ainda não realizados do carnaval. Melhor ainda. Se há planos de suporte para a classe artística, sem assistência e sem trabalho, como criação de renda mínima, entre outras questões. A reunião foi dividida em blocos de perguntas dos parlamentares e respostas do presidente da Fundação  de Cultura.

Eriberto Rafael (PP) disse que o setor cultural já vinha sofrendo cortes profundos e que aumentaram com a pandemia. O vereador sugeriu que fosse criada uma mesa permanente de diálogo para ouvir os artistas, além da criação de um fundo emergencial para os artistas que estão sem trabalho. Também indagou sobre o pagamento dos cachês do carnaval. Já Ivan Moraes (PSOL) indagou sobre pagamentos atrasados ainda do carnaval, verbas do Fundo Municipal, contratos da Rádio Frei Caneca. Ele também questionou qual o plano da PCR para quando receber a verba do fundo emergencial federal.

Hélio Guabiraba (PSB) também estava preocupado com ao cachês do carnaval. A mesma preocupação foi externada pela vereadora Ana Lúcia (Republicanos) , ressaltando que esse profissionais estão há mais de 60 dias sem trabalhar. Também Romerinho Jatobá (PSB), indagou sobre a existência de plano emergencial para os artistas se apresentarem no São João. Jayme Asfora (Cidadania) quis saber sobre a previsão de pagamento de renda mínima para o setor cultural. Disse que fez solicitação nesse sentido e não obteve resposta.

Almir Fernando (PCdoB) externou preocupação com as quadrilhas que estão ameaçadas de não se apresentarem e sugeriu que Recife tivesse um quadrilhódromo para receber turistas. Michele Collins (PP) lembrou que as festas juninas são patrocinadas por fabricantes de bebidas, por isso estava preocupada com as lives (apresentações ao vivo pela internet), que incentivam as pessoas a beber. Já Aline Mariano (PP) disse ao presidente que foi uma das primeiras a sugerir, através de projeto de lei, as lives só com artistas pernambucanos, mas queria saber se há orçamento, linhas de crédito e fundo para investir no São João, lembrando que a Lei Liberato permite contratações de artistas. Chico Kiko (PP) quis saber se há previsão de retorno das atividades culturais por estar preocupado com a economia da cidade.

Diego Rocha, presidente da Fundação de Cultura, acha importante que o diálogo seja permanente, independente de pandemia, para dar chance deles se colocarem. Disse que o Fundo Emergencial não caberia a ele criar, embora seja favorável, mas que é preciso resolver o que ficou para trás e olhar para a frente. Lembrou que é necessário definir de onde virão os recursos. Disse que os cachês do carnaval estão quase todos pagos, mas que o sistema informatizado criou demora porque os funcionários passaram a trabalhar em casa após o carnaval. “Cerca de 70% foi processado e 55% realizado. A prioridade foi pagar os cachês mais baixos e os da cultura popular”.

Diego Rocha advogou a criação de mecanismos criativos, evitando aglomerações. A Fundação, segundo ele, está buscando patrocinadores e que os editais da Rádio Frei Caneca também sofreram atraso com a pandemia, mas os projetos selecionados em janeiro já estão sendo contratados.  Sobre a realização do São João ainda há indefinições e busca por patrocínio.

O presidente da Fundação frisou que é favorável a criação de renda emergencial, mas que tem de haver a contrapartida do evento. Ele acha que as quadrilhas são o verdadeiro São João com sua manifestação religiosa e cultural. “Dois segmentos serão priorizados como as quadrilhas e o forro Pé de Serra, composto por artistas que ganham pouco. No passado apenas apresentações carnavalescas recebiam subsídios, hoje as quadrilhas recebem”

Diego Rocha salientou que é um sonho da pessoa dele a criação de um quadrilhódromo, mas é preciso local e verbas. Para ele o São João precisa ter esse espaço. Ele também respondeu que é contra a apresentação de  cantores com bebidas, sendo necessário coibir essa prática. Lembrou que no carnaval presencial já é proibido subir nos palcos com bebida alcoólica. Mas ele, reforçou que no momento não há orçamentos para atividades culturais novas. “A prioridade é pagar restos do carnaval e edital da Rádio Frei Caneca”.

 

Em 27.05.2020às 18h00.