Carreras sugere que discussão sobre Carnaval do Recife ocorra em outubro

Na discussão do requerimento 4075/2020, de autoria da vereadora Michele Collins (PP), dirigindo indicação ao prefeito do Recife para não realizar o Carnaval do ano que vem em decorrência do novo coronavírus, o vereador Augusto Carreras (PSB) propôs adiar a discussão por um tempo maior. “Quem sabe possamos realizar esse debate em outubro, quando poderemos ter mais clareza da situação de como estará a pandemia em fevereiro do próximo ano. Sendo assim, poderemos votar essa matéria com mais segurança e decidir se haverá ou não a festa. Mas, resolver isso agora, faltando sete meses para o evento, é temeroso. Portanto, faço apelo à vereadora Michele Collins (PP), que retire a proposta para que adie a discussão”, afirmou, em reunião ordinária da Câmara do Recife realizada na manhã desta terça-feira (4), de forma remota, por videoconferência.

Durante o debate da proposta, Augusto Carreras também se colocou desfavorável ao vereador Ivan Moraes (PSOL), que anteriormente revelou a intenção de pedir vistas do requerimento. “Se nós pedirmos vistas, apenas iremos adiar essa discussão por mais uma semana, que é o tempo regimental dessa matéria. E o requerimento voltará a ser debatido como está sendo hoje”, alertou. Na verdade, o requerimento já está sendo reapresentado.  Na semana passada, ele constava da ordem do dia e naquela ocasião a questão não contou com a unanimidade dos vereadores e terminou recebendo pedido de vistas.

No transcorrer dos discursos de Augusto Carreras, outro vereador, André Régis (PSDB), que pediu aparte, mais uma vez solicitou vistas do mesmo requerimento, associando-se a Ivan Moraes. O texto será rediscutido na próxima semana. “A proposta do vereador Carreras é interessante e é preciso se buscar mais entendimento. Quero registrar, porém, que se ele for votado do jeito que está, serei favorável”, disse. Mais um vereador que pediu aparte foi Jayme Asfora (Cidadania). “Cancelar o Carnaval, puro e simplesmente, como diz o texto do requerimento, é uma temeridade. A realidade pode estar diferente daqui a sete meses, ou, pelo menos, poderemos encontrar uma forma alternativa de realizarmos a festa”, argumentou.

Augusto Carreras disse que o adiamento da discussão permitirá um debate mais amplo com todos os setores da sociedade, para amadurecer a ideia. “Ao final das dicussões, podemos ser até unânimes em favor da suspensão. Mas, é preciso haver esse debate, ou seja, levarmos a decisão para mais adiante”, observou. Ele afirmou, ainda, que compreendia a proposta inicial de Michele Collins, pois a realização de uma festa grandiosa como o Carnaval pode permitir a contaminação pelo coronavírus. “E nesse caso eu sou a favor de que as pessoas fiquem em casa, cumpram o isolamento social. Mas o fato é que está cedo para decidirmos a suspensão da festa”. Para o vereador, Michele Collins também está correta quando raciocina que a Prefeitura do Recife deve suspender o Carnaval porque precisaria de um tempo para se movimentar em busca de patrocínio de empresas privadas para a realização da festa. Se não houver a festa, o poder público já saberia que não dependeria desse patriocínio, “Além disso, é a prefeitura quem dá o licenciamento para a realização dos blocos nas ruas”, observou.

Augusto Carreras lembrou também que o carnaval é uma festa que envolve as iniciativas privadas e públicas e que uma decisão como esta é complexa, podendo acarretar grandes prejuízos financeiros. Outro ponto que ele abordou é que cidades como Rio de Janeiro e São Paulo já tomaram a decisão de suspender a festa do próximo ano. “Mas, vale lembrar que a situação dessas duas cidades é diferente da do Recife. Lá, eles têm escolas de samba, que exigem grandes entendimentos comerciais, grandes patrocínios, venda de ingressos e camarotes. Não é o nosso caso. Nosso carnaval é mais cultural, nasce na rua”, observou.



Em 04.08.2020.