Entraves de funcionamento da Fameg são debatidos na Câmara
Um relatório será elaborado com os resultados da audiência para os ministérios da Educação e da Saúde. Ele vai se juntar a documentos de outras instituições que pedem a volta do funcionamento da faculdade, fechada em 2011, apesar de estar legalizada e vir cumprindo todas as exigências e solicitações de funcionamento do MEC. O clima da audiência pública era de revolta. O plenarinho ficou lotado por estudantes, professores e políticos de Garanhuns. “A existência de uma faculdade de medicina no Agreste, onde os índices do IDH são os menores do país, é uma necessidade inconteste. Foi oportuno o presidente da Câmara Municipal do Recife ter aceito a solicitação dos estudantes, pois esse é um fato de interesse público que merece o apoio de todo o povo pernambucano”, defendeu a vereadora Priscila Krause (DEM).
Vicente André Gomes esclareceu que a discussão promovida pela audiência publica buscava a apuração criteriosa dos fatos ocorridos, dos fatores que precipitaram acontecimentos que resultaram no fechamento do curso em andamento, bem como sugerir resoluções para contribuir com a solução do problema. Um vídeo foi exibido durante a audiência pública comprovando que a Fameg tem condições de infraestrutura física para funcionar até no mesmo dia que o MEC autorizar. O prédio é limpo, tem salas de aula com computadores, laboratórios, corpo docente, funcionários, e até o biotério (local onde ficam cadáveres para aulas práticas dos estudantes). “A Fameg teve a primeira turma em 2008, com parecer do Conselho Estadual de Educação. Quando foi exigida migração do Sistema Estadual para o Federal, em 2011, cumpriu as exigências do edital. Mas foi negado sem esclarecimento pelo MEC”, historiou a diretora jurídica da instituição, Roselene Chaine. Com isso, a faculdade foi fechada, com duas turmas em funcionamento e estudantes que foram aprovados no vestibular, esperando entrar na faculdade. Roselene acrescentou que a Fameg tem parecer da Advocacia Geral da União, favorável para a Fameg passar do Sistema Estadual para o Federal mas, mesmo assim, o MEC não o acolheu. “Existe uma determinação do Supremo, assinada pelo ministro Luiz Fux, mandando a faculdade ser reaberta, decisão que o MEC também não cumpriu”, afirmou.
O secretário Executivo de Articulação Política do Governo do Estado, Ivan Rodrigues, disse que “é dentro do corpo dirigente do país que está a sabotagem contra a Fameg”. Ele disse que o Cremepe, Simepe e “uma entidade de ensino particular também se articulam contra o funcionamento da Fameg”. O prefeito de Garanhuns, Isaías Régis, também presente à audiência pública, disse que no dia 23 terá uma audiência com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem vai pedir a interferência direta na reabertura da Fameg. “Usaremos todas as nossas forças para reabrir a Fameg. As alegações do MEC para não reabrir não tem fundamento”, disse o prefeito. O representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), Paulo Couto, disse que a Fameg cumpriu todas as exigências legais para ser aberta. “Procuramos saber dos procedimentos adotados pela Fameg. Ela sempre teve como norte a legalidade. Não há padrão técnico e compatível para o funcionamento ser negado. Mas, injustificadamente, nos deparamos com essa realidade”, afirmou o advogado.
“Estivemos em Brasília em setembro e falamos com o secretário de Regulação de Ensino Superior (Seres) do MEC, Jorge Messias. Ele disse que o pedido de abertura estava sendo negado porque Garanhuns não estava inserido no Programa Mais Médicos. Mas a Fameg é de 2008 e esse programa do governo Federal é do ano passado. Logo, não precisaria estar incluído nesse programa para ser reaberta”, disse o aluno da primeira turma da Fameg, Antônio Vaz da Costa Coelho, que não fez parte da Mesa, mas esteve na audiência. Ele lembrou que o edital 01/2011, da Seres, autorizou o funcionamento de todas as faculdades que estavam credenciadas no Estado e pediram a migração para o Sistema Federal. “Pelo menos 40 conseguiram a migração e a única que foi excluída foi a Fameg”, disse.
O vereador Alfredo Santana (PRB) participou da audiência, além de outros três vereadores de Garanhuns, inclusive Gercino Filho, que compôs a mesa dos debates. Se a Fameg estivesse funcionando este seria o ano de formatura da primeira turma do curso de medicina.
Em 18.11.2013, às 12h32.