Livro com histórias de vida é lançado no plenarinho da Câmara

A Câmara do Recife colocou o plenarinho à disposição do lançamento. Ficou lotado por militantes da causa LGBT, personagens do livro, além de representantes das secretarias de Desenvolvimento e Empreendedorismo, Meio Ambiente, Direitos Humanos, da Mulher e de Educação. Os exemplares foram distribuídos gratuitamente e haverá novos lançamentos em eventos, escolas e está na programação das comemorações do Dia Nacional da Visibilidade Trans, 29 de janeiro. O livro, com tiragem de 3 mil exemplares, teve o apoio da Companhia Editora de Pernambuco, Cepe, e servirá de material educativo nas escolas municipais. “Este livro responde a algumas inquietações atuais da sociedade quando se fala de travestis e transexuais, falta de oportunidades, exclusão e prostituição. As histórias revelam que, para mudar essa realidade, é preciso investir em educação”, afirma a secretária Ana Rita Suassuna, na apresentação.

“Este livro, apesar de falar de um público específico, coroa de êxito uma política pública priorizada pelo prefeito Geraldo Júlio em prol da cidadania LGBT. Precisamos de um mundo em que as pessoas pensem livremente e aceitem o diferente com base no debate democrático. Ele é muito importante num momento em que a intolerância ganha espaços de poder”, ressaltou o vereador Jayme Asfora. Diversos personagens do livro foram chamados a se apresentar ao público que esteve presente no lançamento. Todos foram unânimes em agradecer pela oportunidade e ressaltaram a importância de o vereador ter aberto uma pauta na Câmara Municipal do Recife para um evento LGBT.

O livro é de autoria de Wellington Bezerra Pastor, que colheu os depoimentos e fez a organização editorial. “Ele foi construído dentro de um programa que teve três etapas. A primeira foi uma exposição sobre a problemática de travestis e pessoas trans, que levamos para escolas, TIP,  praças, shoppins, metrô etc.  A segunda etapa foi levar a discussão para eventos em universidades. O livro é a terceira etapa. “A partir de conversas com travestis e mulheres trans chegamos à conclusão de que, para a sociedade, elas são sinônimo de prostituição. O livro traz histórias de superação, dificuldades dessas pessoas para se inserir no mercado de trabalho e ajudará a desfazer preconceitos”, afirmou. A educadora Rayanne Romanelly disse que estava lisonjeada com a publicação. “Contei minha realidade, o meu dia a dia. Espero que ele possa contribuir para mudar as pessoas, pois há muita distorção sobre nossa realidade”.

O secretário executivo de Direitos Humanos, Paulo Moraes, ressaltou que não podia haver um espaço melhor para o lançamento do livro. “A Câmara é a casa do povo e um espaço de debates democráticos. A questão LGBT é uma luta de toda a sociedade”, disse. Ele assegurou que o livro será usado como material pedagógico nas escolas. “O Estado precisa olhar para todos os cidadãos e criar políticas específicas para todos, tratando todos com igualdade, os diferentes com diferenças. E a questão LGBT é uma das políticas afirmativas que ainda está em déficit no Brasil”, disse. A representantes da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB, Gorete Mendes, disse que a publicação pode dar visibilidade e conhecimento mais aprofundado de “uma realidade triste. A sociedade não tem conhecimento básico sobre o público LGBT”.

O secretário executivo de Esportes da Prefeitura do Recife, Luiz Henrique Lira, afirmou que é grande o preconceito contra a população LGBT, inclusive nos esportes, mas “eu sou um otimista, acredito que as novas gerações podem mudar essa realidade”. Já a secretária da Mulher em exercício, Ceça Costa, elogiou o vereador Jayme Asfora “por ter pautado a Câmara para a discussão de gênero”. E acrescentou: “O retrocesso quer que a gente não discuta esse tema, que é inovador e precioso.  Mas nós vamos discutir. Essa é a orientação do prefeito Geraldo Júlio”.

Em 07.12.16, às 13h30