Situação da educação é debatida em audiência pública

A situação da rede de ensino municipal foi tema de audiência pública realizada na manhã desta terça-feira, 21, no plenarinho da Câmara do Recife. A iniciativa foi da vereadora Aline Mariano (PSDB), que abriu a reunião apresentando um panorama das escolas: “Prédios acabados, portões quebrados, salas sem equipamentos, cadeiras danificadas, bibliotecas obsoletas, banheiros imundos, sem portas e com bacias sanitárias quebradas”, disse. Esses problemas, segundo a vereadora, foram constatados pelo Sindicato dos Professores (Simpere), que elaborou um dossiê apontando as péssimas condições de ensino.

O relatório do Simpere afirma que das 214 escolas municipais e 58 creches, 60 unidades estão com sérios problemas. “São problemas de todas as ordens, desde falta de investimento estruturais, falta de investimentos nos alunos, nos professores e péssimas condições de trabalho. Sem falar nos baixos salários dos professores e falta de realização de concurso público”, afirmou Aline Mariano. O relatório assegura que as redes elétricas de algumas unidades estão danificadas e com vazamento de corrente elétrica. E cita exemplos como as escolas municipais Frei Tadeu Glasner,  Paulo VI, Ana Rosa Falcão e Abílio Gomes.

Outras escolas e creches, disse a vereadora, estão com telhados quebrados e goteiras por toda parte, chegando a ter alagamentos em dias de chuva. A creche Mãezinha do Coque é um exemplo. Ela passou a funcionar em outro endereço porque o prédio estava impraticável. Aline Mariano ainda enumerou várias escolas que suspenderam aula ou estão com a estrutura do prédio comprometida a exemplo de Lutadores do Bem, Josué de Castro, Maestro Nelson Ferreira, Municipal do Leão, Henoch Coutinho. Além dos problemas estruturais, ela também enumerou outros problemas enfrentados nas escolas como a violência e baixa qualidade da merenda escolar.

A secretária de Educação do Recife, Ivone Caetano, apresentou informações que contrastam com as que foram apresentadas. “Para falar da educação e ajudar a resolver os seus problemas, o primeiro passo é conhecê-los”, criticou. Em seguida, ela apresentou slides com um levantamento da própria Secretaria de Educação. “Ao todo são 458 unidades que temos para cuidar, entre escolas, creches e anexos. A falta de estrutura não começou agora. Temos uma herança de décadas”, afirmou. As creches do Recife, segundo ela, acolhem 4.632 crianças, enquanto 11.773 estão matriculadas no pré-escolar, outras 75.968 estão no ensino fundamental e mais 10.941 na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Nos programas específicos, disse a secretária Ivone Caetano, 6.511 jovens estão matriculados no Projovem e 25.523 no profissionalizante. Os estabelecimentos, ao todo, oferecem 3.980 turmas. “68% das salas estão com espaço de acordo com a resolução 14”, afirmou. O município do Recife tem 4.465 professores no ensino fundamental  1 e 738 no ensino fundamental 2, dos quais 968 são novos concursados. “Esta é a gestão que mais contratou concursados”, assegurou. Os salários dos professores, conforme a secretária de Educação, varia de R$ 859,08 (305 professores recebem este valor) a R$ 1.852,00 (1 professor com doutorado recebe este salário).  A grande parte dos proventos está na faixa de R$ 1.294,05 (2530 professores).

Ela ainda enumerou benefícios da atual gestão para os professores como a criação do Centro de Formação Professor Paulo Freire, programa professor@com, tecnologias assistidas, realização do 1º Encontro Municipal de Tecnologias da Educação, concurso público (200 vagas), programa Educação Voz Saudável e programa de Formação Continuada. Ainda de acordo com Ivone Caetano está sendo posto em prática um plano de requalificação das unidades educacionais em 117 escolas e 76 creches, com intervenções de melhoria nas instalações. Ao todo são 72 obras, com previsão orçamentária de cerca de R$ 3 milhões e 62 mil.

A mesa que dirigiu a audiência pública foi formada, além da vereadora Aline Mariano e da secretária Ivone Caetano, dos vereadores Carlos Gueiros (PTB), Josenildo Sinésio (PT), Luiz Eustáquio (PT) e Vera Lopes (PPS); do presidente do Conselho Municipal de Educação, Geraldo Nóbrega; a representante dos diretores das escolas, Ana Lúcia do Rego Ferreira; o representante dos pais de alunos, Josival Alves; o representante do Simpere, Francisco Alexandrino e a presidente da Associação Auxiliar de Desenvolvimento Infantil, Nadilene Pereira Ribeiro.

 O presidente do Conselho Municipal de Educação, Geraldo Nóbrega, reconheceu que é precária a situação do parque escolar do Recife e que está pedindo informações oficiais das escolas à Secretaria de Educação. O dirigente do Simpere, Francisco Alexandrino, reclamou do piso salarial que segundo ele não é pago na integralidade. “Isso não podemos aplaudir”, afirmou. O representante dos pais de alunos, Josival Alves, confirmou que “muita melhorias estão sendo feitas na atual gestão”.  Nadilene Pereira Ribeiro reclamou que a creche onde é professora há cinco anos, a Flor do Bairro, na Guabiraba, “está sucateada e precisa de reformas”. Já a representante dos diretores das escolas, Ana Lúcia do Rego Ferreira, disse que “devemos nos lamentar menos e fazer mais”.

 

 

Em 21.06.2011, às 12h35.