Situação dos habitacionais do Recife é debatida em audiência

Convencida de que a moradia é um dos direitos humanos que mais frequentemente tem sido violado a vereadora Aline Mariano (PSDB) realizou audiência pública para discutir questões referentes à situação dos habitacionais do Recife. Os debates ocorreram na manhã desta quarta-feira, 11, no plenarinho da Câmara Municipal. “O déficit na nossa cidade é alarmante e essa discussão das novas construções e conclusão de habitacionais está na ordem do dia. Já estamos no 12º mês de gestão do prefeito Geraldo Júlio e até agora não houve entrega de nenhuma unidade. No entanto, ele assegurou, na página seis do seu programa de governo, que iria fazer uma abordagem radical nesse setor e até agora, nada. É preciso darmos uma resposta à população”, afirmou a vereadora.

A realização da audiência pública foi precedida por um levantamento realizado pela equipe de Aline Mariano em habitacionais do Recife. O panorama apresentado diz que o conjunto Sérgio Loreto, nos Coelhos, está atrasado, deveria ser entregue desde maio de 2011; o Travessa do Gusmão, em São José, está na mesma situação; o Comunidade do Pilar, cujo primeiro lote deveria estar pronto em maio, foi prorrogado para outubro, e eaté agora não o foi; o Vila Brasil, em Joana Bezerra,  estaria sob a responsabilidade da construtora Edificante, em declaração de falência; Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro, não tem sequer prazo para início de entrega. “Em agosto, o prefeito Geraldo Júlio disse ao site G1 que o déficit no Recife está entre 70 e 80 mil unidades. Mas não há metas para combater o problema”, afirmou Aline Mariano.

O secretário municipal de Habitação, Eduardo Granja, afirmou que o Recife atrai famílias de muitos municípios e que “não se pode pensar numa solução local para esse déficit. É um problema metropolitano e do Estado inteiro. É preciso ter uma solução integral”. Ele também criticou o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal, que prevê a construção de 3 milhões de unidades habitacionais no país. “Esse programa ainda não está funcionando para o Recife. Até as obras que estamos realizando não são com outros recursos”, observou. Ele garantiu que as obras do Conjunto Habitacional Sérgio Loreto, nos Coelhos, estão 80% executadas e que as unidades serão entregues em fevereiro de 2014; e confirmou que o canteiro de obras do Vila Brasil 1, em Joana Bezerra, realmente foi abandonado pela empresa Edificante. “Mas a obra já foi retomada e os operários já estão lá trabalhando”, disse.

A proposta da Prefeitura do Recife, segundo Eduardo Granja, é iniciar e continuar as obras de oito habitacionais:  Vila Brasil 2 (Joana Bezerra),  Vila Independência (Brejo de Beberibe), Espólio de Estevinho (São José), Souza Luna (Afogados), Quadra K e Quadra L (ambos na Imbiribeira), Beirinha (Jiquiá) e Torre de Babel, também conhecido como Vila Esperança, em Tejipió. “Além disso, estamos realizando um amplo programa de regularização fundiária e um importante trabalho de gestão condominial, para garantir a permanência das famílias nos habitacionais”, afirmou. Um levantamento da Empresa de Urbanização do Recife, que executa obras e faz trabalho de acompanhamento sociais em habitacionais, diz que de 1993 a 2012, período que cobre várias gestões, a Prefeitura do Recife construiu 56 habitacionais, totalizando 7.451 unidades.

O diretor de Engenharia da URB, Vicente Perrusi, disse que atualmente está em execução o Casarão do Barbalho, com 384 unidades, sendo 35% das obras concluídas. A previsão de entrega, segundo ele, é outubro do próximo ano. Na Comunidade do Pilar, garantiu o diretor, 32 apartamentos serão entregues até o final do ano. Outros 48 já o foram, anteriormente, totalizando 80 unidades.  Nesse projeto estão previstos 588, mas as obras dependem de entendimentos com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham), pois o local é considerado histórico. “Além disso, está em processo de chamada pública o Conjunto Novo Prado, com previsão de 96 unidades; o de Caranguejo Tabaiares, com 192, está em análise de projeto; e o Lemos Torres, em Casa Forte, com 192, tem previsão de ordem de serviço até o final deste ano através do Programa Minha Casa Minha Vida”, disse.

 

Em 11.12.2013, às 12h40.