Vereadores repercutem pesquisa nacional sobre o crack

Nas capitais do país, 370 mil pessoas são dependentes do crack e 40% delas estão no Nordeste. O tempo médio de uso é de oito anos, com um consumo de 16 pedras por dia. Os dados alarmantes foram trazidos ao plenário da Câmara, na tarde desta segunda-feira, 23, pelos vereadores Luiz Eustáquio (PT) e Michele Collins (PP). Eles repercutiram uma pesquisa sobre o perfil dos usuários feita pela Fundação Oswaldo Cruz, ligada ao Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre drogas, do Ministério da Justiça.

Presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Crack, Luiz Eustáquio lamentou que nas duas capitais mais importantes do Nordeste, Recife e Salvador, exista uma maior resistência de alguns setores que elaboram políticas públicas em abrir o debate com a sociedade. “Talvez essa tribuna esteja sendo insuficiente, mesmo com o apelo frequente dos vereadores e da Comissão. Precisamos de outras formas de vencer porque estamos sem serviço e com poucos atendimentos nos Caps”.

Segundo o parlamentar, não existe lugar de internamento pelo município. “Nós temos seis Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad), que podem internar 284 pessoas, de acordo com a secretaria responsável. Desses, 275 vagas estão ocupadas, ou seja, praticamente não existe nenhuma vaga.  Estamos diante de uma calamidade pública, com 13 mil pessoas doentes e só temos condições de atender pouco menos de 300”. Ele disse que vai encaminhar um pedido de informação à Prefeitura do Recife sobre o valor gasto pelo município no combate às drogas, com os percentuais federais e municipais destinados. “Queremos mesmo, de fato, é tratamento para essas pessoas que tanto precisam”.

Já a vereadora Michele Collins ressaltou que a pesquisa confirma o que ela tem visto, vivido e falado sobre a situação no Recife. “Temos um peso muito maior como legisladores de cobrar e trabalhar para minimizar o sofrimento de muitas famílias”. Ela frisou que os dados revelam ainda um aumento na prostituição, uma vez que 30% das usuárias ouvidas já fizeram sexo para obter a droga. Alertou ainda que 65% dos dependentes não possuem emprego formal e fazem “bicos” para sobreviver. “São pessoas que não teriam condições de pagar um tratamento de seis meses, que custa em torno de 15 mil reais”.

Michele Collins lembrou a necessidade de aprovar o Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional sobre limitação e competências dos poderes e fez um apelo à Prefeitura do Recife e ao Governo do Estado para que promovam mais modalidades de tratamento para os dependentes de drogas, com a inclusão das comunidades terapêuticas.

Para o vereador Henrique Leite (PT), a doença do crack é séria e envolve não apenas o dependente, mas toda a família. “Precisamos de duas ações, o tratamento para os que já são usuários e a prevenção, através de campanha educativa para ensinar a cada criança, jovem e adulto sobre os efeitos e as dificuldades em sair do vício”.

Amaro Cipriano Maguari (PSB) disse que assistiu recentemente a uma palestra do ex-secretário de Segurança da Colômbia, Hugo Aceiro, onde ele falou sobre a importância da união das secretarias e dos governos no combate às drogas. “Hoje aquele país vive uma nova realidade. No Brasil, por exemplo, temos 60 milhões de desempregados entre 18 e 24 anos e precisamos de um grande investimento público financeiro”.

A vereadora Irmã Aimée (PSB) também alertou que o crack é uma epidemia no Recife e em todo o Brasil. “Hoje existe nas melhores famílias alguém que passa por este problema. Por isso, temos um projeto de lei que pede para colocar nas escolas cartazes que mostram os malefícios causados pela droga, porque a prevenção é o melhor caminho”.

Em 23.09.2013, às 18h39.