Câmara debate depressão em audiência pública

Mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Considerado o ‘mal do século’ pela instituição, o transtorno tem sido alvo de debates na Câmara do Recife. Nesta quinta-feira (12), por iniciativa do vereador Hélio Guabiraba (sem partido), a Casa de José Mariano promoveu uma audiência pública sobre o tema ‘Depressão, é preciso prevenir.’

A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza profunda, baixa autoestima e alterações no humor, no sono e no apetite. Pessimismo, apatia, irritabilidade, dificuldade de raciocínio e culpa são frequentes entre as pessoas de deprimidas, que também podem apresentar pensamentos suicidas. Neste mês, celebra-se o Setembro Amarelo, a campanha brasileira de prevenção ao suicídio.

Ao dar início à audiência, Hélio Guabiraba repercutiu dados sobre um relatório da OMS divulgado na última segunda-feira (9). “O novo relatório da Organização Mundial da Saúde mostra que 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo. São mais do que as vítimas de guerra. Isso significa que uma pessoa se mata a cada 40 segundos. O estudo também mostra que 90% dos suicídios podem ser evitados.”

Membro do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP), a psiquiatra Milena Ferreira de França também destacou dados da OMS. Segundo a organização, é estimado que 1,5 milhão de pessoas se suicidem em 2020. “São números alarmantes. A gente precisa divulgar, falar a respeito dos transtornos mentais para diminuir o estigma e ajudar ao máximo as pessoas. A depressão é o transtorno mental que mais precipita o suicídio.”

Representando o Centro de Valorização da Vida (CVV), Antônio Gomes de Lima falou sobre o funcionamento da organização da sociedade civil. A entidade realizou três milhões de atendimento no País nos últimos 12 meses. “O CVV está no Brasil desde 1962. Foi fundada por 17 voluntários e hoje tem três mil. Presta apoio emocional a partir da escuta empática de forma confidencial, sigilosa e gratuita. Hoje, atende no número nacional 188 durante as 24h do dia. As pessoas que nos procuram são pessoas em sofrimento. A depressão é o que mais aparece.”

A gerente de cuidado e acolhimento da Secretaria Executiva Municipal de Política Públicas sobre Drogas, Joana Isabela Alves, tratou da abordagem da pasta para os casos de depressão. “A gente não trata o usuário [de drogas], mas quando identifica o encaminha para a Saúde. Temos um trabalho dentro da secretaria dividido em quatro pilares, e um dele é o Acolhe Vida, que tem o projeto Dialogando. Vamos às instituições, onde tem adolescentes, algumas delas grávidas, que querem tirar a vida. Por meio de um diálogo, isso muda.”

O psicólogo Manoel Ferreira representou na audiência a Gerência de Atenção à Saúde Mental, da Secretaria de Saúde do Recife. De acordo com ele, o município possui 17 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), cinco deles 24h. “A rede é composta não só de CAPS, estendendo essa atenção para o dia a dia da população. Temos um trabalho com o hospital Ulysses Pernambucano, que passa uma relação das pessoas que tentaram o suicídio. Com isso, nos mobilizamos para esses casos. No Distrito 1, já temos um grupo de trabalho, mas o tema também é debatido nos fóruns de Saúde Mental feitos em todos os distritos.”

A representante da Secretaria Municipal de Saúde, Danielle de Cássia, frisou a preocupação do órgão com o problema. “Enquanto Secretaria, reafirmamos essa pauta da depressão e de outros transtornos mentais. A depressão perpassa a saúde básica, é preciso discutir isso desde o território. O agente de saúde é uma peça potente. Reafirmamos a preocupação e o compromisso com o tema da depressão enquanto política pública.”

Em 12.09.2019, às 16h51