Jayme Asfora comemora 40 anos do Centro Josué de Castro

“A fome é fruto do homem e de suas escolhas”, frase de um dos maiores cientistas mundiais, o pernambucano Josué de Castro que colocou o Brasil em evidência ao publicar o livro Geografia da Fome, criou o mapa da desnutrição. Com Sete Palmos de Terra e um Caixão, contou a história do nascimento das Ligas Camponesas. A obra Homens e Caranguejos, inspirou o Movimento Manguebeat, da lama ao caos, de Chico Science. Para homenagear a passagem dos 40 anos de fundação do Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro, referência de luta pela democracia, cidadania e direitos humanos, o vereador Jayme Asfora (sem partido), convocou uma reunião solene realizada na tarde dessa quinta-feira (19), na Câmara do Recife.

Jayme Asfora lembrou um pouco da historia desse Centro, fundado em 1979 por pesquisadores pernambucanos de diversas universidades, com objetivo único de contribuir com a justiça social.  Nesses anos realizou importantes pesquisas e ações. “Nesse momento vivido pelo país é hora de lembrar dos ideais que nortearam a criação do Centro Josué de Castro, fundado por exilados e perseguidos da ditadura, que não aceitavam a falta de democracia. Coincide com o início da volta dos exilados e a redemocratização. Hoje 40 anos depois a democracia brasileira é posta novamente em cheque. Temos 13 milhões de desempregados e o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza está aumentando. O trabalho do Centro está mais vivo que nunca”.

Malaquias Batista Filho, um dos fundadores e ex-presidente do Centro Josué de Castro ressaltou que o Brasil ainda não resgatou a fome e as desigualdades que continuam vivas. “A França reconheceu Josué de Castro como um dos quatro maiores cientistas mundiais, cujo trabalho de pesquisa delineou a fome. Morreu no exílio de depressão por não poder voltar. Um dia após a morte dele, saiu a permissão para que voltasse”. O professor lembrou que Josué de Castro foi criador da merenda escolar, maior programa de alimentação do país e da América Latina, atendendo 37 milhões de crianças. Foi também o criador de restaurantes populares e do Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição, pioneiro da iodação do sal contra o bócio endêmico entre outros trabalhos. “Quero manifestar meu inconformismo com a recente extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar”.

Sérgio Buarque, também um dos fundadores do Centro Josué de Castro, quando ainda estava no exílio em Paris, disse que a maior homenagem que se pode prestar ao Centro é verificar que passados 40 anos ele continua realizando aquilo a que se propôs, que é pensar o desenvolvimento e intervir na formulação de políticas”.

Nanci Lourenço, atual presidente, ressaltou que a resistência fortalece a temperança. “Continuamos a luta em defesa da democracia e princípios constitucionais, garantia ampla ao direito de manifestações. Convocamos os jovens a se engajarem às nossas atividades”. O vereador Chico Kiko (PP), presidiu a reunião solene.

Exposição Josué de Castro, por um mundo sem fome - No salão Nobre da Câmara Municipal do Recife, o Centro promove a exposição Josué de Castro, por um mundo sem fome, com diversos painéis contando a vida e obra do geógrafo. A exposição pode ser visitada até a próxima segunda-feira (23).

 

Em 19.09.2019 às 17h13.