Jayme Asfora debate Empreendimento de Impacto no Parnamirim

Milhares de carros de passeio, centenas de ônibus, motos e bicicletas disputam o espaço no entorno da Praça do Parnamirim, bairro de mesmo nome, fazendo daquela área uma das mais movimentadas da Zona Norte do Recife. Diariamente, ali é ponto de convergência do tráfego de pessoas que se deslocam de Casa Forte, Poço da Panela, Casa Amarela e diversos morros rumo à Avenida Rui Barbosa e ao centro da cidade. Os moradores do bairro estão temendo que o trânsito, que é caótico, possa piorar quando ficar pronto um empreendimento de impacto que está em construção na Rua Desembargador Góes Cavalcante, nº 452, onde funcionará uma unidade do grupo educacional GGE.

Para debater sobre a construção do empreendimento o vereador Jayme Asfora, atualmente sem partido, realizou reunião pública na manhã desta quarta-feira (18), com os moradores da localidade (Grupo Amigos do Parnamirim), os responsáveis pela elaboração do projeto e os gestores e técnicos da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, e da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). “O impacto dessa construção será grande na vizinhança não somente no trânsito, mas também nas questões do saneamento e da drenagem”, alertou o vereador. Segundo ele, os moradores do bairro deram um “belo exemplo de cidadania a se reunirem, formarem um grupo e procurarem o meu mandato para  promover essa discussão. Na verdade, era para a Prefeitura do Recife ter ouvido os moradores antes de autorizar a construção”.

De acordo com o vereador, “o Plano Diretor do Recife, a Lei de Uso do Solo e outras legislações municipais indicam que quando houver um empreendimento de impacto, com previsão de ocupar uma área com mais de 5 mil metros quadrados, a população precisa ser ouvida”. Jayme Asfora entende que o projeto arquitetônico, como foi aprovado, também apresenta inconsistências porque oferece apenas 50 vagas de estacionamento de carro, oito para transporte escolar e 24 para bicicletas. “Pelo que diz a Lei dos 12 Bairros, um empreendimento deve oferecer uma vaga de carro a cada 50 metros quadrados de área construída. No caso do empreendimento, necessitaria de, pelo menos, 150”, afirmou. O vereador disse que a escola está prevista para ter seis pavimentos, e oferecer vagas para 1.229 alunos, contando com 45 professores e 100 funcionários.

O arquiteto do empreendimento, Bruno Ferraz, falou em nome do grupo GGE. Ele alertou que um empreendimento como o do colégio, envolve grandes investimentos e os proprietários têm total interesse de fazer tudo corretamente. “É tanto que o empreendimento já teve dois projetos arquitetônicos para chegar à proposta atual e se for necessário se fazer mais uma alteração, o lugar certo é nesta casa legislativa”. Ele, acrescentou, no entanto, que um projeto desse porte “não pode ser inviabilizado devido somente à questão do trânsito. Há outras questões que precisam ser levadas em conta e uma delas é considerar que o equipamento escola é desejado e necessário para uma cidade”. Ele informou que o projeto começou a sair do papel há dois anos e a previsão é que esteja concluído em 2021. “É n esse ano que o GGE, hoje uma referência do ponto de vista didático,  faz 25 anos de existência”.

O projeto arquitetônico da unidade educacional foi elaborado, segundo Bruno Ferraz, inspirado no modelo “escola pátio”, com espacialidade interna aberta e paisagismo dentro da área. “Ele não foi implantado aleatoriamente, mas numa área escolhida e situado na posição de nascente. Nós também valorizamos a acessibilidade, pois a entrada da escola será por uma rua secundária, a Rua Abraham Lincoln, nº 71, Parnamirim”, disse. A área total tem 6.756 metros quadrados e um bicicletário com previsão para 52 unidades. “Fizemos estudo de impacto no trânsito, baseado em dados de 2014. O horário de entrada no colégio será entre 6h30 e 7h10 enquanto que o horário de pico da Rui Barbosa, que é o ponto de interseção, é das 7h30 às 8h30”, disse.

Bruno Ferraz também argumentou que o processo foi discutido à exaustão pela Prefeitura do Recife. “Foi analisado e reanalisado, inclusive pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU). Antes, passou pelas mãos de muitos especialistas e foi feito por profissionais responsáveis que têm sentimento pela cidade”. A chefe de Licenciamento e Urbanismo da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Lucia Meira, garantiu que antes de o empreendimento de impacto ser aprovado, ele foi publicado no Diario Oficial e em jornais de grande circulação no Recife. “Cumprimos o que a lei determina”, afirmou

Ela disse, ainda, que antes de apresentar o parecer analítico favorável à construção, levou em consideração vários detalhes, inclusive a necessidade de deslocamento a pé. “Houve muita discussão com a CTTU e com o CDU, além de conversas com os empreendedores. Também exigimos que o acesso fosse feito pela via secundária, no caso pela Rua Abraham Lincoln e não pela Rua Desembargador Góes Cavalcante. Eles atenderam à solicitação e também construíram uma baia de embarque e desembarque dentro da área do colégio. A saída é que pode ser feita pela Rua Desembargador Góes Cavalcante”, explicou.

O gestor de Mobilidade Sustentável da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Antônio Henriques, observou que a análise do projeto e a emissão de parecer foram ‘transparentes”. Explicou que, quando um processo de empreendimento de impacto chega ao departamento, “nós consultamos pesquisas, verificamos não somente a base de fluxo de trânsito apresentada na proposta e o comparamos com a realidade atual. Conferimos os dados e os comparamos com as fórmulas científicas. De forma que nosso parecer informa que, do ponto de vista do trânsito,  o empreendimento oferece viabilidade para o local”, disse.

Jayme Asfora informou que pretende tomar duas providências, a partir da reunião pública: uma delas é enviar um ofício, através do gabinete, pedindo as explicações formais da Prefeitura do Recife sobre o empreendimento. E a segunda é a apresentação de um projeto de lei na Câmara Municipal do Recife estabelecendo que, quando um empreendimento de impacto for construído na cidade, a Prefeitura do Recife faça ampla divulgação também nas suas redes sociais.


Em 18.09.2019, às 13h05.