Priscila Krause pede transparência em contratações para carnaval

Na semana em que a Prefeitura do Recife promoveu o lançamento do Carnaval deste ano, a líder da oposição Priscila Krause (DEM) foi à tribuna da Câmara do Recife denunciar falta de transparência na contratação da empresa responsável pela captação de recursos para o maior evento da cidade. Segundo Priscila, o serviço vinha sendo feito por funcionários da Prefeitura, mas, este ano, está nas mãos de uma empresa terceirizada da Bahia, a OCP. Com isto, uma das mudanças na festa teria sido a contratação da cantora Ivete Sangalo como uma das atrações do Baile Municipal.

“Não tenho nada contra Ivete Sangalo, mas tenho muita coisa contra o nosso orçamento de carnaval ser entregue à Bahia”, adiantou. “Os funcionários comissionados que exerciam esta função vinham aumentando os patrocínios a cada ano, mesmo em 2009, quando houve a crise. A Prefeitura agora terceiriza a setores privados um trabalho que o Município vinha fazendo com excelência, que é a captação de recursos”. Segundo a vereadora, a empresa OCP seria ligada ao governador baiano Jaques Wagner, do PT. E os termos da licitação teriam limitado a participação de mais empresas, apenas duas poderiam vencer, uma do Rio de Janeiro e a própria OCP.

Ainda de acordo com Priscila, a Prefeitura do Recife teria recebido só no contrato de exclusividade com uma cervejaria, R$ 2,7 milhões no ano passado. Contrato semelhante rendeu ao município de Olinda R$ 3,1 milhões para o Carnaval de 2011. Com a terceirização do serviço pelo menos 10% do valor total de patrocínios conseguidos serão repassados para a empresa OCP. “Dependendo da cota alcançada este percentual pode chegar a 20%. Se calcularmos uma base de R$ 3 milhões em patrocínio, estaríamos entregando R$ 600 mil nas mãos de uma empresa terceirizada. A pergunta que quero fazer é, por que é necessário fazer isso? Este patrocínio viria de qualquer forma”.

Para Priscila, que não duvida do sucesso do Carnaval do Recife, é preciso apurar os motivos da contratação da empresa. O debate estendeu-se até o fim da tarde, e a vereadora recebeu o aparte de vários parlamentares, entre eles, Aline Mariano (PSDB). “Conheço três empresas que participaram da licitação do Carnaval e é muito estranho que a vencedora seja baiana. Tenho certeza que existe aí algo de muito misterioso”.

Na opinião do vereador da base governista, Jairo Britto (PHS), Priscila Krause estaria irritada por saber da competência com que é feito o carnaval do Recife. “O Municipal é um Baile filantrópico, que precisa de arrecadação para ter receita. Quem passar pelo Hospital Maria Lucinda e vir sua reforma vai saber da importância do baile. Mas para isso não trouxemos só Ivete Sangalo, vêm também pernambucanos como André Rio, Alceu Valença e Almir Rouche, que levam público e aumentam a receita”.

Inácio Neto (PT) reforçou que este ano a intenção da primeira-dama Marília Bezerra é fazer o baile ainda melhor que o do ano passado. “Estamos fazendo um carnaval organizado e com o mesmo investimento do ano passado, que já foi reduzido. Para atrair os turistas, o roteiro foi entregue um mês antes do evento, que contará com grandes atrações nacionais. Isto é um carnaval popular, que abre espaço também para os mais carentes”.

Em resposta às acusações de Priscila sobre a empresa OCP ser ligada ao governador petista, o vereador Luiz Eustáquio (PT) pediu provas. “O que dizemos na tribuna deve ser baseado na verdade, em provas concretas, não naquilo que a gente subentende. Vou pedir desculpa à vereadora se isto se confirmar. Caso contrário, acho que não podemos fazer juízo de valor de algo que não aconteceu. É preciso esperar a atuação da empresa, ver se vai chegar menos dinheiro que no ano passado, e aí sim orientar o prefeito a não renovar o contrato”.

Priscila repetiu a afirmação, mas não pretende trazer provas a público. “Não vou cair nesta armadilha e abrir mão da minha imunidade parlamentar. O ônus da prova cabe a quem duvidar do que eu digo. Não vou, sem necessidade, colocar em risco minha integridade física quando o que está em questão, de fato, é a falta de transparência com o dinheiro público”.

O vereador Maré Malta (PPS) ressaltou o apoio à Priscila e lembrou que a Prefeitura deve ser punida caso haja alguma irregularidade na contratação da empresa. “Estou com você nesta luta por transparência e pela melhor aplicação do dinheiro público no Carnaval do Recife”.