Audiência pública discute preparação do Recife para o inverno

Todos os convidados da Comissão de Obras e Planejamento Urbano da Câmara Municipal do Recife, para a audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (6), no plenarinho, insistiram numa mesma teoria. Sem a participação efetiva do povo, as ações dos órgãos públicos para prevenção dos acidentes causados pelos alagamentos e deslizamentos de barreiras nas áreas de morro do Recife são inúteis. Segundo eles, a população agrava a situação das áreas de risco porque joga lixo doméstico nos rios e canais, faz cortes irregulares de barreiras e entope calhas e canaletas.

Representantes de diversas associações de moradores estiveram presentes à audiência que teve como tema: “Ações de prevenção e contingência nas áreas de risco de inundação e deslizamento de encostas no Recife”. “Somos uma cidade traumatizada pelas enchentes e deslizamentos ocorridos em épocas passadas. Mas graças aos investimentos e a uma atenção dada pelo governo municipal, nas últimas décadas esse assunto é  tratado como prioridade, haja vista os investimentos da Prefeitura do Recife no Projeto Operação Inverno 2010”, ressaltou o presidente da Comissão de Obras, vereador Aerto Luna (PRP). O vice-presidente, vereador Estefano Barbosa Menudo (PHS) acrescentou que há um mês a comissão vem discutindo o tema. “Esta Casa legislativa não poderia ficar de fora de um problema como este, esperando que a fatalidade nos pegue de surpresa”.

Estiveram presentes os vereadores Marcos di Bria (PTC), Gilberto Alves (PTN) e Amaro Cipriano Maguari (PDT). A mesa foi composta por representantes de Secretarias Municipais, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O meteorologista Raimundo Jaildo dos Santos alertou que a previsão para o próximo inverno é de chuvas acima da média. “Recife é a capital onde mais chove na região Nordeste. Nosso vizinho é o oceano que contribui para isso. Portanto, precisamos estar sempre alerta”, orientou Santos.

A coordenadora da Codecir, Andréia Gouveia, informou que a partir das vistorias e monitoramentos é criado um banco de dados para enfrentar o inverno. “Reunimos informações e também orientamos a população de porta em porta distribuindo panfletos, cartilhas sobre o que deve ou não ser feito e como procurar ajuda em situações emergenciais”.

O representante da Emlurb, Antônio Valdo, disse que o Recife tem 218 km² de área, 106 km de canais e um milhão de metros lineares de galerias e canaletas. Mesmo assim, afirmou, a cidade não dá conta da drenagem das águas. “A ocupação ocorreu de forma desordenada. Os morros têm pequenos elementos de drenagem e muitas barreiras foram ocupadas. Este ano, a Emlurb fez investimentos de R$ 9 milhões e 120 mil em sistema de microdrenagem. Dos resíduos retirados dos canais, 60% era lixo domiciliar. Após 15 dias da ação da Emlurb, já havia lixo novamente. Se ocorrer uma chuva de 80 milímetros, durante todo o dia, o Recife suporta. Mas se essa quantidade cair em pouco tempo, a situação fica complicada”, disse.

O representante da Polícia Militar, Major Ailton Araújo, disse que a corporação montou um Plano de Chamada, que consiste num banco de dados, nos cinco batalhões de polícia do Recife, para acionar os militares que estiverem de folga caso ocorra algum acidente. “Estamos prontos para dar segurança e ajudar em abrigos, além de coletar materiais e apoiar outros órgãos envolvidos nas operações que venham a ser montadas”. Já o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Daniel Ferreira, disse que a corporação está alerta para atuar e ajudar os órgãos municipais e estaduais, se necessário. “Temos a Operação inverno com capacitação do efetivo. Deixamos tudo alinhado. Mas o ideal seria participar de campanhas educativas, para evitar os desastres”.

Em 06.05.10, às 13h35.