Audiência debate a violência contra a mulher

O Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher foi marcado pela realização de uma audiência pública no plenarinho da Câmara, na manhã desta segunda-feira, 25, convocada pela vereadora Isabella de Roldão (PDT). Fizeram parte da mesa de convidados, a vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa; a médica Ana Carolina Azevedo e a Secretária da Mulher da Cidade do Recife, Silvia Cordeiro. A vereadora Michele Collins (PP) também esteve presente.

Ao iniciar o debate, Isabella de Roldão afirmou que o dia 25 de novembro não poderia passar em branco. “O objetivo desta audiência é reafirmar que nós podemos e devemos denunciar situações de violência contra a mulher porque temos obrigação de dar visibilidade às dores ainda vivenciadas por elas no século 21. E essas questões não podem passar em branco porque a nossa luta é para que a cidade seja um espaço igual para homens e mulheres”, disse a vereadora.

 

Apesar de estar em vigor há sete anos, a Lei Maria da Penha, que possibilitou penalidades mais severas para crimes de violência contra a mulher, o número de mortes de mulheres em razão de violência doméstica não foi reduzido. Um estudo apresentado em setembro  pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostra que as taxas de mortalidade foram 5,28 por 100 mil mulheres no período 2001 a 2006. O Ipea estima que teriam ocorrido no país 5,82 óbitos para cada 100 mil mulheres entre 2009 e 2011.

“A condição da mulher ainda é de muita submissão”, ressaltou a vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa. Para ela, muitas mulheres ainda não estão contempladas na luta contra a violência, citando como exemplo as que vivem em situação de clandestinidade em outros países, submetidas à violência e que não podem aparecer para denunciar. Ainda de acordo com o estudo do Ipea, ocorrem em média no país 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia.

 

A psicoterapeuta especializada em saúde da mulher, Ana Carolina Azevedo, propôs que seja realizado, pelo sistema de saúde, um diagnóstico correto para mulheres em situação de violência. A médica disse que essa violência provoca impactos na saúde mental, física, sexual e reprodutiva da mulher, com aumento de casos de abuso de drogas e álcool, ansiedade e depressão, estresse pós-traumático, baixa autoestima, DSTs e Aids, complicações na gravidez, abortos em condições de risco, disfunções sexuais, lesões, incapacidades e doenças psicossomáticas.

 

Ana Carolina Azevedo defendeu que a perspectiva do atendimento deve ser médico-social. “O profissional médico deve informar à mulher sobre direitos e encaminhá-la à rede de apoio social e jurídico, o cuidado deve ser integral, com controle e prevenção. E Para isso será necessário um registro adequado nos prontuários, uma articulação interna e externa e um treinamento e educação continuada”.   

 

Será lançado amanhã, no Museu da Cidade do Recife, o Plano Municipal de Enfrentamento a Violência contra a Mulher. O anúncio foi feito pela Secretária da Mulher da Cidade do Recife, Silvia Cordeiro. Ela explicou que um dos objetivos é descentralizar a ação da Secretaria, com a implantação, até 2016, de seis Centros Municipais da Mulher, um em cada Região Político-Administrativa (RPA) do Recife. O primeiro será em Brasília Teimosa. Também serão instalados mais dois Centros de Referência para acolher, informar, orientar e apoiar a mulher em situação de violência doméstica e sexista. “Vamos dar nossa contribuição mas a sociedade também precisa tomar para si essa luta”, frisou a secretária.

 

Silvia Cordeiro informou ainda que será realizada a campanha “Maria da Penha nas escolas” para que, a partir da educação, a criança tenha a oportunidade de fazer um aprendizado, de ter informações sobre essa questão para que se possa erradicar a violência contra a mulher. “Há 30 anos a gente falava só, hoje tem outras pessoas falando sobre isso em vários ambientes. É discordando, discutindo, propondo coisas novas que iremos  melhorar e aperfeiçoar as políticas públicas voltadas para as mulheres”, finalizou.   

Em 25.11.2013, às 14h20