Câmara discute educação sexual na rede pública de ensino

Um assunto polêmico mobilizou vereadores, professores, pais de alunos e representantes da Secretaria Municipal de Educação do Recife nesta quarta-feira (12). A audiência pública promovida pelo vereador André Ferreira (PMDB) discutiu a educação sexual nas escolas da rede municipal. O ponto central do debate foi o livro “Mamãe como eu nasci?” distribuído pela Secretaria de Educação para alunos do ensino fundamental da rede pública. “A forma como este livro aborda o tema não traz qualquer benefício para as crianças. Ao contrário, mexe com o imaginário de pequenos que ainda não possuem o discernimento para entender as situações ali abordadas”, disse o vereador.

A secretária de Educação em exercício, Ivone Caetano, informou que o livro é referência em educação sexual e foi recomendado pelo MEC. “O livro ensina a criança a viver sua sexualidade de forma saudável e responsável”, justificou. Mas a maioria dos vereadores presentes condenou a distribuição do livro nas escolas. “A Secretaria de Educação deveria ter discutido antes o assunto com os pais e a sociedade. Eu, como pai, entendo que nossas crianças não precisam deste livro em casa”, argumentou o vereador Luiz Eustáquio (PT). Josenildo Sinesio (PT) afirmou ser favorável a educação sexual nas escolas, mas é contra o conteúdo do livro escolhido. “Este é um assunto encerrado, o prefeito João da Costa já determinou o recolhimento do livro, precisamos escolher outras referências”.

Já o vereador Jurandir Liberal (PT) considerou acertada a escolha da Secretaria de Educação e incentivou a discussão, “ou a gente abre o debate para formar a opinião da maioria, ou cada um vai ficar no seu gueto”. A promotora de justiça Katarina Moraes, representante do Ministério Público, defendeu o uso do livro nas escolas. “Há, neste livro, importantes contribuições no combate à pedofilia porque orienta as crianças a não permitir que adultos toquem partes íntimas de seus corpos. A Secretaria está no caminho certo”, opinou a promotora.  Para o vereador Daniel Coelho (PV), a política educacional deve sempre buscar o consenso, “o pai que não tem condições de pagar a mensalidade de uma escola particular é obrigado a matricular o filho na rede pública e deve ter respeitado seus princípios que podem ser liberais ou conservadores”.

Em 12.05.10, às 15h10.