Luiz Eustáquio promove audiência pública sobre shopping popular

Uma debate sobre a construção de shoppings populares no Recife, com boas condições de funcionamento, foi realizado na audiência pública promovida pelo vereador Luiz Eustáquio (PT), na manhã desta segunda-feira, 9, na Câmara Municipal. O plenarinho ficou lotado de ambulantes, que estão mobilizados com o objetivo de implantar os centros populares descentralizados, por entenderem que eles podem reduzir o número de comerciantes informais das ruas e dessa forma contribuir para melhorar a mobilidade urbana.

“Implantar shoppings populares no município do Recife pode contribuir para o desenvolvimento de nossa cidade, principalmente no que trata de geração de emprego, atribuindo assim oportunidades de crescimento da economia popular no município, além de impulsionar o desenvolvimento do turismo”, defendeu o vereador Luiz Eustáquio. Em seu entendimento, construir shoppings populares é uma medida que pode modernizar e qualificar os serviços do mercado informal, ampliando a atenção para este setor que segue em constante desenvolvimento e que necessita de espaço adequado para as vendas.

Luiz Eustáquio disse que em vários estados os shoppings populares já são uma realidade. Um vídeo foi apresentado na audiência pública com fotos desses mercados. “Eles, apresentam boa estrutura de lojas diversificadas para o funcionamento das atividades no local, alguns incluindo áreas amplas de alimentação, existindo toda uma logística de qualidade sobre os serviços fornecidos”, disse o vereador. Fizeram parte dos debates o gerente geral de Operações da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Flávio Romárico; a chefe de Fiscalização e Controle Urbano, Irajacira Beltrão; o presidente do Sindicato do Comércio Informal de Pernambuco, Elias França; a representante do Sistema Fecomércio, Ana Morais; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Severino Souto Alves.

A instalação dos shoppings populares, disse Luiz Eustáquio, vai contribuir para melhorar as condições dos trabalhadores e trabalhadoras do comercio informal, mas também melhorar a economia do Recife e problemas como a mobilidade urbana.  Existem no Recife cerca de 8 mil ambulantes, segundo o diretor do Sintraci, Alexandre Nascimento. “O shopping popular acabará com um problema que é a obrigatoriedade de renovar a licença que somos obrigados a retirar a cada três ou seis meses. Esse é um incômodo que depende de cada gestão na Prefeitura”, disse.

O presidente do Coletivo de Luta Comunitária, Ivonaldo Marques Belloto, disse que os “shoppings populares não vão resolver os problemas dos camelôs, mas contribuirão para melhorar a situação”. Ele acrescentou que, além dos shoppins, a Prefeitura do Recife poderia pensar em quiosques padronizados instalados em vários locais. O representante da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Flávio Romárico, disse que a Prefeitura do Recife concorda com a construção dos shoppings populares. “Nós convergimos para a proposta dos ambulantes. A única diferença é que nós chamamos esses shoppings de centro de comércio”, assinalou.

Ele afirmou que a atual gestão já adquiriu sete terrenos para instalação desses centros comerciais, sendo quatro no centro do Recife, localizados na Rua da Saudade (imóveis de números 105, 129 e 130 e na Rua do Riachuelo, 135). Os outros três estão na Avenida Beberibe (largo de Água fria), em Afogados (antigo Clube do Itaú) e na Rua da Penha, 57. A chefe de Fiscalização e Controle Urbano, Irajacira Beltrão,  acrescentou que a criação desses centros populares, no entanto, não depende só do desejo de instalá-los ou da elaboração de projetos. “Depende de aquisição de imóveis, legalização e pagamento. Muitas vezes pressupõem a negociação com grupos de familiares, que são donos dos imóveis. O processo não é rápido, mas burocrático”, disse.

O presidente do Sintraci, Severino Souto Alves, reconheceu que a Prefeitura do Recife fez as desapropriações de terrenos para construção dos shoppings populares na cidade. Ele, porém, lamentou que “a aquisição foi feita sem um diálogo conosco” e que dos cinco adquiridos no centro (das ruas da Saudade, Riachuelo e também o da Penha), “somente três são bons”. Severino ressaltou que, “sem esse diálogo, vamos cometer os mesmos erros de ano atrás”,. Esse erro, disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista,  José Loureço Custódio, foi a construção do Camelódromo, na década de 1980. “Esse camelódromo acomodou muito ambulante, mas outros ficaram nas ruas do centro”, disse.

A representante da Fecomércio, Ana Morais, afirmou que a construção de shoppings populares é uma iniciativa positiva. “Mas eles precisam de uma estrutura de gestão e de profissionalização. É preciso que esses centros populares partam do princípio de um comércio justo para todos”, disse. Ela lembrou que, em países desenvolvidos, a construção dos shoppings foi solução para comerciantes, lojistas e pedestres. “Mas, antes de serem construídos, precisam de debates que amadureçam as propostas”.

Em 09.06.14 às 14h08.