Vereadores debatem requerimento que pede a remoção de radar eletrônico das grandes vias
O vereador Luiz Eustáquio (PSB) foi o primeiro a levantar a temática. Ele justificou as críticas ao requerimento a partir das mortes registradas no trânsito da cidade. “É muito estranho isso [o requerimento]. A lombada está lá para fiscalizar o infrator, e a gente vai ser contra fiscalizar o infrator? Onde é que isso vai parar? Quando a gente reduz a velocidade, a gente preserva a vida das pessoas. O nosso papel, aqui, é que o trânsito mate as pessoas ou que se tenha segurança para as pessoas?”, questionou.
Em aparte, a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) afirmou que “quando o vereador propõe um requerimento desse, ele vai estar única e exclusivamente beneficiando os que têm carro e que têm grana, porque os trabalhadores e trabalhadoras que andam a pé são os que mais sofrem acidentes no trânsito”.
Foco em campanhas educativas – O autor da proposta, Gilson Machado Filho, afirmou que o seu objetivo com o requerimento é direcionar o foco da questão para a educação dos condutores. Afirmando haver uma “indústria das multas” no Recife, o parlamentar cobrou melhorias na sinalização de tráfego e defendeu, por exemplo, que guardas abordem os motoristas que dirigem em alta velocidade para saber o motivo do excesso antes de aplicar multas. “Não existe a gente ficar multando o cidadão de bem sem ter uma conversa antes, sem ter uma campanha educativa. A gente precisa focar em campanhas educacionais para que o cidadão tenha consciência”.
Os vereadores Rinaldo Junior (PSB) e Carlos Muniz (PSB) falaram em apartes para se opor à ideia do colega. Para Rinaldo Junior, a fiscalização eletrônica reduz mortes no trânsito. “Na Estrada Velha de Água fria, que fica aqui perto da gente, no ano de 2021 as lombadas estavam desligadas por falta de um contrato. No período de janeiro a julho aconteceram quatro mortes fatais. Quando as lombadas foram ligadas, no mesmo período do ano subsequente, zero mortes. Salvamos vidas”, argumentou.
Já Carlos Muniz lembrou que nas vias há um “registro avisando que naquela região a velocidade é controlada”. Além disso indicou haver lacunas na matéria apresentada por Gilson Machado Filho. “Não percebi no seu requerimento o registro das ruas ou das vias que poderia haver essa retirada, como também o estudo que fundamentasse isso”.
Retrocesso - O vereador Júnior de Cleto (PSB) também debateu a matéria e disse que “pensar a cidade é priorizar o mais vulnerável, no caso o pedestre”. Ressaltou que o autor do requerimento 108/2025, vereador Gilson Machado Filho (PL), fala de remoção de radares eletrônicos, na proposição, e não de um pedido para desligá-los. Ao se referir ao requerimento, disse que “ele é um retrocesso daqueles que gritam dizendo que um órgão de trânsito é apenas uma empresa de multa. Por trás da (CTTU) existe uma norma, que é o Código de Trânsito Brasileiro”. Ele destacou que já foi motorista de táxi, kombi e do transporte complementar e por isso sabe o que é trânsito.
O vereador Fabiano Ferraz (PSB) pediu aparte e disse que a CTTU “faz o que precisa ser feito” enquanto autarquia de trânsito urbano. Segundo ele, “só quem sabe o que um acidente de trânsito é quem já perdeu um ente querido. É preciso ver o tanto de infração que se comente [no Recife] e ver que os agentes não notificam a metade do que se comete”.
O vereador Alef Collins (PP), que também pediu aparte, e criticou os parlamentares que chamam de “carrocratas”, aqueles que defendem o desligamento dos radares. Ele lembrou que os radares do trânsito do Recife foram desligados num determinado período do ano passado porque deram problemas. “Não houve essa preocupação quando acabou a licitação, mas agora reaparece a questão da política de multas”.
Já o vereador Eduardo Moura (Novo) enfatizou que o requerimento do vereador Gilson Machado Filho se refere à ‘indústria de multas’ dos radares no Recife. “O requerimento não fala sobre as condições de ruas, de calçadas e de falta de ciclovias e ciclofaixas. Todos os discursos que foram colocados contra a proposição trouxeram a necessidade de uma segurança maior para pedestres e para ciclistas. Eu concordo totalmente e nós, dessa Casa, deveríamos cobrar a Prefeitura para que seja feito isso", afirmou.
Seguridade da vida - A vereadora Kari Santos (PT) também debateu o requerimento de número 108/2025, e enfatizou que os radares eletrônicos são instrumentos que garantem a seguridade da vida das pessoas. “A gente deveria fazer a pergunta aos médicos e enfermeiros do Hospital da Restauração, sobre o que eles acham da proposição, de ver uma Casa desta que quer tirar os radares diante de tantos acidentes que acontecem na cidade. Vários idosos e várias pessoas estão, há anos, esperando por uma cirurgia, mas que não conseguem realizá-la por conta de grandes sinistros que acontecem no trânsito diante do aumento de velocidade”, disse.
Em aparte, o vereador Luiz Eustáquio ressaltou que “a política da nossa sociedade é para os carros”. Ele disse ter apresentado um projeto de lei que pede “os dois lados da via perfeitos para as pessoas andarem”, e questionou se os radares “já estavam ligados quando começaram a aumentar a mortalidade” na cidade. Em seguida, a vereadora Liana Cirne explicou que “carrocracia” é uma expressão utilizada por ciclistas militantes, e que significa “colocar os carros à frente das pessoas, e não significa não poder usar carro”.
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Em 10.02.2025