Câmara rejeita voto de aplausos ao Movimento Brasil Laico
Em seu discurso, Thiago Medina disse ter avaliado como “anticristãos” os conteúdos do Movimento nas redes sociais. “Achando o conteúdo no Instagram, por exemplo, muito me assustou o termo ‘laico’ no nome”, afirmou. “Tudo ali, ou grande parte do seu conteúdo, era ridicularizando cristãos, falando mal de práticas cristãs, falando mal contra dogmas cristãos”.
O parlamentar recebeu apartes dos vereadores Eduardo Moura (Novo) e Tadeu Calheiros (MDB). “Infelizmente, esse movimento confunde essa laicidade e, de fato, ataca, em muitas vezes, não acredito que sempre, as religiões cristãs”, argumentou Moura. “O estado é laico. E o meu posicionamento é que, para que o estado seja laico, ele é imutável. A gente não pode confundir o estado laico com o Movimento Brasil Laico”, ponderou Calheiros. Clique aqui e assista ao pronunciamento do vereador Thiago Medina.
Autora do requerimento em discussão, a vereadora Cida Pedrosa também debateu o tema. “Eu digo que sou comunista de sacristia”, afirmou no começo do seu discurso. E citou diversas atitudes de Jesus Cristo, “símbolo maior de humanidade, que entendia o próximo, lavou os pés dos pobres, acolheu prostitutas e desvalidos, talvez tenha sido o primeiro comunista da História. Ele acreditava no bem comum e na vida para todos”. Em relação ao voto de aplauso para o Movimento Brasil Laico, a vereadora afirmou que “jamais teria trazido um voto de aplauso para uma instituição que não merecesse nosso aplauso”.
Cida Pedrosa explicou que o Movimento Brasil Laico “luta para que o estado não tenha uma religião única”. Segundo a parlamentar, a organização defende que as instituições não tenham, por exemplo, a imagem de Cristo afixada nas paredes. “Se tiver a imagem de Cristo, elas também poderiam ter a imagem de orixás, ou não ter imagem alguma, como os evangélicos pregam. O estado tem que ser isento de religiosidade para acolher democraticamente a todos os que têm crenças e o que não têm”. O Movimento Brasil Laico, de acordo com Cida Pedrosa, criou uma associação nacional e já conta com outras 15 associações estaduais.
O vereador Rinaldo Junior (PSB) pediu aparte e contestou pronunciamentos feitos anteriormente. “O vereador falou que quem é de esquerda, não pode ser cristão. Fiquei surpreso, pensando: será que ele está dizendo que eu não acredito em Jesus? Estou do lado de Dom Helder, de Martin Luther King, de Padre Julio Lancellotti", afirmou. "Jesus foi um dos maiores comunistas que este mundo já teve. Jesus só pregou uma única coisa: o amor. É justamente o que falta à extrema direita”. A vereadora Liana Cirne compartilhou da mesma opinião. “Ele falou inverdades com tanta convicção, que parece substituir o conhecimento. É necessário ter mais conhecimento e menos convicção e ter mais humildade. Muitas vezes quem tem muita convicção abre mãos de estudar e conhecer”. Clique aqui e assista ao pronunciamento da vereadora Cida Pedrosa.
Ao ocupar a tribuna da Câmara para discutir o assunto, o vereador Alef Collins afirmou que iria votar contra a matéria e disse que o Movimento Brasil Laico é contra os intervalos bíblicos. “Eu gostaria de falar aos vereadores cristãos dessa Casa para que nós tenhamos que garantir, sim, a liberdade religiosa de alguém que quer fazer uso da sua fé em um momento em que está no seu intervalo. E esse Movimento Brasil Laico é contra. Então, por isso, eu já vou me adiantar e vou votar contra esse requerimento”.
No aparte, Felipe Alecrim (Novo) disse que também votaria contrário à proposição. “Incorporo ao discurso dizendo que votarei contra esse requerimento e lembro que caminhar na igreja católica e se declarar comunista são coisas completamente antagônicas. A igreja sempre vai defender a justiça social, mas sempre vai condenar qualquer tipo de ideologia que não considere Jesus Cristo como Deus”.
O vereador Luiz Eustáquio também debateu o requerimento e declarou, na tribuna, voto contrário. “Eu conheço um pouco esse Movimento Brasil Laico, e eu sei qual é o lado que eles estão da história. Eles não estão do lado de um país laico, de uma sociedade laica onde o estado não tenha religião. Eles se envolvem para ter um país sem Deus, porque muitos deles não acreditam em Deus. Eu não posso aplaudi-los porque eu acredito em Deus. Eu vivo em um país laico, mas eu não sou laico, eu sou cristão”, disse.
Em aparte, o vereador Gilson Machado Filho (PL) afirmou que o Movimento “busca a laicidade do estado tentando diminuir os cristãos”. Também em aparte, o vereador Gilberto Alves (PRD) disse que “a gente concorda que seja uma realidade [a laicidade], mas também não podemos concordar com movimentos que, em nome da laicidade, desvirtuam do que seria o objeto do estado laico”. Clique aqui e assista ao pronunciamento do vereador Luiz Eustáquio.
Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.
Em 18.03.2024