Reunião pública coloca em debate importância da pista de bicicross da Jaqueira

Desde o dia 10 de março, quatro parques públicos do Recife – Jaqueira, Santana, Apipucos e Dona Lindu – passaram a ser administrados pela iniciativa privada. Dentre as mudanças previstas para ocorrer com o regime de concessão, uma delas tem se destacado como uma das maiores apreensões dos frequentadores da Jaqueira: a extinção da pista de bicicross que fica dentro do parque e abriga um projeto social há cerca de 40 anos. Para tratar desse tema, a Câmara do Recife promoveu nesta terça-feira (1º), por iniciativa da vereadora Jô Cavalcanti (PSOL), uma reunião pública com os principais envolvidos no caso.

Segundo Jô Cavalcanti, o processo de diálogo sobre a modificação foi insatisfatório. De acordo com a parlamentar, que busca tratar da questão com a Prefeitura e com a Procuradoria Geral do Município, é preciso encontrar alternativas adequadas ao problema e alinhar o futuro do parque da Jaqueira à sua função social como espaço público. Arrematada pela empresa Viva Parques do Brasil, a concessão da Jaqueira e dos outros parques vai perdurar por 30 anos.

 “A gente já sabe que houve a concessão dos parques, mas a sociedade civil nos procurou para debater um pouco mais sobre a situação desse local, onde tem um projeto de 40 anos que faz com que pessoas em vulnerabilidade, especialmente a juventude, tenham acesso ao esporte e uma esperança de viver em uma sociedade mais igual”, explicou.

Para o atleta Diego Tarta, a extinção da pista de bicicross significa o apagamento de uma parte da identidade urbana do Recife e de uma história de solidariedade e apoio ao esporte. “Estamos reivindicando, principalmente, a permanência dessa pista, que faz parte da identidade não só do parque, mas do Recife. É uma pista que agrega todos os níveis de atletas e categorias. É uma pista ideal não só para os atletas que são mais experientes, mas também para as crianças, que são iniciantes”, disse. “A gente acredita que a retirada dela é um processo de desvalorização do esporte e das pessoas que vieram antes de nós e lutaram por aquele espaço que está ali há 40 anos”.

O diretor de comunicação da Viva Parques do Brasil, Eduardo Vilas Boas, disse que a proposta da empresa é fazer com que o espaço onde hoje fica a pista de bicicross atenda a uma “demanda plural”. “De forma geral, o projeto dos parques do Recife têm como premissa que os parques sejam ainda mais inclusivos, mais plurais, ainda mais convidativos à população”, afirmou. “Naquele local, a gente tem [planejado] um complexo com quatro quadras esportivas, que é um equipamento de que o parque da Jaqueira ainda não dispõe; a gente tem um anfiteatro, um equipamento cultural de desenvolvimento e difusão de cultura; a gente tem uma área de lazer infantil; e uma área de alimentação que ocupa menos de 20% daquele espaço”.

A gerente-geral da secretaria-executiva de Parcerias Estratégicas da Prefeitura do Recife, Mariana Arnaud, também saiu em defesa do projeto. De acordo com ela, o ciclismo continuará tendo espaço na Jaqueira com a criação de uma pista de pump track, uma modalidade diferente de esporte. Ainda nesse sentido, está prevista a reforma e ampliação da pista de bicicross do Parque Santana. “É bom frisar que os parques, em que pese a presença do contrato de concessão, continuarão sendo públicos. E que a Prefeitura continuará fiscalizando os serviços prestados dentro do parque”, garantiu.

A representante da Ameciclo, Bárbara Barbosa, e a promotora de Justiça, Fernanda Fonseca, também participaram da mesa de debates. Atualmente, corre no Ministério Público de Pernambuco um procedimento de investigação sobre o caso.

Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.

Clique aqui e assista a reunião pública sobre a pista de bicicross do Parque da Jaqueira.

Em 01.04.2025