Saúde no Recife é tema de audiência pública

Na manhã desta quarta-feira (7), foi realizada uma audiência pública para tratar sobre a saúde pública do Recife, no plenarinho da Casa de Jose Mariano. A iniciativa partiu do vereador Felipe Alecrim (Novo) e o evento contou com a presença de parlamentares, representantes de várias entidades como o Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas, grupo Vivendo com Autismo, Associação Brasileira da Síndrome de Williams, além de várias pessoas que também discutiram o assunto.

O vereador Felipe Alecrim relacionou uma série de problemas ao iniciar a audiência pública.“Os dados são preocupantes. Mais de 34 mil usuários deixaram de ser atendidos nas Policlínicas e Unidades de Saúde da Família, nos primeiros quatro meses desse ano. São milhares de cidadãos que enfrentam consultas canceladas, falta de profissionais, ausência de insumos básicos e filas injustas. Quando conseguem chegar ao atendimento, encontram um sistema completamente sobrecarregado", reclamou o parlamentar. "Aproximadamente, 20% da população do Recife está sem cobertura adequada da saúde básica. Não há um cronograma oficial para a construção de novas unidades básicas de saúde e também nomeação de novos profissionais”.

Presentes no evento, os vereadores Eduardo Moura (Novo) e Aleff Collins (PP) debateram a saúde e enalteceram o evento realizado na Câmara do Recife. Moura salientou a importância de ouvir as necessidades das pessoas participantes. "Muito importante a audiência pública para que todos vocês sejam ouvidos. Todos aqui presentes valem muito e a saúde de vocês, e a dos filhos de vocês, também vale muito”, disse Eduardo Moura.

O vereador Aleff Collins enfatizou uma solicitação que fez ao metrô para estender um benefício de passe livre. "Semana passada, eu tive uma reunião com o presidente do metrô nacional sobre as dificuldades que as crianças têm no metrô. Então, eu fiz um pedido para que houvesse uma carteirinha com uma identificação para que as mães, sem os seus filhos, também conseguissem acesso livre para se locomover. Estamos elaborando também um encontro com o Grande Recife”.

Poliana Medeiros, membro da coordenação do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas, disse que as áreas de educação e saúde são as bases de qualquer governo. “A saúde é fundamental para todas as pessoas. Eu sou uma mulher curada da hanseníase e ela é uma doença negligenciada, assim como a Tuberculose, Leishmaniose e Doença de Chagas. E aqui, no Recife, é hiper endêmico para diversas doenças negligenciadas. A gente precisa de curativos especializados e na policlínica Clementino Fraga não tem. Então, os pacientes precisam se deslocar para o Hospital do Idoso que fica na avenida Recife, um lugar distante, ou então a UPA do Arruda. Que também é difícil e longe. Os pacientes vão com os pés feridos nesses lugares. E quando eles voltam, os curativos estão molhados e feridos novamente”.

Mônica de Lucena, mãe atípica e coordenadora do grupo Vivendo com Autismo, exibiu um vídeo com cenas de protestos de mães atípicas que pediam mais cobertura de atendimento aos filhos na rede de saúde municipal.  “Esse grito que foi dado, no dia 26 de fevereiro, vem repercutindo bastante e precisávamos falar. Vamos parar de romantizar o autismo. É necessário tirar do papel e colocar na prática porque estamos cansados. Quem não é visto, não é lembrado". Ela também enalteceu o poder da mobilização das famílias e das audiências públicas. "Audiências públicas são feitas porque lutamos por políticas públicas. Então, se as próprias famílias atípicas não participam, nada sai do papel. A gente precisa, como família atípica, de se reunir, fortalecer e dar as mãos para fazer acontecer. Estamos saturados de levar ‘não’ ”.

Igor Moraes, da Associação Brasileira da Síndrome de Williams, disse que os dados referentes à Síndrome necessitam de identificação prévia da doença e citou números de pacientes que possivelmente teriam no Estado e no Recife. “A Síndrome de Williams é uma doença rara. Pelo conceito médico, seria aquela doença que ocorre a cada 10.000 pessoas. Seria a gente dizer que 194 pessoas têm a Síndrome no Recife e, em Pernambuco, 964. Mas, nós não temos esse número identificado pela negligência na identificação precoce. Em Pernambuco, só temos 18 pessoas identificadas". Ele também sugeriu à Prefeitura a confecção de uma carteira para portadores de doenças raras. " Essa carteira já existe em outros estados da federação e em outros municípios. A carteira pode ter todo o protocolo para aquela doença e isso facilita muito, seja no acesso ao transporte público, como no serviço de saúde.  Então, aqui fica a sugestão para a Prefeitura dar o encaminhamento e também para a Câmara ser pioneira na adoção desse documento”.

Eliz Mendonça, que tem lúpus, disse que o uso do protetor solar é vital para os pacientes. Ela salientou que o produto não é disponibilizado na rede pública. “O paciente que convive com doença de lúpus vive uma batalha interna diariamente. E a gente precisa de medicação e o protetor solar não é fornecido nem pelo Estado, nem pela Prefeitura. O protetor solar serve como um remédio para esses pacientes e se os portadores não fazem uso do protetor, estão colocando a vida em risco porque o sol é um dos maiores agressores a esses pacientes”.

Depois dos debates dos participantes da mesa, o público teve a oportunidade de contribuir com o debate, relatando situações e desafios enfrentados diariamente. Logo após, o vereador Felipe Alecrim destacou a importância da realização do evento e explicou como serão feitos os encaminhamentos a partir da escuta das questões. “O objetivo da audiência pública é a gente aprovar requerimentos cobrando providências à Prefeitura e fazer valer a voz de cada um que teve a oportunidade de trazer aqui uma demanda, uma necessidade ou uma denúncia. Então, a partir dessa audiência, várias fiscalizações vão ser feitas e requerimentos vão ser aprovados na Câmara Municipal do Recife e vocês, obviamente, vão receber as respostas".

Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.

Clique aqui e assista a audiência pública sobre saúde.

Em 07.05.2025