Audiência pública debate a Campanha da Fraternidade: Ecologia Integral
Ao abrir a audiência pública, a vereadora Cida Pedrosa salientou que "a ecologia integral é, antes de tudo, a gente se reconhecer no outro" e que a natureza está interligada ao cuidado do ser humano. "Esta audiência é para refletirmos sobre a Campanha da Fraternidade que, há 61 anos, vem sendo uma força profética da Igreja Católica do Brasil. Este ano, a campanha traz como tema a 'Ecologia Integral', e falar de ecologia integral é entender que tudo está interligado: natureza e ser humano; dança e religião. Porque as coisas se movem de forma dialética e se encontram no tempo da beleza, da bondade e da luta por um mundo melhor. Estamos vivendo diariamente os efeitos da mudança climática e o racismo ambiental assusta muito a gente. Eu moro nos Aflitos e quase nada acontece lá mas, para quem mora nos morros da cidade, nos alagados, na beira do Rio Tejipió, sabe o que é o enfrentamento à mudança climática diariamente".
A mestra e diretora de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Inamara Melo, também chamou a atenção para as reflexões que o enfrentamento da crise social, econômica, política e ambiental também fazem parte do contexto de emergência climática. "Além de uma crise climática, também temos uma crise ética em razão de um modelo de desenvolvimento excludente, desigual, concentrador de renda e que faz com que todos os impactos recaiam naqueles mais frágeis. Nós, que ajudamos a construir a política ambiental no país, temos a clareza de que é preciso resgatar esses valores da cidadania, do humanismo, da solidariedade para que a gente possa construir caminhos e soluções possíveis. Sabemos que não tem solução individual porque é uma agenda global", disse.
"A gente sabe que o nosso país está absolutamente suscetível a vários tipos de desastres. Precisamos muito de iniciativas para a gestão da diminuição do risco climático. Para se ter ideia de alguns dados que a gente trabalha no Ministério do Meio Ambiente, é que dos 5.570 municípios, praticamente 3.700 têm uma capacidade adaptativa baixa ou muito baixa para lidar com os desastres climáticos e grandes vulnerabilidades. O Brasil está entre os países de maior vulnerabilidade da mudança do clima, está entre os dez países com maior número de mortes e perdas econômicas. É fato que temos uma tarefa muito mais desafiadora e o Brasil, hoje, tem tido uma ação robusta para lidar com essa agenda. Estamos trazendo uma ação integrada com os estados e municípios, inclusive dialogando com a cidade do Recife e o estado de Pernambuco pela iniciativa 'Adapta Cidades', e esperamos garantir a integração", detalhou Inamara Melo.
O padre e coordenador das Pastorais Sociais Transformadoras da Arquidiocese de Olinda e Recife, representando Dom Paulo Jackson, arcebispo de Olinda e Recife, Edson André, explicou que o tema da Campanha da Fraternidade deste ano tem como objetivo chamar a sociedade a olhar com mais atenção para os desafios ecológicos que o Brasil enfrenta. "Temos que assumir um novo modo de viver no mundo; um modo mais justo, mais responsável, mais fraterno. Este ano celebramos também o marco importante para a Igreja e para toda a humanidade que são os dez anos da Encíclica Laudato Si' [do Papa Francisco], que nos ensina que tudo está interligado”, disse.
Segundo Edson André, a resposta à campanha precisa ser integral com a justiça, espiritualidade, solidariedade e ação transformadora. “A crise ambiental e a crise social têm a mesma raiz. A lógica do descarte, a indiferença diante do sofrimento humano e da devastação da criação, ao falar de ecologia integral, falamos muito mais do que preservação ambiental, justiça, dignidade de políticas públicas. Estamos falando de moradia, transporte público de qualidade, saneamento básico, segurança alimentar e acesso à água potável. A Campanha da Fraternidade, ao trazer esse tema, quer nos provocar. Não basta cuidar da casa com discursos, é preciso cuidar com gestos concretos, com decisões éticas, com compromisso institucional e comunitário".
Também compuseram a mesa da audiência pública o professor e coordenador do Movimento APA Aldeia/Beberibe, Herbert Tejo, e o pastor Josias Kaeté, do Movimento Nós na Criação. Além disso, houve a participação de militantes do meio ambiente, religiosos, acadêmicos e da sociedade civil, que reforçaram a importância da ecologia e da preservação do meio ambiente, com ênfase no combate ao racismo ambiental.
Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.
Clique aqui e acompanhe a audiência pública Campanha da Fraternidade - Ecologia Integral..
Em 04.06.2025.