Vereadores discordam de requerimento sobre retirada de moradias dos arredores de viaduto
“A gente vive num processo de discussão sobre moradia digna na cidade do Recife e o texto do requerimento fala de retirada e isso me preocupa", salientou a vereadora Jô Cavalcanti. "A proposição não apresenta qualquer compromisso concreto com a política habitacional", lamentou. "Temos uma luta histórica no Recife por políticas efetivas para acabar com a fila de moradias irregulares. A gente sabe que Recife é ainda a segunda cidade mais desigual do Brasil porque ainda acontece esse tipo de situação. E aqui, na capital pernambucana, o risco é legitimar mais remoções forçadas dessas famílias que não têm nem como pagar um aluguel”, explicou a vereadora.
Em aparte, a vereadora Kari Santos destacou que as pessoas "estão lá por uma questão de necessidade" e afirmou que deveria constar no requerimento alternativas de locais de moradia para as famílias que forem removidas. "Então, o que se precisa discutir nesse requerimento é a questão da tratativa referente a esses trabalhadores. A alocação será feita para que local? A gente precisa lutar por moradia popular e muitos desses trabalhadores que ganham salário mínimo não têm condições de pagar aluguel. Esse requerimento não dialoga com as pessoas pobres e periféricas”.
Autor do requerimento, o vereador Gilson Machado Filho defendeu que a cidade “precisa de mais políticas públicas, mais habitacionais” para atender a demanda dos recifenses que vivem em situação de vulnerabilidade social. “Tanto o viaduto da Imbiribeira ou o do Shopping Recife têm um certo problema: as moradias estão em cima de um viaduto que não é para ter nada em cima e a qualquer momento pode ceder", alertou. "A minha preocupação é justamente com as pessoas que estão morando em cima do viaduto, se ele cair, morrem as famílias e morre quem está embaixo passando no carro. A gente tem que ter muito cuidado com isso, por isso elaborei esse requerimento, para fazer um estudo técnico e remover essas pessoas para que sejam colocadas em um habitacional”, afirmou.
Em aparte, a vereadora Cida Pedrosa disse concordar com a acolhida das pessoas em situação de vulnerabilidade no Recife, mas discordar na forma em que a acolhida é sugerida por Gilson Machado Filho. “Nós divergimos em como propomos a acolhida dessas pessoas que precisam de moradia. Elas precisam ser cadastradas, ir para a assistência social saber quem já tem bolsa família, quem não tem, e colocá-las num auxílio aluguel para que elas possam receber depois a sua moradia. Não pode ser simplesmente retirar, porque não é uma política de higienização urbana, é uma política social”.
Também em aparte, o vereador Felipe Alecrim disse que “é uma realidade que toma conta da nossa cidade, especialmente quando a gente fala de pessoas que vivem em situação de rua”. “Cada canto da cidade do Recife que hoje você passa têm pessoas vivendo em situação degradante. Antigamente, elas se concentravam no Centro da cidade, mas hoje temos pessoas vivendo em situação de rua em todos os bairros do Recife, que apresenta um déficit de mais de 50 mil moradias”. Ao final das discussões, a vereadora Kari Santos pediu vista do requerimento para sua análise, adiando assim a votação em plenário.
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Em 17.06.2025