Frente de Inovação Tecnológica realiza reunião pública

A Frente Parlamentar de Inovação Tecnológica, Tecnologia da Informação e Economias Criativa, Compartilhada e Colaborativa (Fitec) da Câmara do Recife realizou reunião pública, na manhã desta segunda-feira (14), para debater o papel da tecnologia e seu impacto sobre as economias criativa, compartilhada e colaborativa, bem como sua repercussão no dia a dia da população. Ela foi realizada com o propósito de promover um debate sobre questões que redefinem a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos e que também interferem diretamente em aspectos sociais, culturais e econômicos da sociedade contemporânea.

A Frente Parlamentar é representada pelo vereador Zé Neto (PSB), que conduziu a reunião. Participaram do evento, o vereador Samuel Salazar (MDB); os secretários municipais da Transformação Digital (SECTI), Rafael Cunha; e de Desenvolvimento Econômico (SDEC), Carlos Andrade Lima; os presidentes da Empresa Municipal de Informática (Emprel), Bernardo D’Almeida; e do Porto digital, Pierre Lucena; além do coordenador da pós-graduação em Indústrias Criativas da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), João Guilherme Peixoto.

O vereador Zé Neto fez uma apresentação de slides sobre a Fitec. “Neste meu segundo mandato, tive oportunidade de aprovar este projeto de criação da Frente. Já fizemos a primeira reunião de instalação e agora realizamos esta audiência pública, para ouvir o segmento e trocar informação”. Ele contou que a Frente foi instalada em maio deste ano e levou em conta que o Recife tem uma vocação consolidada na área da tecnologia e da inovação, pois ocupa uma das primeiras posições no ambiente das startups. “Nossa Frente é composta por mim, Samuel Salazar, e pelos vereadores Alef Collins (PP), Cida Pedrosa (PCdoB), Felipe Francismar (PSB), Osmar Ricardo (PT) e Rodrigo Coutinho (Republicanos)”.

Ele disse, ainda, que o colegiado visa estabelecer uma interlocução com os vários setores da sociedade civil para construção de políticas públicas que atendam à população do Recife no que se refere à inovação tecnológica, tecnologia da informação e economia criativa, colaborativa e compartilhada; além de propor e analisar proposições e programas que disciplinem políticas públicas nas áreas que a Frente atua, entre outras. “Tudo o que construímos foi feito a várias mãos. A nossa ideia é fazer um diálogo para unir forças e promover um amplo debate. Esta é a forma de aproximar a Casa de José Mariano da área de inovação”, disse.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico (SDEC), Carlos Andrade Lima, foi o primeiro convidado a se apresentar. Ele falou sobre economia criativa e tecnologia como instrumento na melhoria do desempenho do negócio. Citou os programas que foram desenvolvidos pela gestão pública municipal como Recife Criativo, para fomento da economia criativa. “O Sebrae tem sido um grande parceiro”. Falou sobre um software de gestão integrada, que é o Gestor, para atender quem está na informalidade. “Ele seria caríssimo, mas a Prefeitura fornece essa ferramenta de forma gratuita, através do Conecta”, observou.

Outro exemplo que ele expôs foi o Salto Tecnológico, outro programa que tem assistência do Sebrae, com patrocínio da Prefeitura para atender os pequenos negócios “Esse programa permite que as vendas sejam realizadas de forma online e também ajuda as empresas a fazer marketing digital”. Ainda no campo da economia criativa, citou o programa Recife Film Commission, que desburocratiza as iniciativas para o setor, favorecendo a indústria audiovisual. “Quando criatividade e tecnologia caminham juntos o resultado não é só inovação, mas desenvolvimento econômico, com identidade, propósito e futuro”, observou.

O secretário municipal da Transformação Digital (SECTI), Rafael Cunha, falou em seguida. Ele disse que a pasta tem dois segmentos de atuação, sendo um deles o uso do digital para simplificar o acesso do cidadão ao serviço público. “Usamos a tecnologia para promover as pessoas, utilizando o digital para isso”, disse. O outro são as políticas públicas de ciências, tecnologia e inovação. “Nesse ponto, temos feito um papel de formação profissional em tecnologia, estreitando laços com a academia, o interesse em empreender em inovação, e em desenvolver novos negócios dentro do ecossistema da tecnologia. Também contratamos startups, fomentando a inovação da informação e tecnologia como estratégia de negócio”, disse.

O propósito da Secretaria, segundo ele, é simplificar o acesso aos serviços; promover as pessoas, levando em consideração “que o cidadão é um sócio da Prefeitura”; e utilizar o cuidado para as pessoas. Ele trouxe vários dados do programa Go Recife, que levam em conta os propósitos, e que até abril recebeu cerca de 165 mil currículos; atendeu a 3.215 pequenas empresas; encaminhou cerca de 110 mil pessoas para empregos, com salários de R$ 2 mil. “Dentro da lógica do Go Recife criamos o Go Mei”, disse. O Go Mei, em oito meses, cadastrou cerca de 11.500 empresas individuais, e deu oportunidades a 227 microempresas. “O Recife virou referência e o Governo Federal adotou como programa”, disse.

Outro exemplo, disse Rafael Cunha, que utiliza os processos digitais, são o Credpop, Embarque Digital, e o Eita! Recife. Ao final da apresentação do secretário, o vereador Samuel Salazar disse que todos esses programas “foram viabilizados através do trabalho dos vereadores”.

Recife criativo – O presidente da Empresa Municipal de Informática (Emprel), Bernardo D’Almeida, disse que o Recife “é muito criativo”, inclusive na criação de memes. “Criatividade não falta no Recife. E temos muito a colaborar”, disse. Ele colocou à disposição programas que substituem os antivírus, criados pela Emprel, como o ADR, XDR. O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, falou em seguida. Ele disse que “o ambiente de inovação não surge do nada, mas se constrói. A história tem mostrado que os ambientes (de negócio) têm se colocado como indicador importante", disse. 

“Um estudo recente mostra que o Recife tem crescido cerca de 3% ao ano, nos últimos dois anos, na geração de empregos. O setor de tecnologia cresceu mais de 10%. Foi a cidade do Brasil que mais cresceu. Mas isso só tem ocorrido onde tem um ambiente formatado. O Rio e São Paulo estão abaixo”, disse.

Pierre Lucena explicou que foi dentro de um cenário de construção que o Porto Digital nasceu, a partir de legislações, de políticas públicas municipais fomentadas pelo Governo do Estado. “Foi nessa construção coletiva que o Porto nasceu. Começou com 56 pessoas e hoje agrega cerca de 21 mil pessoas, 475 empresas até o ano passado, e um faturamento de cerca de R$ 6 bilhões para a cidade. Ao longo do tempo a política pública foi se consolidando. A partir de agora falar de tecnologia e economia criativa é praticamente a mesma coisa. Isso tende a ficar cada vez maior ao longo do tempo”.

Ele acrescentou que quando se observa o ambiente de negócio, território e a formação, a Câmara Municipal do Recife pode ajudar mantendo o ambiente de regulação econômica sempre atrativo. “O Bairro do Recife, como ambiente, precisa de muita atenção. Precisa estar com controle urbano, calçadas organizadas, sem problemas urbanos". Ele também lembrou que a reforma tributária, que está para ser votada, acaba com o benefício fiscal que existe para as empresas de tecnologia. “É um desafio muito grande”. 

O coordenador da pós-graduação em Indústrias Criativas da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), João Guilherme Peixoto, foi o último da mesa de debates a falar. “O tema desta reunião exige que precisamos repensar estratégias, serviços, territórios, pessoas, cultura digital. Por isso, eu me questiono: e se pensássemos como ampliar a conexão do setor público, especificamente a Prefeitura, o mercado e a academia a partir do uso consciente de tecnologias para o desenvolvimento de produtos e serviços para sociedade? Por que não poderíamos apostar nessa academia, na universidade, mais perto das soluções que no final das contas melhoram a vida das pessoas?”

Ao apresentar os encaminhamentos, o vereador Zé Neto reforçou que a segunda atividade a ser realizada pela Frente será uma visita ao Porto Digital. "A gente já vai estabelecer a visita para agosto, porque ela é importante diante de tudo o que a gente conversou e ouviu. Eu já me comprometo em fazer o convite ao vice-prefeito da cidade e também secretário de Infraestrutura, para a próxima reunião, que será no Porto Digital. Além disso, eu já me comprometo, o que já tinha sido estabelecido, de que o primeiro projeto de lei que essa Frente vai elaborar será sobre a questão da alfabetização midiática e digital". 

Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.

Clique aqui e acompanhe a reunião pública da Frente de Inovação Tecnológica.

Em 14.07.2025.