Reunião pública debate assédio e adoecimento de bancários
Segundo Liana Cirne, o pedido de reunião pública atende à solicitação do Sindicato dos Bancários, entidade que atua na defesa dos direitos da categoria bancária e na busca por melhores condições de trabalho, assistência e saúde para os profissionais afetados por práticas abusivas e pelo adoecimento decorrente do ambiente laboral. “A realização desta reunião pública é de fundamental importância diante do crescente número de casos de assédio moral e dos altos índices de adoecimento físico e mental entre os trabalhadores do setor bancário em Pernambuco. Trata-se de uma categoria historicamente marcada por metas abusivas, cobranças excessivas, ambientes de trabalho hostis e pressão constante, fatores que contribuem diretamente para o aumento de doenças como ansiedade, depressão, síndrome de Burnout e outros transtornos relacionados ao trabalho”.
Fabiano Moura, presidente do Sindicato dos Bancários, disse que foi realizada uma pesquisa qualitativa e que havia dois grandes desafios. "A sociedade não tem noção do sofrimento que passa os trabalhadores bancários e é preciso tirar da invisibilidade esse problema. Esse é o primeiro desafio. O segundo seria provocar os bancos para que eles reconheçam que o ambiente de trabalho é um ambiente que adoece”.
Alan Patrício, secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários, citou dados sobre doenças que vêm atingindo os trabalhadores das agências bancárias e lamentou a situação. “Essa forma da ‘gestão do medo’ para atingir os resultados, o capitalismo se apropriou e todos os trabalhadores que têm como gestão essa prática nociva, estão adoecendo e pedindo socorro às entidades que os defendem, ao Ministério Público, à Casa de José Mariano e à Assembleia Legislativa. É triste ver uma categoria com 6.500 membros, onde 10% estão afastados e 40% estão doentes”.
Bethânia Montarroios, diretora executiva do Sindicato dos Bancários, frisou que a saúde da categoria bancária encontra-se num colapso silencioso. “É por isso que a gente precisou jogar luz a essa questão. É preciso chamar atenção e denunciar. O adoecimento físico e psíquico dos bancários atingem a todos, não tem distinção de nível hierárquico, de gênero e atingem bancos públicos e privados. As metas são abusivas, inatingíveis e são ameaças constantes”.
Marcos Levay, cientista político e coordenador do estudo que resultou no dossiê “Saúde da categoria bancária de Pernambuco em estado de emergência”, detalhou o relatório ao público presente. Ele disse que o tema de adoecimento bancário não era recente e que os sofrimentos nos bancos públicos e privados são semelhantes. “Desde o início dos anos 2000, pesquisadores e entidades sindicais já apontam que o adoecimento bancário tem aumentado em nível nacional. Entrevistamos trabalhadores dos bancos público e privado e a gente observa como resultado que não há muita diferença entre o setor público e privado, no que se diz respeito ao assédio moral sofrido e os níveis de adoecimento. No banco público, o medo é pela perda do cargo, pela perda da comissão ou de algum adicional. No banco privado, a questão é a demissão. Estamos adoecidos por fora, por dentro e vivendo uma situação extremamente grave”.
Paulo Rocha, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE), observou que as agências bancárias têm menos movimento, mas que as metas não diminuem. “A gente tem agências esvaziadas e dessa forma estimula tudo a ser feito on-line e no aplicativo do celular. Porém, as metas não são retiradas. É diminuído o número de funcionários e funcionárias. As cobranças do lucro e das metas são as mesmas e isso implica num adoecimento muito maior. É preciso criar políticas públicas para garantir a sobrevivência da população. Inclusive, políticas públicas que garantam que uma pessoa adoecida não precise ir trabalhar, como a gente tem visto em várias categorias”.
Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.
Clique aqui e assista a reunião pública sobre assédio e adoecimentos da categoria bancária.
Em 11.08.2025