Arte na rua e circo no Recife são temas de audiência

Uma audiência pública tendo como tema “Arte na Rua e O Circo no Recife: a arte nas ruas e a infraestrutura, acesso à educação, saúde e programas sociais para o circo popular” foi realizada no plenarinho, na tarde desta segunda-feira (29), numa iniciativa da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB). Vários artistas, fazedores de cultura e representantes do poder público fizeram parte do debate. “É fundamental sistematizar políticas que reconheçam e garantam condições dignas para a realização de atividades culturais nesses espaços, assegurando sua permanência como parte viva da paisagem e da identidade da cidade”, ressaltou Cida Pedrosa.

Cida Pedrosa pontuou, no início da audiência pública, que o tema do evento é profundo e urgente. Salientou que a arte pulsa nas ruas, praças e parques do Recife e o circo popular, que a gerações encanta crianças e adultos, mistura riso, sonho, crítica social e resistência. “São manifestações que constituem o patrimônio vivo da nossa cidade, que não podem ser vistas apenas como entretenimento, mas como direito cultural e expressão legítima da vida coletiva. Infelizmente, sabemos que esses artistas ainda enfrentam precariedade, falta de infraestrutura adequada, insegurança jurídica e carência de informações mais claras que garantam condições de trabalho. No caso específico do circo popular, estamos falando de famílias inteiras que precisam de acesso à educação para seus filhos, serviços de saúde,  programas sociais que assegurem cidadania e dignidade”.

A parlamentar pontuou os objetivos da audiência e assegurou que era preciso ouvir, propor e construir caminhos coletivos. “Este espaço não é apenas da Câmara Municipal, mas é de cada um e cada uma que faz da rua um palco e do circo, um abrigo de sonhos. É momento de fortalecer a luta para que o Recife seja uma cidade que garanta não apenas espaço, mas também condições de permanência, segurança e valorização para quem vive e respira cultura popular. Que esta audiência seja um passo importante na direção de políticas públicas consistentes, estruturadas e participativas”.

Marta Lima, secretária executiva de Controle Urbano do Recife, falou que a pasta sabe da importância da arte na rua. “É preciso ter um protocolo para que quando acontecer uma apresentação, no Parque da Jaqueira, por exemplo, é importante que a Jaqueira saiba que naquele dia e naquela hora vai ter um artista fazendo aquele tipo de apresentação para que não apareça dois ou três artistas no mesmo dia e hora. Isso a gente evita um possível atrito entre as pessoas”.

Larissa Maynara, assessora especial de planejamento do Centro do Recife (Recentro), ressaltou  é fundamental que o centro abrace a cultura circense. “O centro é cultura. Em cada esquina do nosso centro, a cultura pulsa. Temos o circo, maracatu, a música e a gente tem esses espaços que hoje já são ocupados, mas que precisam de fato serem ordenados e que possamos dar maior liberdade para esse artista e ele saber que pode ter um espaço como um local para ser acolhido”.

Mickael Marvey, ilusionista e representante do circo no Conselho Municipal de Política Cultural e no Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural, disse que há muita dificuldade do circo itinerante ter vez na cidade. “Vocês não sabem a dificuldade que estamos tendo hoje em dia para encontrar qualquer espaço. Eu acho que é de grande urgência encontrar um espaço para o circo itinerante, de preferência circo pequeno, porque é esse que está sofrendo mais com o avanço da tecnologia já que a estrutura de um circo pequeno não chama tanta atenção quando chega na cidade. Precisamos de um lugar em que nós sejamos acolhidos”.

Delmar Camilo, artista de rua, sugeriu uma legislação que permita a apresentação de artistas nos espaços públicos. “A minha luta é fazer valer uma Lei, que já existe em outros estados, que garanta que o artista de rua possa chegar no espaço público sem prévia autorização e exercer a sua arte com algumas regras. Por exemplo, não fechar a via pública, não colocar um som gigantesco e não montar um palco grande”.

William Santana, pesquisador e assessor técnico do Centro Carcará, recordou da Lei Municipal Lei 18.073/2014 que garante a liberdade de expressão artística e cultural em espaços públicos, estabelecendo normas gerais sobre as atividades dos artistas de rua na cidade. “A Lei não está implementada e precisa ser revista. E a gente também precisa pensar em políticas públicas para o circo itinerante em relação à saúde, assistência social e a educação. O circo é uma questão transversal que a gente precisa discutir”.

Dado Sodi, artista e assessor da Secretaria de Cultura, ressaltou que a pauta do circo é de extremo valor e que a escuta permitirá construir novas ideias para a cultura circense. “A pauta do circo é muito cara para mim e eu digo sempre que eu não nasci no circo, mas o circo nasceu em mim. Hoje, estou à frente da Mostra do Circo que tem estado cada vez mais próxima de todas essas pautas e essa, de fato, é importantíssima e eu sei que requer um trabalho coletivo por parte da gestão, de vários setores e, também, do coletivo dos artistas para que a gente possa dialogar e construir juntos essas possíveis soluções”.

Ao final do evento, a vereadora Cida Pedrosa sugeriu a criação de um grupo para tratar do protocolo das apresentações dos artistas de rua e dos circos.   

Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.

Clique aqui e assista a  audiência pública:: Arte na rua e o Circo no Recife: a arte nas ruas e a infraestrutura, acesso à educação, saúde e programas sociais para o circo popular, promovida pela vereadora Cida Pedrosa 

Em 29.09.2025