Cultura nas escolas municipais do Recife é tema de reunião pública

Debater como a escola pode ser compreendida como um espaço de formação, fruição e de produção artística e cultural foi o motivo central da discussão abordada na reunião pública, promovida pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), tendo como tema: “A Cultura nas Escolas da Rede Pública do Recife”. Representantes da esfera municipal, associações, organizações estudantis, sociedade civil, professores e alunos marcaram presença no evento realizado na manhã desta sexta-feira (5), no Plenarinho da Casa.

Ao abrir a reunião, a vereadora Cida Pedrosa salientou que, atualmente, o Recife conta com 236 escolas, 56 creches e 48 creches-escola, de acordo com informações da Secretaria de Educação do Recife em 2025, num total de 340 escolas públicas municipais. Segundo a parlamentar, é de extrema importância que ações culturais sejam fomentadas em todas as unidades educacionais, independentemente da região da cidade.

“Imaginem se cada escola pública do Recife fosse reconhecida como sendo um centro de formação cultural, descentralizado, capaz de acolher mestras e mestres da nossa cultura, e de agregar linguagens artísticas diversas, da poesia ao frevo, do maracatu às artes visuais, do teatro às culturas urbanas. Ao integrar ações culturais em todas as escolas, estamos democratizando o acesso à cultura e possibilitando que todos os estudantes e as estudantes, de todas as regiões da cidade, possam ter experiências culturais ricas e transformadoras”, explicou Cida Pedrosa.

Após o discurso da vereadora,  o assessor parlamentar, José Manoel Sobrinho, apresentou a síntese das propostas para a cultura nas escolas. O trabalho foi elaborado durante as plenárias públicas realizadas no ano de 2024.

“Sobre o tema literatura, livro, leitura e biblioteca, por exemplo, a proposta é  de que haja a adoção de livros de escritoras e escritores de Pernambuco nas escolas municipais com recortes de raça, gênero, sexualidade e classe. Em relação ao cordel, podemos defender, junto à Secretaria de Educação do Recife, a realização de um programa de formação e difusão da literatura de cordel. No teatro, podemos requerer à Secretaria de Educação uma agenda permanente para apresentações de teatro e circo nas escolas”, elencou o assessor parlamentar.  

Dirceu Marroquim, secretário executivo da Secretaria de Cultura do Recife, pontuou que o debate era de extrema importância, necessário e que era preciso reconhecer as potencialidades das escolas enquanto espaços pedagógicos. Ele citou que existe um programa chamado EduCultura, que será anunciado pelo prefeito João Campos, visando beneficiar as escolas municipais. Ele detalhou como a pasta vem realizando ações com os fazedores e as fazedoras de cultura nas unidades educacionais.

“O prefeito João Campos anunciou, durante a campanha eleitoral, um programa chamado EduCultura. Está sendo formulado o texto final e, em breve, serão lançados os passos de uma ação que vai levar mestres e mestras para as escolas municipais. Temos feito levantamentos sistematizados com todos os dados que a gente tem de fazedores de cultura cruzados com os dados da rede das escolas municipais. Daí, sabemos onde é que tem fazedor de cultura perto de escola com uma quadra para receber ações durante o final de semana.  A grande questão é a formulação da ação e isso requer um pouco mais de tempo para fazer bem feito”.

Klayton Pimentel, presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES), disse que era preciso garantir que todas as escolas municipais tenham um espaço de debater a cultura. “A biblioteca dessas escolas estaria com um material produzido pelos artistas do nosso município. É um espaço muito importante para que a juventude continue garantindo e preservando a cultura do Recife. É necessária a inclusão dos grêmios estudantis nesse processo porque eles são a voz do estudante, além de garantir debates culturais com particularidade na cultura municipal”.

Aurivânia Farias, diretora de formação do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Pública do Recife (Simpere), propôs a criação de uma Comissão por entender que o debate do tema exige mais tempo de aprofundamento. “É um desafio imenso, não é algo que se discuta em uma hora ou dia. Sugiro que esse assunto se estenda e eu proponho uma Comissão para que a gente possa se debruçar e encontrar caminhos que sejam viáveis. Recife é um celeiro riquíssimo, multicultural, mas que não atende a necessidade de si própria porque é viva e vive se modificando e renovando”.   

Antonieta Trindade, da gerência de formação da Secretaria da Mulher do Recife, destacou que era um grande desafio transformar a escola num instrumento para desenvolver o pensamento crítico. “A escola não pode se limitar ao conhecimento da grade curricular. Os estudantes não podem ter só esse acesso. Eles precisam alargar sua visão do mundo e eu penso que era interessante relatar uma experiência que eu vivi quando assumi, na Secretaria de Cultura do Estado, na gestão de Marcelino Granja, a coordenação de um projeto que tinha como objetivo integrar cultura e educação. Nós levávamos vários escritores e artistas da cultura popular às escolas públicas estaduais”.

Mônica Beltrão, representando a Secretaria de Educação do Recife, ressaltou as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Atividades Culturais (NAC) pensadas coletivamente dialogando com estudantes da rede, professoras da rede gestora, fazedores de cultura das comunidades e representações estudantis. “Temos o projeto Rimas [Respeito, Identidade, Movimento, Arte e Sentido], que é Arte na Primeira Infância, pensado a partir da questão tanto da BNCC [Base Nacional Comum Curricular], como na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), desconstruindo e construindo a arte enquanto respeito, identidade, cidadania e movimento". disse. "O PAC,  é o Programa de Animação Cultural, nascido a partir do fórum de acesso livre dos estudantes. E estamos também propondo, a partir da escuta dos estudantes, o projeto Arte Psicologia em Ação (APA), com o objetivo de observar, de maneira crítica e sensível, o impacto que questões emocionais exercem sobre os comportamentos dos estudantes”.

Após as explanações dos debatedores, a plateia pôde discutir e sugerir ações à mesa. A vereadora Cida Pedrosa disse que um relatório será encaminhado à Prefeitura do Recife, Governo do Estado e entidades. Ela afirmou que o evento serviu como pontapé para futuras ações. “Faremos requerimentos de algumas ações, a exemplo da ausência do apoio para atividade extracurriculares na escola Pedro Augusto e de outras escolas. Assim como ouvimos a sugestão de convidar agremiações nos bairros e outras questões colocadas aqui. Isso é apenas o início de um processo”.  

Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.

Clique aqui e assista a reunião pública sobre a cultura nas escolas da rede pública.

 Em 05.09.2025