Dia Municipal de Luta pelo Feminicídio Zero é aprovado em primeira votação

A Câmara Municipal do Recife aprovou em primeira votação na reunião plenária desta terça-feira (28), o projeto de lei de nº 310/2025, de autoria do vereador Felipe Francismar (PSB), que institui o “Dia Municipal de Luta pelo Feminicídio Zero – Lei Patrícia Wanderley” no Calendário Oficial de Eventos do Município. A data será comemorada no dia 4 de novembro, data marcada pela tragédia que vitimou Patrícia Wanderley. Além do autor, a proposição também foi debatida pelas vereadoras Ana Lúcia (Republicanos) e Natália de Menudo (PSB) e pelos vereadores Alef Collins (PP) e Rodrigo Coutinho (Republicanos), que destacaram a importância da proposição em prol da luta contra o feminicídio.

O projeto de lei aguarda a inclusão na pauta para a segunda votação e, se aprovado, seguirá para a sanção do prefeito João Campos. O vereador Felipe Francismar salientou que a violência contra a mulher "não pode ser mais naturalizada, ignorada e, muito menos, minimizada", e que ela deve ser enfrentada com seriedade e ações concretas. "Esse projeto tem como objetivo criar um marco anual de reflexão e conscientização sobre o feminicídio e todas as formas de violência de gênero. O assassinato de Patrícia Wanderley, uma mulher recifense e cheia de vida foi morta pelo ex-marido, que simulou um acidente de trânsito, arremessando o carro numa árvore. Foi um crime cruel que chocou o Brasil", contou. 

Segundo o parlamentar, a tragédia inspirou um legado de resistência e mobilização no Recife. "A sua amiga [de Patrícia Wanderley] Andréa Rodrigues fundou o Instituto Banco Vermelho, que deu origem à Campanha Feminicídio Zero. Hoje, o banco vermelho está instalado aqui na Câmara Municipal do Recife e em outros locais do Brasil, como símbolo permanente de memória contra o feminicídio zero. Para se ter noção, 90% dos feminicídios são cometidos por homens. Infelizmente, o Recife é a cidade do Nordeste com mais crimes de feminicídio, e Pernambuco é o estado do Nordeste com mais crimes de feminicídio", disse. 

Em aparte, a vereadora Ana Lúcia parabenizou o vereador pela sensibilidade do projeto e pontuou que "essa luta contra o feminicídio não pode ser apenas das mulheres, ela precisa do engajamento de todos os homens" e que "quando a gente traz uma campanha para esta Casa, a gente coloca aqui todas as instituições envolvidas". Também em aparte, o vereador Alef Collins afirmou que, diante de tantos casos de feminicídio que acontecem na cidade e no estado, "um projeto como esse vem para ampliar o debate e ensinar desde criança que é um absurdo o que a gente vem acompanhando. Quanto mais o tempo vai passando, pior fica a situação da criminalidade". 

Ao parabenizar o autor do projeto em aparte, o vereador Rodrigo Coutinho reforçou que "vossa excelência traz acertadamente não só um projeto, mas também a instalação de uma cultura na cidade do Recife para que a gente não só combata o feminicídio, como não aceite que isso ocorra em nenhuma das esferas". Também ao ocupar o microfone de aparte, a vereadora Natália de Menudo ressaltou a importância do tema ser abordado na Câmara do Recife. "Precisamos da união do Legislativo, Executivo e Judiciário. Sabemos que vivemos numa sociedade bastante machista, onde os homens não conseguem entender a vontade e o desejo da mulher, de entender que ela é o que ela quiser ser e que homem nenhum tem o direito de mandar e nem impor algo que a mulher não queira. Que os homens entendam que mulher não é um objeto e que ela tem, sim, os seus direitos dentro de uma sociedade".   

Banco vermelho gigante – Através da união da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara do Recife com o Instituto Banco Vermelho (IBV), com o objetivo de demarcar o apoio do Poder Legislativo municipal à luta pelo fim dos casos de feminicídio no Brasil, foi instalado, no dia 14 de outubro, um banco vermelho gigante dentro do pátio da Casa de José Mariano.  

Fundado em 2023, o Instituto Banco Vermelho atua em todo o país por meio de projetos de prevenção e conscientização, levando o banco gigante como um ícone do movimento. O objeto na cor vermelha simboliza o sangue derramado pelas vítimas de feminicídio e representa a união entre acolhimento e prevenção, funcionando como um convite para sentar e refletir e, também, levantar e agir.

Clique e assista ao pronunciamento do vereador Felipe Francismar com apartes. 

Em 28.10.2025.