A cirurgia bariátrica e as dificuldades de acesso no SUS são debatidas em audiência pública
No início do evento, o vereador Tadeu Calheiros exibiu uma série de slides sobre a temática. No ano de 2022, segundo o parlamentar, cerca de 2,5 bilhões de adultos estavam com sobrepeso e, destes, 890 milhões estavam obesos conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Calheiros também citou dados locais. “Isso representa, respectivamente, 43% e 16% da população mundial, ou seja, quando a gente soma os dois, a gente está falando de mais da metade da população mundial", disse.
"Também, segundo a OMS, desde 1990, a obesidade dobrou entre a população adulta e quadruplicou entre os adolescentes, o que mostra que é um assunto de total interesse de saúde pública", disse. "Conforme dados divulgados pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), no Brasil a obesidade cresceu 72% entre 2006 e 2019. Em nível local, 19,7% dos homens e 23,4% das mulheres recifenses tinham obesidade”, destacou o parlamentar.
Sobre a questão da cirurgia bariátrica, Tadeu Calheiros lamentou um dado em relação à realização de cirurgias e afirmou que a discussão da audiência pública é de extrema importância. “A gente não tem uma cirurgia bariátrica feita fora de Recife, em Pernambuco. Isso é um dado, infelizmente, significativo que a gente precisa trazer ao conhecimento da política. Não tem em nenhum outro município do estado de Pernambuco que faça cirurgia bariátrica pelo SUS. Entre 2011 e 2023, o número total de bariátricas realizadas no Brasil aumentou em 132%, não pelo SUS. Menos de 10% desses procedimentos foram realizados pelo SUS, então por isso a importância dessa discussão”.
Cíntia Leite, jornalista e idealizadora conjunta da audiência pública, disse que a obesidade é um tema que chama a atenção desde o período da sua graduação. Ela citou que o valor da informação é essencial para os cidadãos. “Esse papel de informar corretamente à população é bem importante porque eu digo que informação salva vidas. A partir do momento que a gente traz uma temática como a obesidade, colocando como uma doença crônica, a gente já desperta a atenção da sociedade”.
José Câmara, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica em Pernambuco, disse que a obesidade é uma doença e muitas pessoas não a veem como uma doença. “E essa não percepção é um dos grandes problemas. A obesidade está associada a diversas outras doenças e os estudos mostram que quem tem obesidade tem qualidade de vida extremamente prejudicada e o tempo de vida também. A cirurgia bariátrica deve ser entendida como parte do tratamento da obesidade. O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar é necessária, como nutricionistas e endocrinologistas”.
Renata Cumaru, gerente da Assistência Hospitalar da Secretaria de Saúde do Recife, disse que a pasta tem uma visão diferenciada voltada para a média e alta complexidade e apontou as responsabilidades do município “Toda a parte de exames, consultas e todo o sistema de prevenção. Desde a descoberta do diagnóstico. Há uma parceria com unidades especializadas, são quatro no Estado, e elas são de competência estadual”.
Fernanda Trajano, também representando a Secretaria de Saúde do Recife, disse que desde o ano passado está com processo de inclusão da semaglutida, medicamento injetável ou oral que imita o hormônio GLP-1 e é usado para tratar o diabetes tipo 2 e a obesidade. “Uma ação do município que está em andamento e todo um percurso precisa ser cumprido”.
Também estiveram presentes na audiência: Eraldo Arraes, diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco; Miguel Arcanjo, secretário geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco; Flávio Kremer, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e Álvaro Ferraz, professor e médico que fez uma explanação de imagens sobre o tema.
Encaminhamentos - Após as falas dos componentes da mesa e do público presente, o vereador Tadeu Calheiros citou encaminhamentos: Formação de um grupo de trabalho para coletar os dados apresentados para levar à Secretaria de Saúde do Recife, Secretaria de Saúde de Pernambuco, Ministério Público e Assembleia Legislativa. Fazer visitas em outros estados que estão com números muito à frente do que Pernambuco, como a Paraíba e Alagoas; Fomentar Pernambuco com esses dados para tentar fortalecer os serviços já existentes e fortalecer a cirurgia bariátrica para aqueles que precisam e já têm indicações imediatas.
Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.
Em 10.11.2025