Câmara concede Título de Cidadã do Recife à cantora Bia Marinho

Quando chegou a Olinda, em 1981, vinda de São José do Egito, terra da cantoria de viola, no Sertão do Pajeú, Maria Beatriz Marinho Patriota do Nascimento, conhecida como Bia Marinho, era ainda uma adolescente cheia de sonhos e planos em sua alma de artista. Apaixonou-se pelo Recife. Entre ela e a capital do Estado já se passaram 44 anos de um amor recíproco e de uma troca de experiências, saberes e oportunidades mútuas. No final da tarde e início da noite desta quarta-feira (12), a relação se consolidou com a entrega do Título de Cidadã do Recife, numa solenidade realizada na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Rinaldo Junior (PSB), sob a presidência da vereadora Jô Cavalcanti (PSOL).

Artistas, poetas do Pajeú, amigos, familiares e admiradores de Bia Marinho compareceram à solenidade. A concessão da comenda foi justificada “pelos relevantes serviços prestados à cultura recifense”. Ao fazer o discurso de saudação, o vereador Rinaldo Júnior destacou a importância da homenageada. “A Câmara do Recife faz mais um gol de placa ao entregar esta comenda. Bia Marinho é uma grande artista, uma autêntica representante do Sertão do Pajeú, que empresta a sua arte tanto ao povo do Recife, quanto ao estado de Pernambuco”.

O vereador disse ainda que estava feliz em ter sido o autor da proposição, que recebeu a aprovação unânime em plenário. “Estou feliz de ser autor dessa proposição de entrega do Título de Cidadã à cantora Bia Marinho. Acho até que demorou muito a acontecer a concessão deste título, mas tenho a certeza de que o Recife quis que estivéssemos lado a lado com esta artista gigante. O Recife é uma cidade que ela ama muito e nós recifenses amamos a arte dela. Bia é arte e o Recife é uma cidade que inspira arte.”

Em seu discurso, o vereador também destacou a trajetória de vida da homenageada. Bia Marinho ainda ia fazer 16 anos quando veio do interior, em 1981, para estudar. Morava em Olinda e estudava no Recife. Na volta da escola, a apaixonada pela cidade, sempre dava um jeito de caminhar pelo centro. Para ver a beleza da cidade e especialmente para comer um cachorro-quente da Cascatinha, lanchonete que ficava próximo à Faculdade de Direito do Recife.

Já em 1982, descobriu-se cantora. E fez o seu primeiro show no Recife. Em 1989, gravou o seu primeiro LP, no Estúdio Somax, ao lado de Zeto (disco “Estrada”), em homenagem a Zé Marcolino. Os palcos recifenses projetaram Bia Marinho para todo o estado de Pernambuco, o Nordeste e o Brasil. Sempre em eventos ligados à cultura popular, à poesia, especialmente a cantoria de viola, o seu trabalho começou a ecoar por plateias maiores e mais distantes.

Hoje, mesmo indo muito a São José do Egito por questões familiares, mantém residência própria em Recife, onde realiza toda a sua produção artística e cultural, além de produtora. Coroando essa relação de mais de quatro décadas, Bia Marinho recebeu em 2024 a homenagem do Festival de Literatura Recifense, “A Letra e a Voz”. Este ano, foi escolhida como uma das homenageadas do São João do Recife.

Após o discurso, Rinaldo Junior leu uma mensagem poética da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), que é amiga da homenageada. Em seguida, foi feita a entrega do Título de Cidadã do Recife a Maria Beatriz Marinho Patriota do Nascimento, com a respectiva medalha. Em seguida, Bia Marinho fez o discurso de agradecimentos. “Meu coração está feliz. Está em águas, nessa mistura do Rio Pajeú com o Rio Capibaribe. Eu registro a minha felicidade com a oficialização dessa coisa que já existe entre nós. Essa coisa é antiga, no meu peito, na minha cabeça, na minha vida”, disse.

Bia Marinho destacou que a sua relação de amor com o Recife é muito antiga e de trocas. “Eu tenho a minha arte desenvolvida no Recife. Eu vi crescer a minha arte no Recife. Aqui, nesta cidade, está o meu grande palco. São José do Egito é o meu laboratório. Mas foi a partir do Recife que alcancei todos os palcos. Por isso, só tenho a gradecer. E dizer que este amor é uma constância em minha vida. Hoje, esse amor foi oficializado. Espero que esse amor seja eterno”.

O filho da homenageada, Antônio Marinho, também ocupou a tribuna. Ele começou declamando um poema e falou do sentimento de ver a mãe recebendo o título. “O sentimento, antes de tudo, é de gratidão ao Recife por se deixar ser tão amado ou tão amada por Bia. A Câmara do Recife, em nome do vereador Rinaldo Junior, contou com o endosso do corpo legislativo para conceder a homenagem. É um sentimento de reafirmação e de confirmação de amor”.

Antônio Marinho acrescentou que “o título é importante porque veste institucionalmente esse amor. Mas para quem conhece a história de Bia, sabe que Bia já é do Recife e que o Recife é de Bia. É um amor antigo. É uma troca que toca em nossas vidas [de filhos], pois estamos todos envolvidos. Não sei se o Recife é nosso irmão, irmã, nosso tio, nossa tia, nosso pai ou padrasto. Bia transmite esse amor pelo Recife para nós também. Esse título é um clímax”.

Além do vereador Rinaldo Junior e da vereadora Jô Cavalcanti, a mesa da solenidade foi composta pela cantora Bia Marinho; pelo filho Antônio Marinho; e pelo ex-vereador Ivan Moraes. Os três filhos de Bia Marinho – Antônio, Greg e Miguel – fizeram uma apresentação musical. Bia declamou um poema que fez para o Recife. No final, a vereadora Jô Cavalcanti  convidou a todos os presentes para, de pé, acompanharem o Hino da Cidade do Recife.

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Em 12.11.2025.