Audiência pública discute direitos das meninas adolescentes do Recife
Na ocasião, o manifesto com as reivindicações do projeto foi lido e discutido pelas participantes da audiência – segundo a vereadora Jô Cavalcanti, o documento será encaminhado para as pastas de Juventude das esferas municipal, estadual e federal. A parlamentar defendeu, ainda, a escuta da juventude periférica e uma abordagem estatal baseada em direitos.
“Não adianta usar a força do estado, o braço policial, para perseguir essa juventude, porque essa juventude é o futuro, o que o Brasil vai representar amanhã. Se esses jovens periféricos não estão sendo escutados hoje e a política de segurança pública está sendo só prender e matar, não adianta. Tem que investir em educação, em saúde, em educação popular para chegar às bases do sistema, que são as periferias”, refletiu.
Segundo a ativista Yane Mendes, articuladora do Núcleo Recife do projeto Meninas Cidadãs, o documento foi construído ao longo de seis meses pelas meninas participantes de diversas regiões do Recife, “a partir do que elas traziam de relatos delas, das amigas e dos grupos sociais dos quais elas fazem parte”. De acordo com ela, a carta faz parte de um esforço do projeto para construir soluções políticas pensadas diretamente por esse grupo social.
“O Meninas Cidadãs existe em sete capitais e Recife é uma delas. A gente está no segundo ano de projeto, é uma segunda etapa. Na primeira etapa, a gente fez pesquisa com alguns coletivos da cidade, foram 11 ou 12 coletivos”, explicou. “E, neste ano, a gente volta convidando algumas adolescentes desses coletivos a estarem com a gente tanto nas oficinas e também pensando um plano de advocacy, de incidência, para que a gente possa construir políticas públicas que realmente sejam efetivas na transformação da vida das adolescentes, principalmente da periferia da cidade”.
A oficial de Participação e Desenvolvimento de Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil, Luiza Leitão, disse que a igualdade de direitos das meninas é uma das prioridades do UNICEF na atualidade. “Infelizmente, no Brasil, a gente tem dados que mostram o quanto as meninas estão em maior vulnerabilidade. Então, nas desigualdades sociais elas são ainda mais desiguais. Elas ainda sofrem muito tanto em relação ao acesso à educação, a oportunidades de trabalho, à saúde também”.
A representante da Gerência da Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, Elayne Maria de Souza, detalhou ações desenvolvidas pela pasta. “É importante pontuar que o Recife é a primeira capital a lançar um protocolo publicado de atendimento a vítimas ou testemunhas de violência [que tenha ocorrido] na cidade do Recife. É um protocolo unificado, que vem de um diálogo de anos com o Conselho, com as instituições de proteção à criança. A Secretaria de Direitos Humanos conseguiu convergir isso nesse protocolo e, também, está construído um plano de direitos humanos para crianças e adolescentes do Recife”.
Na mesa de debates, participaram ainda duas integrantes do projeto Meninas Cidadãs, Luana Silva e Gesiane Paixão, vinculadas respectivamente aos coletivos Cores do Amanhã e Sargento Perifa. A cofundadora do coletivo Potências Periférias, Nilza Lima, também integrou a mesa.
Clique aqui e assista a reportagem do TV Câmara do Recife.
Em 02.12.2025.