Regina Casé recebe dupla homenagem: é Cidadã do Recife e de Pernambuco
O vereador Eriberto Rafael disse, no seu discurso, que Regina Casé tem o sentimento artístico do pernambucano e do recifense. “Hoje, o Recife vive um daqueles momentos em que a cidade se olha no espelho da sua própria cultura e se reconhece. E se reconhece porque a arte tem esse poder: o de revelar quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir. Regina nunca fez arte de longe. Sempre fez arte de perto, ouvindo, convivendo, aprendendo e reverberando histórias que, muitas vezes, não tinham espaço nas grandes vitrines do país. E é exatamente por isso que o Recife se vê em você, Regina”.
A ligação da atriz com Pernambuco é afetiva. O avô de Regina Casé, Ademar Casé, foi um dos pioneiros do rádio no Brasil. Nasceu em Belo Jardim (1902) e depois migrou para Caruaru. Com os títulos de cidadã pernambucana e também do Recife, ela consolida os vínculos que já tinha com o Estado e com a Capital de Pernambuco.
“Regina, você ajudou o Brasil a entender o Recife. E ajudou o Recife a se reconhecer ainda mais forte. Talvez isso não seja coincidência. Você carrega no sangue a herança de um avô pernambucano. Cresceu no Rio de Janeiro, terra do samba, outra potência cultural do nosso país. E construiu uma trajetória que une essas duas forças: o olhar popular, o respeito às origens e a coragem de romper padrões. Hoje, a neta de um pernambucano, criada entre o samba e a efervescência cultural do Rio, se torna oficialmente cidadã da terra do frevo, a terra do Galo da Madrugada. Uma terra que também dança, que também resiste e que também transforma cultura em identidade”.
Nascida em 25 de fevereiro de 1954, no Rio de Janeiro, Regina Casé, como multiartista, é reconhecida pelo trabalho realizado no teatro, televisão e cinema. A concessão do Título de Cidadã do Recife a Regina Casé, de acordo com a justificativa do requerimento, é uma homenagem a uma das mais respeitadas artistas e comunicadoras brasileiras.
Com atuação em diversas áreas da dramaturgia e do entretenimento, a trajetória profissional de Regina Casé é marcada, segundo o vereador Eriberto Rafel, pela valorização e promoção da diversidade cultural do Brasil, com especial atenção para a Cultura Nordestina. Regina Casé estreou no teatro através do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, quando tinha 15 anos. Na televisão, ingressou em 1983, na novela Guerra dos Sexos. Também trabalhou em diversas produções tanto no teatro quanto na televisão. Ela alcançou grande sucesso fazendo apresentações de programas como Programa Legal (2011) e Esquenta! (2017).
Eriberto Rafael disse que, quando o Esquenta! entrava nas casas dos brasileiros aos domingos, era um verdadeiro encontro do Brasil consigo mesmo. “Era um espaço onde a cultura popular ocupava o centro do palco, com respeito, alegria e profundidade. E o Recife esteve ali. Presente. Vivo. Pulsando. O frevo ganhou explicação, ganhou passo, ganhou palco nacional. O maracatu, o caboclinho, as nossas tradições ancestrais foram apresentadas com o cuidado de quem entende que cultura não é folclore congelado, é identidade em movimento. O brega-funk, nascido na periferia, foi tratado como o que é: um fenômeno cultural legítimo, expressão da juventude recifense. Recife Antigo e Boa Viagem viraram cenário e personagem. Dos artistas populares aos mestres da cultura, todos tiveram voz”.
O parlamentar lembrou que, no cinema, Regina Casé interpretou personagens da obra de Nelson Rodrigues, e destacou que um dos maiores sucessos dela foi como protagonista nos filmes Eu, Tu, Eles, e Que Horas Ela Volta?. Esse último, indicado ao Oscar, recebeu outros prêmios e aplausos da crítica no Brasil e no exterior.
Eriberto Rafael afirmou que, por tudo isso, a entrega do Título de Cidadã do Recife, por meio do Projeto de Decreto Legislativo nº 47/2024, é mais do que uma homenagem. “É um reconhecimento sincero de uma cidade que se sente representada na sua trajetória, na sua arte e no seu compromisso com o povo brasileiro. E, neste momento, como representante da Casa de José Mariano, um abolicionista profundamente ligado às causas populares e que simboliza tão bem a alma do povo recifense, faço questão de registrar algo que nos define como cidade e como gente. O povo do Recife nunca se curvou diante das adversidades da vida. Nossa história é feita de resistência, de luta e de coragem. Mas o recifense sabe, sim, se curvar para agradecer”.
Regina Casé comentou que com os títulos de Cidadã Pernambucana e do Recife vai “parar de mentir” sobre sua naturalidade. “As pessoas me encontram e dizem: minha conterrânea! E eu respondo, claro! Mas sou carioca. Hoje as pessoas que me encontraram perguntavam o que vim fazer no Recife e eu respondia que vim receber os títulos. As pessoas se espantavam, pois achavam que eu sou daqui. Então, estou acertando uma coisa que já era”. Ela rememorou fatos de infância: “Eu vinha com meu avô, de navio, para o Recife. Quando eu chegava, ficava muito encantada com a cidade. Hoje, almocei no Restaurante Leite, e me deu vontade de chorar, lembrando que era ali que eu almoçava com meu avô”.
A atriz disse que os títulos reforçaram para ela o compromisso para com a cultura e elogiou a atual fase do cinema pernambucano, em que o filme O Agente Secreto está disputando o Oscar. “Mas, não é só o filme. Eu vim para o festival e vi que aqui o cinema está vivo e forte. O Cine São Luiz virou um templo não só de cinema, mas de cultura em geral. O Brasil tem uma vocação para cinema e a gente tinha perdido essa vocação. Mas, estamos retomando isso. Pernambuco e o Recife são os responsáveis por esta retomada, de colocar o cinema brasileiro no mapa mundial”.
Regina Casé foi recebida e conduzida ao Auditório Sérgio Guerra pela Banda de Pífanos Zabumba do Mestre Chiba, do Cabo de Santo Agostinho. O Coral Vozes de Pernambuco, da Assembleia Legislativa, e o Maractu Fantástico Cabra Alada, do Recife, fizeram apresentações. A solenidade foi presidida pelo deputado estadual João Paulo, que compôs a mesa com o deputado Waldemar Borges; com o vereador Eriberto Rafael; a atriz Regina Casé o esposo dela, o cineasta Estêvão Ciavata; a secretária de Cultura, Milu Megali, representando o prefeito João Campos; o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Marcelo Canuto; o presidente da Associação dos Empresários de Pernambuco, Fernando Mendonça; e a cantora Michele Melo.
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Em 15.12.2025.