Abelardo da Hora é homenageado pela Câmara do Recife
A solenidade, que começou às 11h, foi presidida pelo vereador Eduardo Marques (PTB). Abelardo da Hora foi conduzido ao plenário da Câmara do Recife pelos vereadores Almir Fernando e Rogério de Lucca (PSL). Fizeram parte da mesa a deputada federal Luciana Santos, o coordenador da Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, Fernando Coelho e o cantor Claudionor Germano, também irmão do homenageado. Esteve presente na solenidade o vereador Henrique Leite (PT). A deputada Luciana Santos fez uma saudação ao homenageado, elogiou a iniciativa da Câmara, através de Almir Fernando, e disse que o escultor era uma referência política e artística.
Após receber a Medalha do Mérito, Abelardo da Hora afirmou que era um orgulho estar recebendo a homenagem da Câmara Municipal e lembrou que o Recife e Pernambuco foram berços políticos do Brasil. “Aqui nasceram a República e as grandes campanhas em favor do País e da democracia. É uma grande satisfação receber a homenagem desta casa”, disse. Em seguida, lembrou suas origens humildes e disse que vinha de uma família de agricultores. Como optou pelos estudos, fez o curso de Belas Artes e se engajou na política. “Tive uma vida política intensa, com participações em campanhas pelo petróleo, pela paz e pela interdição das armas nucleares”, relembrou.
Em seguida, observou que chega aos 90 anos revoltado com as guerras entre nações, atualmente. “Minha arte é feita dessa revolta, mas também é de amor e de solidariedade. Uma solidariedade às vezes violenta, de quem dá um tapa na cara e diz: ‘isso está errado”. Precisamos superar as diferenças”, afirmou. O artista plástico conclamou os vereadores e a população do Recife a lutarem pela paz mundial.
No discurso de saudação, o vereador Almir Fernando relembrou o histórico de Abelardo da Hora que, nesses 90 anos de vida, mais de 60 são dedicados à arte. “Ele levou o nome de Pernambuco aos cenários nacional e internacional, pois suas obras constam de museus estrangeiros”. Relatou que Abelardo Germano da Hora nasceu na Usina Tiúma, São Lourenço da Mata, em 1924. Quando chegou ao Recife para estudar, também se dedicou à política, lutando pela redemocratização do país em 1945. Foi preso, pela primeira vez, em 1947, porque participava de comício do PCB.
Em 1948, realizou exposição apresentando dez esculturas em cimento, mármore e pedra calcária que refletem a sua preocupação política e social, cujos temas eram “Meninos do mocambo”, “A fome e o brado” e “Desespero” entre outras. Em 1956, elaborou esculturas de tipos nordestinos que ficaram famosos, como “Os cantadores”, o “Vendedor de caldo de cana”, o “Sertanejo”, etc. Em 1958, foi eleito delegado de Pernambuco na Seção Brasileira da Associação Internacional de Artes Plásticas, da Unesco.
Em 1960, com a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), pelo então prefeito do Recife Miguel Arraes, Abelardo da Hora teve a chance de influenciar diversos artista que têm nomes reconhecidos na cultura brasileira. Em 1964, com golpe civil-militar, foi preso juntamente com Gregório Bezerra. Mudou-se depois para São Paulo, onde em 1967 organizou exposição de artistas pernambucanos no MAC de São Paulo.
Retornou ao Recife em 1970, e voltou a trabalhar em seu Atelier na Rua do Sossego, elaborando aí a primeira escultura feminina. Participou de ateliês, exposições, bienais e expôs no exterior, como no Centro Internacional de Arte Contemporânea, em Paris em 1986. Recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco, em 1998. Em 2008, foi homenageado do carnaval Multicultural do Recife no centenário do Frevo.
Claudionor Germano falou sobre os 90 anos de Abelardo. “Ele recebe as homenagens merecidamente. Trata-se de um grande artista brasileiro, de quem tenho a honra de ser irmão. Quando ele está trabalhando, remoça 30 anos”. Já o coordenador da Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, Fernando Coelho disse que , apesar de a obra de Abelardoser profundamente ligada ao recife, “ele tem dimensão internacional, pelo drama e péla mensagem que o seu trabalho transmitem”.
Em 08.08.2014, às 12h25.