Adiada votação de projeto que cria faixas para motos

Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento e relator do parecer contrário ao projeto, o vereador Carlos Gueiros (PTB) explicou as razões da rejeição. Segundo ele, a proposta demonstra a preocupação do autor com a forma como são dirigidas as motos na cidade, mas criar faixa exclusiva não seria a solução.  “Não temos faixa exclusiva para ambulâncias e transporte coletivo e vai se beneficiar o trânsito de motos? A gente devia era proibir que os veículos transitassem na cidade na hora do rush com um só passageiro em detrimento do transporte coletivo. Na China, por exemplo, as motocicletas não andam no centro da cidade”.

Já o vereador Rogério de Lucca (PSL) se mostrou favorável a iniciativa. Ele frisou que a atual gestão ainda não apresentou solução para o trânsito e que a Câmara tem contribuido para melhorar a mobilidade na cidade. “Os vereadores precisam pensar no bem que os projetos trazem. Se tiver a faixa preferencial certamente o número de acidentes diminuiria”.

Ao defender a proposta, Maré Malta ressaltou que a iniciativa já existe na França, na Itália e está sendo testada em São Paulo. “Quem andar no meio dos carros corre risco de vida. O motociclista tem que andar na frente. O projeto vai diminuir os acidentes com motos, evitar muitas mortes, contribuir para diminuir os gastos públicos com a saúde e também os gastos da previdência”. Maré Malta disse ainda que a iniciativa deverá repercutir na segurança. “A moto que não estiver na faixa reservada será suspeita. O próprio governador disse que gostou do projeto e os engenheiros de tráfico também estão vendo com bons olhos a medida”.

De acordo com o projeto, o espaço destinado para as motos deverá ter no mínimo cinco metros de comprimento à linha que antecede o inicio da faixa de pedestres e será utilizado apenas no caso do fechamento dos semáforos. O projeto estabelece ainda que, nas vias de grande circulação, deverá haver uma faixa de acesso localizada no centro da via, devidamente pintada em cores diferenciadas e com a indicação de que a faixa é exclusiva para motocicletas quando o sinal estiver vermelho.

 Presidente da Comissão Especial de Mobilidade da Câmara, o vereador Gilberto Alves (PTN) destacou que a proposta deveria ter sido encaminhada ao grupo, responsável por analisar o projeto de lei do Executivo que cria o Plano de Mobilidade do Recife. “A gente não pode discutir projetos de forma isolada porque criaremos uma colcha de retalhos. Precisamos ampliar esta discussão, através de audiência pública e dentro da comissão, para que não percamos a oportunidade de aprovar uma boa sugestão como essa”.

Priscila Krause (DEM) lembrou que 90% dos leitos de traumatologia são ocupados pelos motociclistas e que os acidentes de trânsito são um drama social. “Sou favorável ao projeto e ao que ele institui no trânsito do Recife, mas aprovamos um requerimento por unanimidade para que todas as matérias que tratassem sobre mobilidade fossem enviadas à Comissão”.

A mesma opinião do vereador Josenildo Sinesio (PT). “A Comissão foi criada para conversar com todos os setores da sociedade. Se a gente começa a pulverizar e cada um propõe um projeto independente, ela perde o sentido”.

O presidente da Câmara Jurandir Liberal (PT) lembrou que a China é o maior fabricante de motos do mundo, mas não permite o uso no centro. Prioriza a bicicleta e o transporte coletivo. “A moto ocupa um espaço maior que o veículo. A discussão é mais profunda e também uma faixa não vai resolver todos os problemas com acidentes de motos. Vamos remeter então o projeto à Comissão de Mobilidade e ele vai receber todo o carinho que merece”.

Em 27.03.2012, às 18h.