Adiada votação do projeto para restrição de veículos
Apesar do adiamento, os parlamentares protagonizaram um intenso debate com defesas e críticas apaixonadas à restrição de veículos, proposta pelo líder do governo Gilberto Alves (PTN). Autor do projeto, ele defendeu a medida afirmando que a Comissão de Mobilidade, da qual foi presidente, discutiu exaustivamente alternativas. Disse ainda que a restrição atingirá algumas vias e só naquelas, em horários específicos, os veículos de determinada placa não poderão circular, podendo buscar vias alternativas. “O objetivo do projeto é apenas dar ferramenta ao poder executivo para que ele possa de fato melhorar o trânsito de imediato, enquanto avança no transporte público”.
Presidente da Comissão de Transportes e Trânsito da Casa e relator de parecer favorável à restrição, Jurandir Liberal (PT) lembrou que já na discussão do Plano Diretor foi criada a Comissão de Mobilidade onde se deram intensos debates. Disse ainda que há 10 anos havia no Recife 350 mil veículos, hoje são 650 mil e daqui a 8 anos serão mais de 1,2 milhão. “Algo precisa ser feito e urgente. A inversão do trânsito enfrentou dificuldades e deu certo. Outros assuntos polêmicos também deram certo”.
Vários parlamentares defenderam a medida. Marco Aurélio (PTC) disse que “o trânsito está cada dia mais infernal” e desejou sucesso à restrição.Para o vereador Edmar de Oliveira (PHS), a Câmara do Recife está tentando resolver o problema da mobilidade. Jairo Britto (PT) ressaltou a importância do projeto e lembrou que não é possível comparar experiências de outras cidades. Almir Fernando (PCdoB) ressaltou a necessidade de investimentos em transporte público de qualidade. Já o vereador Rogério de Lucca (PSL) frisou que a redução de veículos nas ruas é sinônimo de redução dos acidentes de trânsito. Luiz Eustáquio (PT)disse que a população cobra uma medida para melhorar a mobilidade do Recife. Estefano Menudo (PSB) também se mostrou favorável à restrição e alegou que os contrários à iniciativa não sugerem alternativas para a melhoria do trânsito.
Mas a bancada de oposição ponderou que no mundo inteiro rodízio de veículos foi um retumbante fracasso, permeado de corrupção e aumento de frota, a exemplo de São Paulo. Priscila Krause acha que antes de se votar uma lei dando plenos poderes ao executivo seria necessário fazer estudos, como por exemplo, uma pesquisa de origem/destino e aí sim teria apoio da oposição. “O secretário de Mobilidade concordou com essa proposta, mas nenhum estudo chegou a esta Casa. Aprovar esta lei sem estudos é um equívoco.”
Líder da oposição, Aline Mariano (PSDB) também disse que não entendia aplicar a proposta antes de ser feito um estudo de viabilidade e cobrou o Plano de Mobilidade. “O secretário João Braga ficou de enviar a Casa, mas até agora nada. Quem vai pagar o preço é a população de baixa renda, que só tem um carro”.
Raul Jungmann (MD), um dos ferrenhos opositores à restrição deveículos, subiu à tribuna com um adesivo onde se lia “Não ao rodízio”, que ele distribuiu na cidade. Disse que era radicalmente contra porque é favorável à melhoria do transporte público. Disse que não via medidas simples e baratas comoa implantação de faixas exclusivas de ônibus, ciclovias, ciclofaixas e outras serem tomadas. Citou o fracasso do rodízio na Nigéria, no México e em São Paulo onde houve incremento de frota. “O prefeito não mandou um projeto definido porque transferiu para esta Casa a responsabilidade de ser cobrada lá na frente”.
Já o vereador André Régis (PSDB) alertou que a Câmara do Recife é quem vai assumir o ônus da impopularidade da medida, já que Geraldo Júlio negou recentemente em entrevista a possibilidade de implantar o rodízio. “O que esta Casa faz é entregar um cheque em branco para o prefeito”.
Em 07.05.2013, às 20h.