Adriana Falangola, Dona Didi, é Cidadã do Recife

Adriana Falangola Benjamin, ou simplesmente, Dona Didi, é a última representante viva da época do cinema mudo no Brasil. Nascida na Itália, chegou ao Brasil, há mais de 98 anos, com apenas 11 meses de idade. Desde então, vive no Recife e, na tarde de hoje (30), recebeu o Título de Cidadã do Recife por iniciativa do vereador Ricardo Cruz (PPS). O plenário da Câmara ficou tomado por amigos, familiares, empresários, artistas e produtores de cinema. Todos para prestigiar a querida Dona Didi.

O vereador Ricardo Cruz citou no plenário importantes momentos do cinema pernambucano. “Há registro de três ciclos regionais de cinema. O Ciclo de cinema do Recife foi um dos mais importantes nacionalmente falando, quando a sétima arte ganhou corpo no mundo todo com este movimento iniciado nos anos 20. E os pioneiros do cinema pernambucano, que fundaram a primeira produtora de cinema do Estado, a Pernambuco-Films, em 1920, foram os italianos Ugo Falangola, pai de Adriana Falangola, nossa homenageada, e J. Cambieri, que aqui se estabeleceram”.

O parlamentar falou sobre a importância da participação de Dona Didi nos filmes do pai. “Em todos os acontecimentos estava Adriana Falangola, a última e legítima representante do cinema mudo no Brasil, como afirmam os estudiosos da área. Dona Didi, com apenas seis anos de idade, entrou para a história da cinematografia nacional, tendo participado de quatro longas-metragens de seu pai, o publicitário Ugo Falangola. Passados 86 anos, ela voltou à frente das câmeras com depoimentos marcantes. Um deles é o premiado Janela Molhada e o outro é Tempo Impresso”.

Ricardo Cruz finalizou o discurso enaltecendo o papel de Dona Didi. “Ao conhecer a história de Dona Didi, como carinhosamente é chamada, não poderia deixar de apresentar o Projeto de Decreto, nesta Casa do Povo, para vê-a reconhecida publicamente, como cidadã recifense. Projeto aprovado por unanimidade pelos meus pares. Sinto-me feliz e até orgulhoso de ter tido a oportunidade de encaminhar o pleito para esta homenagem. Por reconhecimento, por merecimento, por justiça, Adriana Falangola Benjamin, Dona Didi, é cidadã recifense”.

A filha da homenageada, Adriana Falangola, realizou um discurso em primeira pessoa, em nome de Dona Didi, e intercalou com citações de poemas em homenagem à capital pernambucana. “Se a cidade mãe é Recife, então temos que homenageá-la e não teria melhor escolha do que citar a poesia intercalando a historia da minha mãe com recortes dos poetas. Inicio com Manoel Bandeira “O Recife das revoluções libertárias” e a imagem de Hugo Falangola quando inaugurou Pernambuco Films, vindo da Itália. Lembro da poesia de Solano Trindade que veio para essas terras “Ah, Recife, terra do Capibaribe, terra de pontes”.

Adriana Falangola agradeceu a Câmara Municipal do Recife e Ricardo Cruz pelo Título concedido. “Obrigada a todos os vereadores que por unanimidade aprovaram este título, mas, em especial, ao propositor Ricardo Cruz. Eu, minha família e amigos agradecemos a honra de receber o Título e recordo o Frevo Número 3, de Antônio Maria (Sou do Recife com orgulho e com saudade) e que agora posso dizer que andei conhecendo as diferença e riquezas dessa terra . Mas, em consenso com Cícero Dias eu digo: Eu vi o mundo e ele começava em Recife”.

Retomando o discurso para a primeira pessoa, a filha Adriana Falangola concluiu suas palavras citando Clarisse Lispector e Celina de Holanda. “Essas duas mulheres que de uma forma intensa , simples, firme e amorosa trazem a personalidade da homenageada. Clarisse com a frase “Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso um grande coração para incluir os espinhos” e Celina de Holanda nos brinda com o poema Amigos: Os amigos chegam, venham de onde vierem, ponho a mesa”, lembramos logo de Dona Didi. Quero agradecer também meus irmãos que deixaram-me falar em nome de nossa mãe”.

Liliane Falangola, sobrinha da homenageada, dirigiu-se à tribuna para enaltecer as qualidades da tia. “Quem a conheceu de muito de perto, temos o apoio e ajuda na sua amizade sincera, entrando sempre com um sorriso nos lábios. A gentileza, generosidade, compaixão, doçura e que soube conviver com pessoas dos mais diferentes níveis, sempre tratando todos com igualdade. Adriana ama demasiadamente o Recife e essa outorga foi uma honra para a nossa família que está feliz. Senhores  (as) veredores (as), muito obrigada”.

Em 30.03.17 às 18h08.