Aline Mariano debate acessibilidade em audiência pública

Para discutir a realidade das pessoas que enfrentam dificuldades de locomoção e fortalecer futuros projetos de lei, a vereadora Aline Mariano (PMDB) realizou audiência pública na manhã desta quarta-feira, 7, para discutir a questão da acessibilidade no Recife. “Respeitar as pessoas que tenham algum tipo de deficiência é, portanto, reconhecer que elas possuem os mesmos direitos que nós aos bens da sociedade, como, por exemplo: os cegos poderem navegar na internet, utilizando programas especiais para deficientes visuais ou terem acesso à cultura por meio de livros escritos em braille; os surdos assistirem TV com ajuda de legendas ou de um intérprete de libras; os deficientes físicos poderem ter acesso aos locais públicos graças às portas largas e rampas que permitem o trânsito de suas cadeiras de rodas, ou pela garantia de encontrarem vagas em estacionamentos próximas da entrada dos prédios; escolas inclusivas onde as pessoas com deficiência possam estudar nas salas de aula regulares com os demais alunos sem serem discriminados”, exemplificou.

Para a vereadora, respeitar as pessoas com algum tipo de deficiência é ter toda uma série de cuidados para que elas “não sejam excluídas do nosso convívio, e a acessibilidade faz parte desse respeito que devemos ter para com elas”. Para debater o tema ouvir o que cada secretaria municipal tem planejado ou está realizando, Aline Mariano compôs a mesa com o deficiente visual Paulo Fernando, da Gerência da Pessoa com Deficiência, que representou a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos; o gerente geral de Projetos Urbanos da Secretaria de Planejamento Urbano, Fernando José Mendes de Alcântara; o gerente geral de Infraestrutura da Secretaria de Educação, Alexandre El Deir; a gerente geral de Atenção Básica da Secretaria de Saúde, Ana Sofia Costa; e gerente geral da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Sondja Beirão. “As pessoas com algum tipo de deficiência têm o mesmo direitos que nós, isso está na lei. Não é um favor que fazemos, é nosso dever respeitá-los. São brasileiros e brasileiras que também precisam ter acesso às escolas, universidades, ao mercado de trabalho, ao lazer e à cultura, aos locais de culto, edifícios residenciais, comerciais e públicos, e cada Estado providenciar os mecanismos de inserção dessas pessoas na sociedade”.

Aline Mariano lembrou que é de sua autoria a lei municipal 18.259/2016, que obriga maternidades da cidade a adaptarem-se ás necessidades das mulheres gestantes usuárias de cadeiras de rodas. A vereadora também é autoria do projeto de lei 99/2017, que prevê garantias de acessibilidade nas estruturas temporárias para eventos de ruas, parques, praças, entre outros, realizados ou apoiados pelo poder público ou iniciativa privada. “Reconheço que a Prefeitura do Recife também tem tido um olhar atento a essa questão da acessibilidade. Já requalificou 84,1 quilômetros de calçadas, que representam um investimento de R$ 12,3 milhões, com instalação de mais de 200 rampas de acessibilidade e colocação de 3,1 quilômetros de piso podotátil”, disse.  Aline ressaltou, ainda, que o Recife já possui 56 equipamentos de semáforo sonoros, o maior número já registrado na cidade; todos os prédios públicos requalificados e construídos desde 2013 no Recife são projetados dentro do padrão de acessibilidade; a PCR lançou em agosto de 2016 o primeiro lote de passeios públicos que serão requalificados.

Paulo Fernando, da Gerência da Pessoa com Deficiência, que representou a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, disse que, de acordo com o último censo do IBGE, realizado em 2010, 431 mil pessoas no Recife têm algum tipo de deficiência, o que representa 28% da população. “O grande desafio da acessibilidade, no Recife, é romper com barreiras arquitetônicas, na comunicação e atitudinais”, disse. O gerente geral de Projetos Urbanos da Secretaria de Planejamento Urbano, Fernando José Mendes de Alcântara disse que a acessibilidade é um “atributo transversal em toda a gestão. Ela inclui preocupações com os aspectos físicos, econômicos, ambientais”. A secretaria, que trata do planejamento da gestão, disse ele, é norteada pela Norma Brasileira NBR 9050, que versa sobre a acessibilidade e edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos, mas também se orienta pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. O gerente geral de Infraestrutura da Secretaria de Educação, Alexandre El Deir, disse que a rede municipal tem cerca de 340 escolas e que já foi iniciado um estudo através da empresa Gusmão Planejamento e Obras para fazer um planejamento e levantamento de custos sobre obras a serem realizadas visando à acessibilidade nas unidades. “Muitas dessas unidades são próprias e nessas poderemos fazer intervenções. Mas outras que funcionam com base em cessão ou são de particulares e nessas teremos que avaliar o que fazer obedecendo a NBR 9050, para instalação de rampas, acesso a banheiros, placas informativas, entre outras coisas”, disse. O levantamento da empresa será concluído até outubro.

A gerente geral de Atenção Básica da Secretaria de Saúde, Ana Sofia Costa, disse que “a Secretaria tem um compromisso de tornar acessível às unidades de saúde do Recife para que o princípio de universalidade do SUS seja cumprido”. Os projetos arquitetônicos das novas unidades de saúde, obrigatoriamente, preveem o item da acessibilidade. “As dez novas Upinhas já foram construídas com esse enfoque. São quatro Upinhas 24 horas e seis Upinhas Dia, todas elas têm rampas, banheiros para deficientes, piso tátil, além de cumprir outras exigências”, garantiu. Ana Sofia disse, ainda, que o Hospital da Mulher tem padrão de acessibilidade, assim como a Maternidade Barros Lima, a Policlínica Lessa de Andrade e a Maternidade Arnaldo Marques. “Das 130 unidades de Saúde da Família, 35 já foram requalificadas e as demais estão em processo de requalificação, embora algumas delas tenham problemas com espaço físico”, informou.

A representante da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, Sondja Beirão, fez um balanço das ações da PCR na área. “Nós estamos dando apoio a toda sociedade no que diz respeito à acessibilidade. Nosso papel tem sido o de dar consultorias e assessorias para buscar soluções técnicas para os problemas que surgem”, disse. Ela disse que o Núcleo Técnico de Acessibilidade (NAC/Semoc) vem trabalhando para elaborar e executar projetos e normas que visam à acessibilidade de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida nas edificações, vias públicas, espaços públicos, meios de transportes, mobiliário e equipamentos urbanos, inclusive os de comunicação. Ela lembrou que a Prefeitura do Recife requalificou 114 ruas (134 quilômetros de rua) e 268 quilômetros de calçadas, para atender ás pessoas com deficiência. “A nossa priorização tem sido sempre o pedestre”, afirmou.

 

Em 07.06.2017, às 13h.