Aline Mariano debate presença de fonoaudiólogos nos hospitais

Para discutir a obrigatoriedade de fonoaudiólogo no ambiente hospitalar, a vereadora Aline Mariano (PP) realizou audiência pública na manhã desta quinta-feira (16). “Atualmente, a cidade do Recife conta com 13 redes hospitalares privadas e filantrópicas, das quais apenas duas unidades contém fonoaudiólogos como parte integrante de sua equipe de funcionários efetivos”, informou. Ela é autora do projeto de lei 142/2018, que está tramitando na Câmara Municipal do Recife, e que tem o mesmo objetivo do tema proposto pelo debate. “O trabalho desse profissional no hospital, assim como numa UTI, é pouco conhecido pela maior parte da população, apesar da sua importância”, ressaltou.

Aline Mariano disse que o projeto de lei que apresentou se baseia em determinações vigentes no País. A matéria tramita nas comissões de Legislação e Justiça, Finanças e Orçamento, Saúde e Direitos Humanos e aguarda parecer de relatores. A mesa da audiência pública foi formada pelo presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono),  Juliana de Arruda Fraga Correia; o presidente do Sindicato dos Fonoaudiólogos de Pernambuco  (Sinfope), Herberth Alexandre de Barros Campos; o representante do curso de fonoaudiologia, Hilton Justino da Silva; a fonoaudióloga, Coeli Regina Carneiro Ximenes; o a advogado do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e laboratórios de Análises Clínicas (Sidhospe), Gabriel Vasconcelos e a representante da Secretaria de Saúde do Recife, Cristiane Penaforte.

Aline Mariano ressaltou, no início da audiência pública, que quem lida com a voz ou com a audição em seu dia a dia de trabalho, conhece e reconhece a importância de um acompanhamento com um fonoaudiólogo. “Para locutores, repórteres, professores e cantores, esse tratamento pode significar qualidade de vida e até sucesso profissional”. Ainda segundo ela, poucos sabem que o trabalho de um fonoaudiólogo pode ir bem além de habilitar e reabilitar a voz, a audição, a motricidade oral, a leitura e a escrita. “Em um ambiente hospitalar, sua atuação também é essencial por diversos outros motivos”, adiantou.

Ela ressaltou a importância de fonoaudiólogos nas unidades de saúde de atendimento a recém-nascidos e gestantes. “O profissional tem o papel de auxiliar os bebês que têm dificuldade para amamentar a conseguirem realizar a pega correta da mama, entre outras funções, como realizar massagens extra-orais e estímulos intra-orais em bebês prematuros”. Num hospital com especialidade em traumas, a presença do fonoaudiólogo também é elementar. “Profissionais médicos já reconhecem a importância da parceria entre a equipe médica e a fonoaudiologia no âmbito hospitalar, que é fundamental para uma boa evolução do quadro clínico de determinados pacientes”.

A vereadora Aline Mariano citou exemplos de casos em que o fonoaudiólogo é determinante no processo de diagnóstico e tratamento. De acordo com os exemplos apresentados por ela, são os pacientes que apresentam disfagia – uma condição caracterizada pela dificuldade ou incapacidade de engolir, muito frequente em pacientes que sofrem traumas neurológicos ou aqueles com tumores na garganta e na boca, precisam desse profissional para evitar complicações mais sérias, como uma pneumonia broncoaspirativa, que pode levá-lo à morte. “A fonoaudiologia atua justamente para que esses desgastes sejam evitados e prevaleça, acima de tudo, a vida”.

Aline Mariano lembrou, ainda, que numa equipe multidisciplinar de saúde cada profissional desenvolve papel fundamental. “Todos sabem que sem médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, psicólogos e nutricionistas, uma unidade hospitalar não funcionaria, e o mesmo ocorre com fonoaudiólogos. A atuação desse profissional é abrangente, desde as enfermarias e alas, até à triagem Neonatal com teste da Orelhinha e Teste da Linguinha, como também nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, Infantil e Adulto”, observou.

A representante da Secretaria de Saúde do Recife, Cristiane Penaforte, afirmou não ter dúvidas sobre a importância do fonoaudiólogo no ambiente hospitalar. “Nós temos um profissional no Hospital da Mulher, para fazer o teste do pezinho nos recém-nascidos. Em cada uma das três maternidades municipais também temos um fonoaudiólogo, além de outros 20 na rede de apoio à saúde da família, para promoção, prevenção e reabilitação. Eles são muito importantes porque contribuem para garantir a melhoria de prestação de serviços e cuidados”, disse. Professora da Universidade Federal de Pernambuco e fonoaudióloga com larga experiência, Coeli Regina Carneiro Ximenes, acompanhou o processo de inclusão de um fonoaudiólogo à equipe fixa de um hospital.

“A demanda para um profissional de fonoaudiologia é ampla. Somente a partir da década de 1990 é que nós começamos a ser inseridos nas redes hospitalares públicas e privadas, no País. Ainda assim, a presença aqui é pouco expressiva”, disse. Ela pontou que em 2010, com a publicação de uma RDC (resolução da diretoria colegiada), do Ministério da Saúde, os hospitais se obrigaram a contratar fonoaudiólogos. “Mas, os hospitais privados quando os contrata não os incluem no seu quadro fixo, e quando o fazem é como pessoa jurídica”, afirmou. Em 2013, segundo Coeli Regina, o Português contratou o primeiro fonoaudiólogo, em Pernambuco, o que foi uma experiência exemplar em seu entender. “Por isso, quando a vereadora Aline Mariano apresenta um projeto de lei que prevê a obrigatoriedade de fonoaudiólogo no ambiente hospitalar, nós temos que dar total apoio. É uma atitude muito positiva para os profissionais”, disse.

O presidente do Sindicato dos Fonoaudiólogos de Pernambuco  (Sinfope), Herberth Alexandre de Barros Campos, reforçou que os profissionais trabalham nos hospitais sem regime empregatício. Para ele, é uma situação triplamente ruim: para o fonoaudiólogo, para os planos de saúde (e hospitais) e para o paciente. Como não fazem parte da equipe fixa e multidisciplinar, os fonoaudiólogos nem sempre estão presentes para acompanhar a internação dos pacientes. “Os pacientes terminam ficando com mais tempo de hospitalização. Assim, são obrigados a esperar pela chegada do fonoaudiólogo, que nem sempre está presente para fazer o atendimento. E isso acarreta custos para o plano, para o hospital e para o paciente como um todo”, concluiu.


Em 16.08.2018, às 12h30.