Aline Mariano volta a repercutir compra de livros

A vereadora Aline Mariano (PSDB) voltou a repercutir na Câmara, na tarde desta segunda-feira, 30, uma compra de livros realizada em janeiro de 2008 pela Prefeitura do Recife. Foram 137 mil livros adquiridos com dispensa de licitação no valor superior a R$ 4,2 milhões. Para Aline houve fraude no processo, já que, três anos após a compra, não se conhece outra publicação da autora e nenhum exemplar foi encontrado nas escolas.

Segundo Aline, repórteres de dois jornais estão investigando o caso e ainda não encontraram a publicação. Mas descobriram se tratar de uma agenda, com 12 páginas, cujo conteúdo é a biografia de poetas pernambucanos. Ela questionou também a qualificação da compra. “Para ser dispensa de licitação teria que ser de um livro, mas não houve distribuição de paradidáticos em 2008. Para ser uma agenda, deveria ter sido realizada uma licitação, mas não foi”.

Ela informou que em 2011 a Prefeitura do Recife pagou cerca de quatro reais por cada agenda da rede pública. Na compra de 2008 o valor ficaria em torno de 30 reais a unidade. “Muitos pontos continuam obscuros. Nenhum envolvido conseguiu se explicar até agora”. Aline informou que apresentará uma peça jurídica ao Ministério Público de Pernambuco e ao Tribunal de Contas do Estado para que os órgãos investiguem a denúncia.

O líder do governo, Josenildo Sinesio (PT) afirmou que tanto o ex-prefeito João Paulo quanto a ex-secretária de Educação Maria Luiza Aléssio estão tranquilos em relação à denúncia, já que não há irregularidades na compra. O livro-agenda, como ele próprio definiu, foi elaborado especialmente para aquele ano para trabalhar nas escolas da rede municipal, na educação de adultos e no programa Projovem. “Este livro foi um fenômeno naquele ano. Travou debates bonitos dentro de salas de aula e do trabalho realizado foi promovido um concurso de poesia entre os alunos, que também virou livro”.

Para Josenildo, o valor é aceitável se considerado o conteúdo da produção. “Não se pode comparar o preço de um livro didático que vem do MEC para uma agenda confeccionada para um trabalho específico. A vereadora faça as insinuações que quiser, mande para todos os órgãos apuradores, é seu papel. Mas saiba que está tudo sobre controle e ninguém perdeu uma noite de sono por causa desta denúncia”.

Luiz Eustáquio (PT) concordou com o colega e incentivou Aline a manter a investigação. “A vereadora está apurando, a denúncia só se tornará uma verdade se for comprovada. Para isso é preciso fazer todas as investigações necessárias”.

Aline não ficou satisfeita com a resposta e convidou os amigos a protocolarem a denúncia que encaminhará. “Pergunto por que não tem uma cópia para disponibilizar? Será que não sobrou uma cópia para mostrar? Querem fazer os recifenses de bobos. Está claro que houve uma farsa de livros fantasmas”.

Vários parlamentares da bancada de oposição apoiaram a denúncia e garantiram que irão participar dela. “Temos que explicar isto para a Casa e principalmente para o povo. Se isso ficar comprovado, seria o caso de o responsável ser penalizado e obrigado a ressarcir o dinheiro do contribuinte ao poder público”, declarou Romildo Gomes (Dem).

Para Maré Malta (PPS) é preciso cobrar da administração a lisura do processo. “A licitação foi irregular e isto prejudica a livre concorrência. Temos que cobrar a responsabilidade de quem quer que seja”. Vera Lopes (PPS) mostrou-se impressionada com o valor gasto com a publicação. “É uma vergonha, quando temos escolas desabando e não há cursos de qualificação para os educadores”.