Almir Fernando debate sobre saneamento básico no Recife

A população do Recife enfrenta problemas crônicos com o sistema de esgotamento sanitário; coleta de lixo insatisfatória e precariedade no abastecimento de água. Sensibilizado com as constantes reclamações que chegam ao seu gabinete, sobretudo de moradores de comunidades da Zona Norte, o vereador Almir Fernando (PCdoB) realizou audiência pública na manhã desta quarta-feira, 27, para debater o tema “Saneamento Básico”. Ele justificou: “O papel do vereador é intermediar as cobranças da população. E essa é a minha contribuição para debater um assunto que considero urgente e amplo. Com certeza, cada tópico desses merece uma audiência pública em separado, porque cada tema tem a sua complexidade. Tenho clareza de que uma reunião ou uma audiência pública, apenas, não vai conseguir esgotar o tema”, disse.

A audiência pública começou às 9h30 com apresentação de um vídeo produzido pelo gabinete do vereador nas comunidades da periferia, onde, os problemas de saneamento básico são, aparentemente, mais gritantes. O próprio Almir Fernando conduz a reportagem que mostra pontos de lixo e a população reclama da coleta. “Isso acontece não somente nos córregos e altos, mas em vários bairros do Recife”, alerta. Outro trecho do vídeo diz que dados da última Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), assegura que as Graças são a localidade com a maior taxa de saneamento básico do Recife. Uma moradora do bairro, surpreendida, deu depoimento: “Eu pensei que todo o Recife fosse igual às Graças”, comenta.

Aquela é uma realidade que está longe da periferia. “O Recife tem uma cobertura de esgotamento sanitário (esgoto coletado em residências) de 40%.  Portanto, são cerca de 700 mil pessoas que hoje têm o sistema formal de esgotamento”, disse o diretor de Novos Negócios da Compesa, Ricardo Barreto. Segundo ele, o ideal é a universalização ou que o percentual de área atendida seja de 80%. Uma Parceria Pública Privada (PPP) foi firmada com a empresa BRK (antiga Odebrecht Ambiental) para realização de obras de infraestrutura. “Por conta da crise, estamos rediscutindo as metas, mas vamos continuar. Já concluímos obras em partes do Ipsep e da Imbiribeira e há obras a serem realizadas a partir do próximo anos em áreas na Zona Sul (Setúbal, Boa Viagem e Imbiribeira) e da Oeste (Cordeiro e Iputinga)”, disse.

A diretora da Região Metropolitana da Compesa, Simone Albuquerque, garantiu que “99% da população do Recife tem abastecimento de água. Toda a área plana da cidade já não sofre com rodízio, por exemplo. Os morros é que têm rodízio de dia por três ou quatro”. Mas, é indiscutível que alguns nichos da cidade enfrentam problemas de falta d’água. “Queremos mapear onde estão essas localidades para tomarmos providência”, afirmou a diretora. O gestor de Normatizações de e Infrações da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Prefeitura do Recife, Rômulo Farias, que também esteve presente na audiência pública, considerou que a falta de um sistema público sanitário é uma “situação delicada”, pois a “abrangência desse sistema é limitada”. Por falta de esgotos, disse ele, o cidadão destina seus dejetos na linha de drenagem que leva aos rios. “É um problema difícil de ser identificado. Mas, enquanto a sociedade não tiver suas redes de esgoto ou tratamento o prejuízo será grande”, alertou.

A coordenadora da Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde  da Prefeitura do Recife, Maria Luiza Costa, fez parte da mesa de debates. Para ela, é inquestionável que a falta de saneamento tem um reflexo imediato nos índices da saúde pública e que realizar obras de saneamento básico é um investimento em saúde preventiva. O secretário Executivo de Saneamento e Obras da Secretaria de Saneamento, Gustavo Costa, disse que a Prefeitura do Recife tem duas grandes obras de “saneamento integrado”  que estão em andamento. São os PAC 1 e 2, ambas em Beberibe, que vão beneficiar cerca de 38 mil famílias até o final do próximo ano. Cada uma das duas obras incluem vários serviços de esgotamento sanitário, urbanização, pavimentação e drenagem, razão pela qual se chama “saneamento integrado”.

As duas obras estão localizadas, de acordo com Gustavo Costa,  nos bairros de Beberibe, Fundão, Porto Madeiro, Linha do Tiro e Dois Unidos, numa extensão de cerca de cinco quilômetros nas margens do rio. No PAC 1, disse Costa, já foram relocadas milhares de famílias das para habitacionais (1.522 unidades) que incluem apartamentos e casas com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O PAC 2 inclui construção de calçadas, pavimentação, drenagem de 23 ruas e equipamentos públicos.

 

Em 27.09.2017, às 12h53