André Régis traz números de pesquisa sobre educação no Recife

Uma pesquisa com 160 páginas comparando resultados de índices oficiais de educação (IDEB), entre diversos municípios do país, demonstrou que o ensino da rede municipal do Recife se encontra no vigésimo quarto lugar, bem abaixo da média nacional. O estudo realizado pelo vereador André Régis (PSDB), presidente da Comissão de Educação da Câmara do Recife, comparou dados de metas de IDEBs propostos pelo Ministério da Educação com os números apresentados pelas escolas do Recife. Ele escolheu a melhor e a pior escola de cada RPA e mostrou ainda um levantamento fotográfico. O resultado final da pesquisa, apresentado na reunião plenária desta terça-feira, 26, será enviado ao Prefeito, secretário de Educação e aos vereadores. O debate foi partidarizado e trouxe calorosas discussões entre os parlamentares.

André Régis disse que o estudo revela  um retrato trágico e desesperante que compromete o futuro da cidade. Disse ainda que até agosto deste ano vai visitar cerca de 300 escolas. Mas foi além.  Considerou que, enquanto o PIB global e o do Estado sobem, o do Recife desce por conta da falência na educação no município. “Estamos diante de uma grave violação dos direitos humanos”.  Deu como exemplo,  as metas propostas pelo MEC para 2005, no Fundamental 1, que era de 3.1 e o Recife tinha 4.1, e em 2011 apresentou apenas 4.1, não havendo avanço.  Já no Fundamental 2, a meta projetada do IDEB era de 6 a 9, e o Recife obteve 3.3. Pior ainda.  Em 2011 apresentou 2.9. Ponderou que a meta estabelecida pelo Mec  é baixa para que seja possível, e ainda assim estamos abaixo dela. “Para se ter  ideia, em 2011 apenas 22% dos alunos de toda a rede tiveram desenvolvimento A em português, e em matemática só 16% , isso no Fundamental 1.  Já no Fundamental 2, só 9% conseguiram o A e 2% em matemática. João Pessoa, po exemplo, obteve 35% de desenvolvimento A nos dois”.

O vereador ressaltou que visitou escolas como a Mundo Esperança, no Sítio dos Pintos, construída embaixo de uma encosta, onde há uma sala de computadores que há 8 anos não pode ser usada porque a energia é monofásica, e estes equipamentos exigem mais da rede elétrica. Já a escola de Santo Amaro, o IDEB é melhor que a média proposta, 4.6 no Fundamental 1 e 2. Mas ele encontrou nesta escola extintores vencidos, com data de 2004, e uma grade que fecha passagem e só uma pessoa tem a chave. Já a melhor escola foi a Asa Branca, no Ibura, que já atingiu a meta proposta para 2022. “Eles conseguiram porque fizeram um pacto entre professores e pais”.   

Jairo Britto (PT) discordou da forma de comparação, afirmando que Recife apresentou 4.1 de IDEB e Florianópolis 6.1, muito próximos. “Acho que o senhor deveria fazer uma média de cinco anos, calcular o desvio padrão e o erro padrão para fazer estatística correta. Segundo ele, não se mencionou a Escola de Aplicação que é referência no país. Lembrou que foram as gestões passadas do PT que cuidaram dos morros e encostas e que o colega “havia esquecido de visitar os CMEIs da Caxangá, do Coque, e o Centro de Aperfeiçoamento de Professores entre outras realizações petistas”.

Mas Aline Mariano (PSDB) ressaltou que não iria sugerir ao autor da pesquisa que maquiasse resultados. Para ela, o IDEB mostra que a cidade está entre os piores índices do país, ocupando a vigésima quarta posição, a penúltima no ranking.  Já Henrique Leite (PT) disse que discordava de alguns pontos, especialmente das fotos que são momentos e não se sabe como foram feitas. “Discordo das palavras tragédia, vergonha, porque o PT também teve sua herança maldita. Garantimos fardas, merenda, livros, piso nacional para os professores”.

Osmar Ricardo (PT) considerou o estudo importante, mas não contemplou escolas boas, mais de 50 feitas pelo Partido. No entanto, Priscila Krause (DEM) afirmou que os 12 anos do PT e da Frente Popular, que é a mesma de agora, não investiu os 25% determinados por lei federal em educação, e isso é, segundo ela, criminoso. “Já fomos referência nacional em educação no passado. Os números apresentados não são do PSDB e sim do PT. Não cabe aqui fazer política da mesquinhez, e sim fazer um pacto pelo futuro”.

Marco Aurélio Medeiros (PTC) lembrou que a pesquisa não foi partidarizada pelo autor, mas sim por colegas nos apartes. Para ele, educação não é um assunto partidário e perguntou quantos vereadores colocariam seus filhos nas escolas municipais. Gilberto Alves (PTN), líder do governo, alertou que o tema é um desafio e está além dos partidos. Para ele, todos precisam trabalhar para apontar lá na frente uma escola municipal digna. “Seria importante construir um grande pacto como propôs Priscila Krause”.

Amaro Cipriano Maguari (PSB) lembrou que era preciso falar das coisas boas e ruins feitas nas gestões passadas, e destacou os CMEIs e outras realizações. Mas alertou que uma administração que trabalha com a bola dividida não consegue resultados expressivos. André Ferreira (PMDB) disse que o trabalho realizado trouxe dados oficiais demonstrando que a educação vai mal. “Faz tempo que venho denunciando nesta Casa os desmandos na Educação, como superfaturamento de produtos de limpeza, problemas graves na merenda escolar. É imprescindível  fazer algo para mudar esta situação”.

 

Em 25.02.13, às 19h14.