André Régis faz avaliação dos 100 dias do governo de Bolsonaro

O líder do PSDB na Câmara Municipal do Recife, vereador André Régis (PSDB), fez uma análise dos 100 dias do governo do presidente Jair Bolsonaro, e disse que essa fase foi marcada por racionalidade da máquina administrativa, nenhum escândalo de corrupção, redução da burocracia no funcionamento dos serviços públicos e apresentação de uma proposta de reforma da Previdência. Durante os 15 minutos do tempo regimental para o discurso ele elogiou mas, em seguida, pediu e usou o tempo da liderança, que são mais 10 minutos, quando apontou os pontos negativos da gestão. Foi quando criticou o próprio partido: “O PSDB se recolheu e perdeu o protagonismo”, disse, na reunião ordinária desta quarta-feira (24).

A avaliação do vereador foi a mesma que ele apresentou numa videoconferência, recentemente, para estudantes do Departamento de Política Latino Americano da Universidade da Califórnia, São Francisco, Estados Unidos. “Levei a eles essa reflexão, considerando que é pouco tempo para abordagem de resultados de uma gestão. Mas, disse aos estudantes, que podemos comemorar 100 dias de descanso de corrupção política, sem nenhuma denúncia acerca do novo governo”. Nesse ponto, o vereador fez um comparativo do governo Bolsonaro com o de Dilma Rousseff. “Os primeiros 100 dias do seu segundo governo da presidente do PT foram marcados pela troca de ministros devido à corrupção política”, afirmou.

Para André Régis, os 100 primeiro dias representaram “um período novo, de mudança radical do ponto de vista do governo federal, depois de oito anos de Fernando Henrique, oito de Lula e seis de Dilma. Temos que levar em conta que quem chegou ao poder foi um presidente inicialmente sem partido ou representação, para almejar a presidência. Mesmo assim, ele foi eleito e terminou fazendo a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados”, observou. Além do “descanso dos escândalos de corrupção”, André Régis afirmou que “um dado relevante é que este governo restaurou o que era necessário: o mínimo de organização dos ministérios. Hoje, há um núcleo econômico, outro conduzido por Moro e o terceiro, o núcleo militar”. Ele lembrou que, entre os pontos positivos, Bolsonaro baixou “vários decretos de redução da burocracia” e que “a partir de uma iniciativa de Paulo Guedes, fez uma bem fundamentada proposta de reforma da Previdência”.

O vereador Jayme Asfora (sem partido) pediu aparte. “Discordo do que foi dito. Em relação à corrupção, esse governo tem várias máculas. Há um ministro que está sendo acusado de corrupção eleitoral, que é o ministro do Turismo. Há também denúncias de contratação de funcionários laranja no gabinete do filho do presidente. Sem contar com o caso Queiroz, que precisa explicar mais de 90 depósitos de dois mil reais no caixa eletrônico do banco. Do ponto de vista administrativo, nada ocorreu na educação, que ficou sem planejamento estratégico, sem política pública ou meta definida. No caso da reforma da Previdência, o governo pediu para que os estudos que embasaram o projeto não fossem divulgados. O que é , no mínimo, misterioso”.

Após o aparte de Jayme Asfora, André Régis pediu para usar o tempo de liderança do partido. “Eu não sou do PSL e nem faço parte do governo. Mas reconheço que ele está funcionando e eu reputo ser um governo importante”, explicou-se. André Régis, ao criticar os pontos fracos dos primeiros 100 dias do governo Bolsonaro, disse que “a oposição está perdida, sem fazer propostas, mas segurando o discurso de Lula Livre, sem contribuir para o debate nacional”. Citou, ainda, que a base do governo é fraca para fazer a defesa da gestão; e que o governo perdeu o foco em função das brigas de poder dos grupos; o presidente fez uso exacerbado das redes sociais; as viagens aos Estados Unidos, Chile e Israel criaram incidentes diplomáticos e o Brasil ganhou má projeção internacional.

Em 24.04.2019, às 17h30.