Audiência analisa andamento da Via Mangue
Priscila Krause lembrou que esta é a terceira audiência sobre o assunto. " A promessa do prefeito João da Costa (PT) era a de que no final de 2012 a obra estaria completa, mas agora o prazo para conclusão é em setembro de 2013. Questiono se os 10 meses restantes serão suficientes para a maturação do concreto, por exemplo, e para a conclusão total das etapas seguintes", entafizou.
A Mesa de debate foi composta por Jorge Darwin, da Empresa de Urbanização do Recife (URB), o Auditor Fernando Arthur Nogueira, do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, o Cel. Eduardo Oliveira, gestor do Centro de Apoio ao Lojista (CDL) e Roberto Montezuma, Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
Jorge Darwin, da URB, ressaltou que a Via Mangue é uma obra complexa, com muitas dificuldades para execução. “Mil e trezentas famílias foram desapropriadas e alojadas em apartamentos distribuídos em três habitacionais construídos todos próximos à Via. Também houve o problema da não liberação de áreas como o Aeroclube e Parque dos Manguezais, acarretando prejuízos e atrasos. Atualmente, estamos com a área da Marinha totalmente liberada, já a área do Aeroclube está sendo negociada passo a passo porque os gestores alegam não ter onde colocar os aviões e a escola de aviação. A Prefeitura está negociando e tentando fazer uma liberação de área na avenida Norte para a escola de aviação. O prazo para o Aeroclube sair é dia 30 de dezembro”, disse.
Para Jorge Darwin, atualmente a obra encontra-se numa evolução considerada boa. “Entregamos a subida do viaduto próximo ao Cabanga, fizemos a alça e iniciamos a fundação da ponte Paulo Guerra onde tivemos empecilhos como a navegabilidade, que estava sendo questionada pela Marinha. Então, tivemos que fazer uma adequação, mas que já está solucionada. O objetivo da URB é honrar o cronograma com entrega em 2013. Em relação aos números, queremos deixar claro que, atualmente, 40% da obra foi executada. A Via se enquadra como uma obra que vai atender tanto ao fluxo dos moradores, bem como atender ao meio-ambiente”, finalizou.
Auditor do Tribunal de Contas de Pernambuco, Fernando Nogueira, falou que o papel do TCE é acompanhar e prestar esclarecimentos à sociedade. ”O Tribunal acompanhou desde o início a via Mangue e decidiu analisá-la emitindo relatórios elaborados a cada três meses. Globalmente, em 20 meses de trabalho (dos 30 meses estabelecidos), constatamos que a obra deveria estar 67% concluída. Isso tem sido uma grande preocupação do Tribunal. Na melhor das hipóteses, achamos que a conclusão ocorra em 17 meses. O importante é não extrapolar o valor da obra, orçada em R$ 335 milhões. E se houver atraso, o impacto financeiro será muito alto. Entendemos que é uma obra com dificuldades, mas temos que garantir mecanismos para que ela acabe dentro do prazo”, analisou.
Membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Roberto Montezuma, destacou ser essencial o fator planejamento para toda a cidade. “E o Recife é especial. Para se pensar a cidade tem que haver planejamento. É uma lógica que se costura formando um conjunto. Se não pensarmos assim, estamos perdidos".
Ainda de acordo com Montezuma, o Conselho fez um convênio com um grupo holandês para estudar a Via Mangue. Foram seis meses de trabalho, através de videoconferências e ações na Universidade Federal de Pernambuco. "Gerou uma verdadeira comoção, com alunos e professores pensando uma cidade além dos seus aspectos pessoais. O Recife é a cidade das águas e a estrutura ainda existe. E para essa transformação é preciso coragem. Fazer ruas-parques, por exemplo, recriando, assim, a capital pernambucana. Estamos aqui para fazer uma construção coletiva. Vamos em busca de um pacto onde ações isoladas tem que estar dentro desse mega projeto. Todos têm que construir a cidade e não apenas uma pequena parte ”, finalizou.
Em 11.12.2012 às 12h52.