Audiência avalia formação de mão-de-obra em Pernambuco

Pernambuco vive um novo ciclo de desenvolvimento econômico com a construção da refinaria Abreu e Lima, a instalação do estaleiro Atlântico Sul, entre outros empreendimentos, que exigem a formação de mão-de-obra qualificada. “Temos condições de responder a essa demanda e capacitar os nossos trabalhadores?”. O questionamento do vereador Luciano Siqueira (PC do B), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, foi o ponto de partida para o debate na audiência pública realizada no plenarinho da Casa de José Mariano, nesta segunda-feira (26).

O presidente do Senai-PE, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Antônio Carlos Maranhão, considera primordial a articulação da educação básica com a formação profissional. “Elas são indissociáveis e fundamentais para construir um desenvolvimento sustentável. Conseguir simplesmente crescimento econômico pode até produzir um estado rico, mas com uma população pobre. E quem não estiver preparado para acompanhar os avanços tecnológicos ficará fora do mundo do trabalho”.

           

            Luiz Soares, diretor do CTC, Centro de Trabalho e Cultura, falou sobre a proposta da ONG criada há 44 anos e que oferece cursos profissionalizantes e práticas pedagógicas em diversas áreas de atuação. “Procuramos valorizar o trabalhador e ao mesmo tempo desmistificar o conhecimento para tratá-lo como uma construção conjunta de habilidades a partir de uma gestão democrática de intervenção social”.

 

            De 2007 a 2009, o Senac-PE, Serviço Nacional do Comércio, realizou 145 mil matrículas em educação profissional e tecnológica. Um milhão de horas-aula foram ministradas. Segundo a diretora do Senac, Ana Morais, esta “é uma tentativa de corrigir a ausência de uma formação continuada dos nossos trabalhadores que deixa sempre uma lacuna na qualidade da mão-de-obra. Eles têm pressa e não podem arcar com as despesas de cursos de longa duração, não possuem, por exemplo, o dinheiro para a passagem de ônibus, o que os impede de frequentar as aulas”.

 

            A proposta do secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Recife, José Bertotti é uma lei municipal de inovação para criar um sistema de ciência e tecnologia agregado à produção e complementar às ações do governo federal. Ele condena que a formação do trabalhador esteja restrita a uma ou outra técnica. “Precisamos de um trabalhador com autonomia, preparado para interagir com um mercado sujeito a constantes inovações e de um desenvolvimento econômico voltado para a inclusão das pessoas”.

 

            Após as palestras e as intervenções da platéia que lotou o plenarinho da Câmara, o vereador Luciano Siqueira, encerrando a audiência pública, concluiu. “Vivemos em um tempo novo, cheio de oportunidades e desafios que devemos enfrentar combinando o fazer, o pensar e o inovar. E não é possível vencer mantendo os mesmos padrões, métodos e metas”.

Em 26.04.10, às 15h.