Audiência debate o Saúde Recife

Responsável pelo atendimento médico de 28.158 servidores da prefeitura, o plano Saúde Recife, criado em 2005, foi tema de audiência pública realizada no plenarinho da Câmara Municipal do Recife, na manhã desta quinta-feira (22). A presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereadora Aline Mariano (PSDB), recebeu diversas denúncias de usuários do plano de saúde. “Os servidores reclamam que estão enfrentando a falta de médicos em várias especialidades e de opções para o atendimento hospitalar por causa do descredenciamento de unidades como o Hospital Santa Joana e a Clínica de Ortopedia do Recife, além de médicos que estariam sem atender por falta de pagamento”.

A presidente da Autarquia Municipal de Previdência e Assistência à Saúde dos Servidores, Reciprev, Ada Siqueira, que administra o Saúde Recife, esclareceu que o plano realiza em média nove mil consultas e 17 mil exames por mês. A despesa total é de R$ 3 milhões de reais. A maior parte dos recursos, R$ 2 milhões de reais, segundo ela, vem dos cofres do Executivo. Os servidores contribuem com R$ 1 milhão de reais.

Quanto ao descredenciamento dos hospitais, Ada Siqueira também explicou. “Isto ocorreu devido ao custo alto dos serviços nestes hospitais, mas as especialidades continuam sendo oferecidas em outras unidades.” Ela acrescentou que existem dificuldades para ampliar a rede de atendimento e que muitos hospitais não podem ser credenciados porque têm dívidas com a prefeitura.

O guarda municipal Oscar Cavalcanti, presente na audiência pública, disse que enfrentou discriminação por conta do Saúde Recife. “Precisei socorrer um colega de trabalho e foi muito difícil encontrar atendimento porque os hospitais se recusavam a aceitar o nosso plano. O mesmo acontece com médicos que acusam o plano de não pagar pelas consultas”.

Também participaram do encontro Jorge Paiva, chefe de gabinete do secretário municipal de Saúde, José Carlos Neves, secretário adjunto de Administração do Recife, e Wellington Carvalho, diretor de assuntos trabalhistas do Sindicato dos Servidores Públicos do Recife. O sindicalista fez uma denúncia. “Há especialidades que demoram até quatro meses para marcar consulta. A gente quer um plano de saúde de qualidade que atenda as necessidades do servidor”. Ele também se queixou da suspensão da adesão de novos usuários.

A servidora Maria Betânia da Silva reclamou da exigência de perícia para realização de procedimentos médicos e da taxa de co-participação cobrada dos titulares e dependentes de acordo com as despesas geradas por eles. “É um gasto extra que pesa no bolso dos servidores, principalmente aqueles com os menores salários.” De acordo com Ada Siqueira, a taxa serve como instrumento para moderar a utilização do Saúde Recife e as perícias são comuns a qualquer plano de saúde. No final da audiência pública, ela assumiu o compromisso de estudar a retomada da adesão de novos servidores ao plano, a contratação de mais profissionais para o quadro técnico responsável pelas perícias e consultas e a possibilidade de que os usuários escolham na hora do internamento entre enfermaria e apartamento.

Para a Aline Mariano, a reunião possibilitou avanços. “Vamos identificar onde está o gargalo para buscar junto à prefeitura as soluções necessárias. Eu pretendo ainda ampliar este debate com a Comissão de Saúde da Câmara”.

Em 22.04.2010, às 14h50.