Audiência discute bullying e cyberbullying nas escolas

O bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa. O cyberbullying, também considerado uma forma de bullying, é praticado por meio de ferramentas tecnológicas, como os celulares. Os dois assuntos foram debatidos na audiência pública presidida pela vereadora Ana Lúcia (PRB), na manhã desta terça-feira (21), tendo como tema “o Bullying e o Cyberbullying nas Escolas: A necessidade de ações concretas de prevenção e de combate a esses males que se alastram e violentam nossos alunos”.

A vereadora Ana Lúcia ressaltou que os problemas do bullying e o cyberbullying são vividos todos os dias nas unidades educacionais. “Os professores vivenciam tudo e trazemos hoje profissionais, nessa audiência, para que nos ajudem. Não tem um dia que não chegue uma queixa de um aluno acompanhado dos pais. Alguns atingidos tendem a se isolar e tudo começa com um xingamento. Outros ficam cheios de ideias de vingança. Acredito que a prevenção seja a melhor resposta para tudo isso”.

José Renato Bizerra, juiz de Direito da 1ª Vara dos Crimes Contra Criança e Adolescente da Capital, ressaltou a lei em vigor que reforçou todo atendimento especializado a favor da criança e adolescente contra crimes de toda a natureza.  “Podem ser casos de perseguições eletrônicas ou não. O legislador pediu a criação de unidades para o devido atendimento. Isso é muito bom porque parou aquela historia da vítima ser levada ao fórum, delegacia ou promotoria e de receber um comportamento tipicamente dado a um adulto. É toda uma estrutura para que a criança ou adolescente sinta-se confortável e possa expor o seu problema como vítima ou testemunha e não mais diante de um juiz, promotor ou delegado. Essas crianças têm uma sala especial e são entrevistadas por uma psicóloga ou pedagoga. Não fazem mais o interrogatório como antigamente. É colher o relato livre dessa criança ou adolescente”.

André Torres, do Conselho Tutelar da RPA1, exibiu um material colhido de postagens no Facebook. “Observamos a intolerância religiosa, homofobia e racismo. Inicialmente a ideia do Facebook era relacionar-se socialmente com as pessoas, só que hoje não percebemos isso. Estamos sempre conversando com as famílias nas Regiões Político Administrativas (RPA’s) sobre vários assuntos relacionados, como a questão da exposição de imagens desnecessárias e de mensagens erradas que são publicadas”.

Francisco Ferreira, representante das escolas privadas do Recife, enalteceu o papel da escola e confessou que a violência é muito grande nas de redes sociais. “Famílias estão sendo atingidas e mais importante do que a medida coercitiva é a prevenção que irá trabalhar a conscientização. A escola é uma mini sociedade de crianças e adolescentes que estão no período de formação. Esses locais preparam cidadãos para os valores humanos. Nas unidades privadas religiosas têm a preocupação de combater o bullying e cyberbullying porque pregam a solidariedade e o amor. As que não são confessionais em sua maioria não trabalha porque ainda não existe a devida conscientização”.

Coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Escolar (Neve), da Secretaria de Educação do Recife, Rossana Tenório explicou as ações da pasta. “Nosso trabalho é intersetorial onde buscamos especialistas, montamos uma rede e propomos ações e projetos de prevenção à violência. Atendemos demandas para o bom funcionamento escolar e disseminamos a cultura de paz nos ambientes com o respeito ao outro em sua integralidade”. O cyberbullying, segundo Rossana Tenório, é trabalhado nos grupos de pré-adolescentes e adolescentes. “Essa ação tem ajudado com informações que são repassadas aos gestores e professores. Uma brincadeira no Facebook ou Whatsapp pode ser uma engraçada a para uns, mas para outra pessoa não”.

Segundo Rossana Tenório, a Secretaria de Educação desenvolve uma ação nas escolas em conjunto com o Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA). “É uma parceria que tem dado muito certo desde 2015 com a DPCA que atende  sempre em que há uma necessidade. O Departamento disponibiliza profissionais capacitados e que têm feito intervenções muito valorosas em nossas escolas. Alunos têm conseguido sentir que quando você trata o outro com empatia, você muda a si mesmo e o outro também".

Giselly da Silva, Chefe da Unidade de Apoio Técnico do Departamento da Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), confessou ser uma missão trabalhar com crianças e adolescentes e enalteceu o trabalho dos professores.  “Seria importante construir algum projeto visando amparar os professores que estão nas salas de aula acompanhando de perto os problemas. A escuta especializada nos casos de bullying e o cyberbullying é feita por um profissional que encaminha e dá a atenção de acordo com cada caso”. A representante do DPCA enfatizou o Programa Prevenção Legal, iniciativa realizada pela Secretaria de Educação em parceria com Secretaria de Defesa Social (SDS), que promove rodas de diálogo sobre o combate à violência e ao bullying dentro das escolas.

Patrícia Barbosa Leão, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB/PE, disse que no segundo semestre de 2019 será implementada a OAB nas Escolas. “O objetivo é o de conscientizar e esclarecer os problemas vividos nas escolas e nas famílias. Serão várias palestras”. Segundo Patrícia Leão é importante debater as questões nas unidades de ensino. Ela disse que o diálogo com os filhos tem que ser permanente e os pais deem atenção em relação às redes sociais dos filhos. “Um exemplo nos dias de hoje é o de que as redes sociais evidenciam um corpo perfeito e isso é impossível. As adolescentes não se veem mais e a autoestima cai e pode haver até depressão”.

Em 21.05.2019 às 13h.