Audiência discute política municipal de combate ao crack

“No Brasil, o crack está presente em 97% dos municípios mas 91% deles não têm política pública de enfrentamento a este tipo de droga”. Os dados foram apresentados pelo vereador Luiz Eustáquio (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara e da Frente Parlamentar de Combate ao Crack, que promoveu na manhã desta quinta-feira (12) no Plenarinho da Casa, uma audiência pública sobre a política municipal de combate ao crack e o funcionamento das Comunidades Terapêuticas no Recife.

Luiz Eustáquio também informou que em 2005 havia 60 mil
usuários da droga em Pernambuco e a estimativa é de que este número tenha triplicado. “Tem garotos de 10 anos de idade já consumindo crack e a rede de acolhimento não tem espaço para atender mulheres e crianças”, alertou o vereador. Para o secretário de saúde da Prefeitura do Recife, Gustavo Couto, o
crack é um problema da sociedade brasileira. “O grau de dificuldade para quem quer sair da dependência é muito grande”, completou.
Em seu depoimento, o presidente da Federação Pernambucana de
Comunidades Terapêuticas, Fabrício Feldman, disse que a epidemia do crack no país existe há 15 anos e que 70% dos usuários morrem, em média, até sete anos após a dependência, em grande parte por conta da violência inserida no mundo da droga. “Acredito que muitas comunidades terapêuticas não atendem a todas as exigências da Vigilância Sanitária mas, ao mesmo tempo, elas recebem pouquíssimas verbas do Governo”, afirmou.”O que a gente quer é evoluir, se aperfeiçoar para poder proporcionar um melhor atendimento à população”, concluiu.
Técnicos da Secretaria de Saúde do Recife fizeram uma
apresentação do “Programa + Vida”, criado em 2004 e que definiu uma política para o álcool e outras drogas. Dividido em Atenção Básica, Assistência à Saúde (com atendimentos através dos CAPS, programas de albergues, consultório de rua e desintoxicação), Educação e Formação Permanente e Pesquisas sobre o uso da
droga. Já o Plano Municipal de Atenção ao Crack, que tem a participação de 11 secretarias, deve capacitar mais 800 pessoas para atuar no Programa.
O crescimento do consumo do crack em Pernambuco é comprovado
através dos dados apresentados pela Secretaria de Defesa Social. De acordo com o delegado Luiz Andrei Oliveira, gestor do Departamento de Repressão às Drogas, em 2008 foram apreendidos 16
kg de crack no Estado. Em 2010, a soma das apreensões
realizadas pelas polícias civil e militar chegou a 450 kg. “A parte preventiva precisa ser fortalecida”, disse ele, acrescentando que “prevenção e repressão precisam sempre ter uma atuação conjunta". O representante da Secretaria Estadual de Saúde, Flávio Campos, informou que o Governo lançou no ano passado o Plano de Enfrentamento ao Crack, com a participação de várias secretarias. “Temos um monitoramento regular, semanal para fazer com que as ações prossigam”, disse Campos. “As
Comunidades Terapêuticas têm demandado do Estado uma maior qualificação e vamos atendê-las oferecendo mais cursos”.
O vereador Luiz Eustáquio ainda divulgou que as Comunidades
Terapêuticas oferecem hoje cerca de 600 leitos para acolhimento e tratamento dos dependentes do crack em Pernambuco e defendeu a criação de uma coordenadoria, ligada ao gabinete do prefeito, que junte todas as políticas praticadas pelas secretarias e uma unidade específica que encaminhe o paciente para uma unidade da Rede de Acolhimento. “Acredito que isso fortaleceria o trabalho”. Também participaram da audiência os vereadores Maré Malta (PPS) e Jadeval de Lima (PTN).