Reunião na Câmara discute arborização urbana do Recife

O problema da arborização no Recife – o replantio, a poda, a erradicação de árvores, além de temas correlacionados – foi tema de uma reunião pública na manhã desta quinta-feira (17) no plenarinho da Câmara do Recife. Requerido pela vereadora Marilia Arraes (PSB), o evento reuniu diversos representantes do poder público e da sociedade civil.

Ao fim da reunião, Marilia Arraes fez um balanço sobre o que foi discutido. “Foi um tema que durante o ano a gente colocou muito o mandato para fiscalizar. Víamos podas que aos olhos de um leigo estavam sendo excessivas, e também a erradicação de árvores. Chamamos essa audiência pública para escutar a versão oficial e a da sociedade civil. A conclusão que chegamos aqui é que falta transparência e articulação entre os entes da prefeitura e até mesmo com a Celpe, que é uma empresa privada mas que efetiva esse tipo de serviço de poda de árvores. Essa intervenção precisa ser contextualizada com outras áreas, não somente com a engenharia agronômica, a biologia ou com o social”. Segundo a vereadora, as discussões não vão parar após a reunião. “Nós vamos discutir durante a tarde. A gente tem a ideia de propor um projeto de lei”.

Representando a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, o gerente geral de controle ambiental da prefeitura, Edson Simões, falou sobre a atuação da pasta. “Hoje temos um quadro técnico responsável que vai atrás de denúncias, além dos plantios. Temos as compensações que são feitas na cidade. Em 2015, chegamos a mais de 1200 árvores plantadas e isso pode chegar a mais de 2000. De 2013 para cá, a secretaria já plantou mais de dez mil árvores”.

A diretora de Parques, Praças e Áreas Verdes da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Gabriela Freitas, comentou o trabalho realizado pelo órgão público no que diz respeito à arborização. “A Emlurb procura lidar da maneira mais técnica possível com o arboreto da cidade. Nós somos uma empresa cujo objetivo é fazer a manutenção e arborização do Recife, tanto plantando quanto mantendo. E manter significa podar, e quando necessário, erradicar. A gente faz tratamento fitossanitário quando é possível, procuramos fazer as podas necessárias, o que é um trabalho que não é fácil na cidade do Recife. Existem situações em que a população solicita a erradicação. Mas se não existir uma recomendação técnica, a gente não erradica”.

O gestor de meio ambiente da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) Thiago Dias deu detalhes da postura da empresa quanto à poda de árvores. “A Celpe foi atrás do que há de melhor no mercado. Temos uma empresa para fiscalizar todo o serviço de poda. E temos feito um diagnóstico: toda árvore que está embaixo da rede a gente tem levantado para apresentar à prefeitura. Temos uma autorização de poda e não erradicamos árvores. Estamos de acordo com as exigências dos órgãos ambientais”. Quando a discussão se encaminhou para a questão do embutimento subterrâneo dos fios elétricos, Dias afirmou que a operação é um desejo da companhia, mas que o assunto é complexo. “É um interesse da distribuidora, mas não é só abrir e colocar a fiação. Existe a necessidade de um comitê, porque envolve a Celpe, as companhias de telefone, a iluminação da Emlurb. A lei existe, mas não foi regulamentada ainda”.

O integrante da rede Meu Recife Fernando Holanda salientou a atenção pública que o problema da arborização tem despertado. “Existe uma grande mobilização de vários cidadãos nas redes e nas ruas criticando as podas e erradicações que têm sido feitas. Nós nos mobilizamos junto com essas pessoas para que, primeiro, o poder público seja capaz de esclarecer porque essas intervenções são realizadas e, depois, para a gente pensar qual é o conceito de meio ambiente que temos para a cidade”. Holanda também propôs alguns encaminhamentos para a reunião, como a regulamentação da lei que prevê o embutimento da fiação e um pedido de informações sobre as mudas plantadas pela prefeitura que restaram vivas. “Um terceiro encaminhamento foi uma sugestão de lei para a vereadora Marilia Arraes para que se disponibilize ao cidadão um inventário com o histórico de manutenção dos indivíduos arbóreos da cidade”.

A professora universitária e ativista Tereza Maciel discutiu, com a ajuda de uma apresentação virtual, questões de gestão e saúde pública. “A Organização Mundial da Saúde pleiteia a questão do habitat. O Recife está se tornando um cemitério de árvores. Precisamos de pessoas humanas que se qualifiquem para resolver o problema de uma cidade doente”. Segundo Maciel, o problema não será resolvido por meio de um gerenciamento que não privilegie a articulação. “A cidade vai se tornando cenário de interferências desconectadas com o meio ambiente, com o cidadão, com o campo, com o contexto social. Os técnicos precisam ir a campo”.

Em 17.12.2015, às 14h20