Audiência pública debate construção de habitacional no terreno do Aeroclube

A vereadora Ana Lúcia (PRB) realizou audiência pública nesta quarta-feira, 24, para discutir o déficit de moradias no Recife partindo da promessa até o presente não realizada pelo poder público de construção de um habitacional no terreno do Aeroclube, localizado entre o bairro do Pina e o chamado Parque dos Manguezais. “Esta audiência surgiu de uma demanda da população que procurou o meu gabinete para que nós lutássemos pelo direito à moradia. As pessoas são moradoras da região onde está localizado o terreno e eu as conheço, pois antes de ser vereadora, trabalhei naquele bairro. Nós temos que dar uma resposta àquelas famílias que não têm onde morar”, disse. O plenarinho da Câmara Municipal do Recife ficou lotado de trabalhadores sem-teto, lideranças comunitárias e militantes dos direitos urbanos.

A discussão sobre o terreno do antigo Aeroclube, no Pina, segundo Ana Lúcia, tem deixado a comunidade do Bode (vizinha da área) em estado de expectativa. O espaço é calculado em 21 hectares e já teve um canteiro de obras instalado em 2016. Mas ele foi desativado e as obras de um conjunto habitacional – promessa da primeira gestão do prefeito Geraldo Julio – sequer foram iniciadas. Enquanto isso foi lançado um movimento pedindo a construção de um parque verde no mesmo terreno. “Não somos contra o lazer e defendemos que a população também tem esse direito sagrado. Mas, a questão da moradia é prioritária. Entre as pessoas que me procuraram, muitas são moradoras de palafitas e vivem em situação de risco. Achamos que é possível uma solução que atenda aos dois interesses, de moradia e do parque”, defendeu Ana Lúcia.

Fizeram parte da audiência pública o secretário de Infraestrutura e Habitação do Recife, Roberto Gusmão; o presidente da URB-Recife, João Alberto Faria; a diretora de Habitação da URB, Norah Neves; o coordenador do Habitacional Salamanta (Pina), Samuel Costa; o engenheiro Teógenes Leitão e o militante do movimento de Reforma Urbana, Felipe Cury. Estiveram presentes, ainda, os vereadores Aline Mariano (PMDB), líder do governo na Câmara e Wanderson Florêncio (PSC). “Esta audiência pública trata de um assunto muito importante, que é a questão habitacional, uma prioridade do prefeito Geraldo Julio. E a área do antigo aeroclube é tão importante que ele criou um grupo executivo para estudar o que fazer naquele terreno”, disse o presidente da URB. O grupo, acrescentou, é liderado pelo engenheiro Teógenes Leitão.

O secretário Roberto Gusmão disse que o grupo deverá divulgar, até o final deste ano, o plano de ocupação para a área, que tem o equivalente a 20 campos de futebol ou 418 mil metros quadrados. Desse total, 210 mil metros quadrados são de terra firme e o restante é área de manguezal e de proteção ambiental.  “Por enquanto estamos ouvindo as demandas, discutindo todas elas e não fechamos o plano, que será divulgado pelo prefeito”. Ele reconhece, porém, que a área é grande e cabe um habitacional, tem área de parque urbano e até para serviços que venham a beneficiar a população. A vereadora Ana Lúcia pretende se reunir com os moradores do Bode e informar sobre os resultados da audiência pública, inclusive dizer às pessoas que o prefeito quer anunciar sobre os destinos do terreno até o final do ano.

Norah Neves afirmou que o projeto inicial previsto para aquela área era de um habitacional com 108 unidades, mas que ele foi desativado para permitir um aumento do número de moradias. Ela também informou que o déficit habitacional do Recife hoje permanece o mesmo que está no site da Prefeitura do Recife desde 2015 e que foi “sistematizado a partir de várias áreas críticas”. Este déficit está em torno de 62 mil unidades habitacionais, o que representa 240 mil pessoas. Ainda segundo ela, existem dois tipos de déficits, um quantitativo e outro qualitativo. O primeiro é o que representa a quantidade de moradias. O segundo, de pessoas que têm onde morar, mas cujas casas ou apartamento não dispõem de infraestrutura. E precisam de um lugar digno para morar. O déficit dessas últimas, no Recife, é multiplicado por três do quantitativo.


Em 24.10.2017, às 13h05.