Audiência pública debate multas de trânsito

A quantidade de multas de trânsito aplicadas nas ruas do Recife foi o foco da audiência pública promovida pelo vereador Jurandir Liberal (PT) na manhã desta quinta-feira, 20. “Como parlamentar e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Trânsito tenho acompanho, principalmente, a mobilidade e a preocupação das pessoas no deslocamento de casa para outro lugar. Fico preocupado com a situação do pedestre, do motorista, do ciclistas e do motociclistas. No primeiro semestre do ano, segundo o Detran, tivemos cerca de 667 mil veículos cadastrado. Nesse período, 421 mil multas foram aplicadas, a maioria por excesso de velocidade. Em uma cidade que o trânsito é quase parado, questionamos como pode ter tantas multas por excesso de velocidade”.

Jurandir Liberal pediu atenção à gestão municipal para aumentar o limite de velocidade da Via Mangue e, também, mudar o limite de 30 quilômetros no Bairro do Recife. Além disso, o parlamentar destacou o problema da sinalização em algumas ruas. “Em Boa Viagem, por exemplo, a permissão é de 60 quilômetros e existe todo um processo de educação com diversas placas. Só não vê quem não quer. Mas, quando chega na Avenida Recife, em torno da BR, só tem um indicador de 50 quilômetros do lado esquerdo, a pessoa não consegue ver, se estiver encoberta pelo carro do lado”. Outro ponto destacado pelo vereador foi a prioridade de investimentos no transporte coletivo.

A presidente da CTTU, Taciana Ferreira, disse que com o aumento da quantidade de veículos foi preciso pensar soluções para melhorar a mobilidade. “Ao mesmo tempo em que houve crescimento do número de veículos, o crescimento da população foi inversamente proporcional. Não tem como equacionar se não for por diretrizes que buscam a mobilidade das pessoas e não a dos veículos”. Taciana Ferreira ressaltou que o foco da fiscalização é a redução de acidentes e não o ganho de dinheiro com multa. “A lei determina que toda receita com trânsito não pode ser usada em nada além da gestão de trânsito”. Hoje, são utilizados 153 equipamentos de fiscalização eletrônica no Recife. “Todos os equipamentos instalados são antecedidos de um projeto. A resolução diz os critérios que o órgão responsável pode implantar”.

Sobre a Via Mangue, a presidente da CTTU falou que “a via, além de ser expressa, estimula uma velocidade acima do permitido, o que potencializa a chance de acidente fatal. As pessoas precisam entender que aumento de velocidade não é aumento de fluidez, mas o aumento constante é”. E, sobre a Zona 30, Taciana Ferreira explicou que surgiu pela necessidade dos pedestres que transitam na área. “O Bairro do Recife é uma ilha em que os pequenos deslocamentos ficam próximos. A partir do momento que houve o aluguel de bicicletas, o deslocamento foi crescente e surgiu o desejo de implantar ciclovias e ciclofaixas. Começamos a olhar as soluções dadas em outras cidades e encontramos um ponto pacífico à utilização por carros, bicicletas e pedestres. Fizemos a redução de velocidade inclusive no transporte público, na Marques de Olinda, e fechamos a Avenida Rio Branco apenas para pedestres. É um projeto que pretendemos implantar em outras áreas da cidade”.

O líder do governo, Gilberto Alves (PTN), participou da Comissão Especial de Mobilidade Urbana na gestão passada e é autor do projeto de lei que determina sobre a restrição do uso de veículos em determinadas vias e horários. “Houve um grande estudo para desenvolver o projeto, mas já gerou muita polêmica. As pessoas reagem mal”. A medida tem o objetivo de diminuir a quantidade de veículos em horários de grande fluxo. “Cerca de um milhão e meio de veículos circulam no Recife. É fisicamente impossível comportar essa quantidade nas vias como ocorre hoje”. Sobre as multas, o parlamentar disse que “o foco não pode ser a multa, mas precisa ser a infração, as pessoas que estão infringindo a lei”.

Em 20.08, às 15h01