Audiência Pública debate o fortalecimento do movimento brega no Recife
Ritmo predominante em todas as faixas etárias da população local, o brega domina o cenário nos últimos 25 anos, passando por diversas fases e gerações de artistas, entusiastas e ativistas do movimento. E hoje já fazendo parte da cultura no estado de Pernambuco. O pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, Antônio Lira, enfatizou os grandes números que o ritmo movimenta e pontuou que a música chega a todas as camadas sociais. “São 400 artistas, 60 casa de shows, conseguindo gerar emprego e movimentar o comércio. Está presente desde os anos 70 na vida de muitas pessoas e é impossível você morar no Recife e ser imune a um ritmo que vem sendo tocado nas festas de diversas camadas sociais”. Antônio Lira disse que o ritmo é uma cultura que conta a história dos romances e tensões sociais existentes na cidade do Recife. "Entender a historia do brega é entender a cidade e suas tensões”.
Representando os artistas, a cantora Palas Pinho pontuou que o ritmo merece ser respeitado como um movimento cultural e sugeriu à gestão a criação de um polo na época do carnaval. “Seria um reconhecimento de todo os responsáveis pela cultura. E queremos, sim, entrar na grade de eventos da cidade. Merecemos um polo no carnaval. Seria mais uma conquistas nossa. Fazemos parte de um movimento que não depende de uma época do ano. Agradeço o convite para participar da audiência e gostaria de pedir para a Prefeitura esse espaço no carnaval”.
O secretário executivo da Fundação de Cultura do Recife, Eduardo Vasconcelos, ressaltou que os polos de animação do carnaval dependem de patrocinadores e disse que a força do brega é gigantesca. “É um importante movimento de representatividade. Ninguém respira mais cultura do que o Recife. A gente precisa dar um passo para frente objetivando o reconhecimento dessa luta”. Eduardo Vasconcelos enfatizou que a Prefeitura estabeleceu um piso “para que os artistas recebessem em acordo com a burocracia do Tribunal de Contas. A Prefeitura está de portas abertas para que a gente converse ainda mais e que possamos construir uma forma de estar com vocês e que o artista se habilite, fique pronto, para poder compor a grade dos ciclos e programações dos projetos da cidade do Recife”.
A representante da Fundação de Cultura do Recife, Iana Claudia Marques, assinalou que o brega representa uma força cultural. “E temos que pensar o brega enquanto movimento, sim. É gigantesco e essa audiência pública pode ser o início dessa construção. Coloco-me à disposição como militante cultural. São 400 artistas envolvidos, desde quem faz o figurino até o próprio cantor ou cantora. Vocês são muito maiores do que o nosso carnaval e os números estão aí. Tem que trazer esse movimento mais legalizado porque vocês compõem 70% do show business”.
O secretário executivo de Projetos Estratégicos, Nerivaldo Bezerra, lembrou que a música brega precisa ser tratada como uma atração turística. “Tem que vender nossos artistas como atrativos turísticos. É necessário haver um entendimento entre os empresários das casas de shows para isso. É dizer para a população que uma vez por mês- ou outro período estabelecido- haverá um evento certo no calendário e que o mesmo seja divulgado nos hotéis. Não tenho dúvida de que quando montar um festival do brega vai lotar. O segmento mais forte no Recife é o brega”.
Em 19.12.2018 às 11h59h.