Audiência pública debate plano de contingência para inverno no Recife
Raul Jungmann resolveu propor a formação de uma comissão especial para que a Câmara Municipal acompanhe e fiscalize a execução do Plano de Contingência da Prefeitura do Recife. O Plano de Contingencia é o planejamento tático lançado pelo prefeito Geraldo Júlio, no Alto do Maracanã, no dia 28 de março, com o princípio de salvar vidas e minimizar as situações críticas provocadas pelas chuvas em localidades onde se encontram a população residente em áreas de risco. “Logo, é importante conhecer as ações preventivas, emergenciais e de assistência, que foram traçadas e definidas pelo Executivo”, afirmou o vereador. O vereador realizou a audiência pública motivado, entre outras coisas, por uma pesquisa de doutorado da especialista em clima do Instituto de Tecnologia de Pernambuco, Itep, Verônica Meira. O levantamento comprova que, entre os anos de 1961 e 2008, aumentou o nível dos chamados eventos extremos, as tempestades, no Recife, agregando sérios problemas por causa da geografia da cidade.
Durante a audiência pública ele apresentou vídeo com um estudo sobre a situação de alguns canais da cidade. O material foi produzido pela equipe do gabinete e mostrou que os problemas mais evidentes encontrados foram a grande quantidade de lixo, mato alto, carcaças de carros, entre outras situações. No vídeo apresentado Raul Jungmann faz uma análise da falta de educação das pessoas que ainda continuam poluindo esses locais, principalmente nos canais do Arruda, Caiará e São Mateus, esses últimos localizados no bairro da Iputinga. Fizeram parte dos debates o secretário Executivo de Defesa Civil da Prefeitura do Recife, tenente-coronel Adalberto Freitas Ferreira; o tenente-coronel Caio Hercílio Oliveira de Souza, chefe do Centro de Resposta a Desastre do Corpo de Bombeiros de Pernambuco; e o assessor técnico da presidência da Emlurb, Antônio Valdo de Alencar.
No período chuvoso, em anos anteriores, o Recife foi atingido por temporais diariamente por semanas a fio. Com base nas ocorrências, o Plano de Contingência foi elaborado. “Analisamos, no ano passado, as ocorrências de 2012 e nos organizamos para enfrentar as chuvas expressivas de 2013. Houve chuvas acima da média, com alguns deslizamentos. Para este ano, começamos a trabalhar mais cedo, desde janeiro, com uma estrutura maior e mais pessoas nas equipes de prevenção e conscientização”, disse o coronel Adalberto. São 180 agentes operacionais que, todo sábado, vêm trabalhando em mutirões da Defesa Civil. São diversos profissionais como técnicos em edificações, educadores, pessoal de limpeza, entre outros, que passam o dia numa comunidade considerada de risco realizando ações do tipo porta a porta, palestras, instalando lonas plásticas em áreas de deslizamento, corte de árvores e cadastrando famílias.
Ao fazer apresentação do Plano de Contingência, ele disse que em 2013 foram realizadas 9.878 vistorias em áreas de risco, mas que elas estão sendo intensificadas. Já ocorreram 18.333 e a meta é chegar a 20 mil. Se no ano passado foram aplicadas 7.298 lonas plásticas nos morros para diminuir os deslizamentos de barreiras, de janeiro até hoje o número já chegou a 9.500. “Foram instalados 900 mil metros de lona somente este ano”, garantiu. Uma nova tecnologia, a geo manta, que substitui as lonas plásticas, está sendo testada. “É uma manta flexível, que tem dado certo em revestimentos de canais de irrigação e com certeza funcionará melhor que as lonas plásticas. Elas impedem que o terreno seja encharcado e que a água escorra sem ocorrerem os desabamentos. Além disso, a durabilidade é maior”, afirmou. As geo mantas já foram instaladas em duas comunidades do Recife (Vila dos Milagres e Alto do Maracanã) e a meta é atingir 250 pontos ainda este ano, com investimentos de R$ 5,9 milhões. O tenente-coronel explicou ainda que vêm sendo feita a limpeza de canais, canaletas e galerias, em parceria com outros órgãos da Prefeitura do Recife.
O tenente-coronel Caio Hercílio Oliveira de Souza, do Corpo de Bombeiros, explicou que a corporação tem um plano chamada Operação Inverno, que é anual e serve para todo o Estado. A parte de preparação, assistência e recuperação fica com a Defesa Civil e os bombeiros são chamados para atuar nas consequências das chuvas. “Todo o nosso efetivo está preparado, com equipamento e treinamento atualizado. Nossos agentes estão qualificados para trabalhar em situações de deslizamentos de encostas e de resgate em áreas inundadas”, afirmou. A preparação do efetivo tem servido, inclusive, de exemplo para corporações de outros estados nordestinos, que vêm para o Recife fazer os mesmos treinamentos. “Trabalhamos com informações. Sabemos que os períodos mais críticos vão de final de maio e durante o mês de junho. Todo o pessoal está à disposição e de sobreaviso. Inclusive, se preciso, trabalharemos com os ‘cinturões de segurança’ que são os reforços de grupamentos do interior, se for necessário”, afirmou.
Em 09.04.2014, às 12h50.